São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2011

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Música

Cantora Feist se apropria do silêncio em seu novo álbum

Lançado após 4 anos de hiato, disco foi gravado em pequeno estúdio em Paris e num celeiro na Califórnia

"Eu precisava que houvesse silêncio para que pudesse voltar a compor, sem ninguém me cobrando", diz ela

DE SÃO PAULO

Depois da tempestade, vem a calmaria. A cantora canadense de indie pop Feist se tornou estrela da noite para o dia com o hit "1,2,3,4".
A música estourou mundialmente ao servir de jingle para um comercial da Apple e se tornou o single mais vendido do iTunes em 2007. A personalidade introspectiva e sua voz delicada, porém, não suportaram a pressão que sucedeu "The Reminder" (2007), disco que trazia a canção, e Feist resolveu, por si própria, sair de circulação.
"Quando cheguei ao final da turnê, literalmente entrei em colapso e desmaiei com a minha maleta ao lado", recorda Leslie Feist, 35, em entrevista à Folha.
Passados quatro anos, Feist lança "Metals", álbum que não só explora primorosos arranjos de metais, como o título sugere, mas se apropria da busca interior que a artista experimentou.
"Eu precisava que houvesse silêncio para que pudesse voltar a compor, sem ninguém me cobrando, até soar natural novamente." Em 2010, Feist passou meses enfurnada em uma edícula construída nos fundos de sua casa, em Toronto, trabalhando em esboços de canções. Quando reuniu material suficiente, voltou ao pequeno estúdio em Paris onde gravou "The Reminder", para finalizar suas ideias.
Depois completou as gravações com sessões ao vivo, num celeiro em Big Sur, região pouco populosa no centro da Califórnia. "A ideia não foi isolar o áudio, mas sim permitir que se escutasse aquele ambiente e o estado de espírito das pessoas envolvidas", afirma.
Ainda na linha intimista, "Metals" é um disco menos melódico e consideravelmente mais denso do que seus álbuns anteriores. Em faixas como "Cicadas and Gulls", é possível absorver o momento de bonança nos longos espaçamentos entre as notas e, principalmente, nos vocais etéreos e sussurrados da cantora. No refrão de "Comfort Me", Feist reproduz o canto de uma ave. A cantora se isolou até da música pop. Mal conhece a atual safra de cantoras indie que ajudou a impelir, de Florence Welch a St. Vincent.
"Recentemente fui apresentada à [cantora] Austra e não acreditei que ela era de Toronto. Conto com os meus amigos para conhecer música nova." Mesmo a não tão nova, ela sorve devagar: "Só agora passei a conhecer Bob Dylan com profundidade", completa. (CARLOS MESSIAS)

METALS
ARTISTA Feist
GRAVADORA Universal
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