São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2006

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"Ídolos" cresce, mas ainda busca o sucesso

SBT grava a segunda edição do "reality show" musical, fenômeno nos EUA

Jurados do programa tentam revelar um cantor de rock e reclamam que calouros cantam as mesmas músicas em todo o país

DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA

O SBT encerrou quinta-feira em Florianópolis as gravações da primeira fase da segunda edição de "Ídolos", a das audições, aquela em que os jurados esculacham os calouros.
O "reality show", que estréia em março, ficou maior (terá oito programas a mais do que em 2006), melhor tecnicamente (estão sendo usados equipamentos digitais) e mais caro -custará mais de R$ 13 milhões. Mas ainda persegue a busca de um vencedor que honre o nome do programa e se torne um sucesso nacional, como ocorreu nos EUA, com o original "American Idol".
Os quatro jurados de "Ídolos" -Cynthia Zamorano, Carlos Eduardo Miranda, Thomas Roth e Arnaldo Saccomani- estão obcecados pela idéia de revelar um cantor de rock e reclamam que a maioria dos calouros só canta MPB, quase sempre as mesmas músicas.
A pedido da Folha, a produção do programa fez um levantamento das músicas mais cantadas pelos candidatos nas cinco cidades em que foram feitas audições (Salvador, Belém, Belo Horizonte, Campinas e Florianópolis). Músicas interpretadas por Ana Carolina, Jorge Vercilo e O Rappa lideram o ranking (veja quadro).
"Isso me deixa muito triste. Dá a sensação de que o pessoal ouve a mesma rádio no país inteiro. Acho que só ouvi umas 30 músicas diferentes no programa até agora", desabafou a cantora Cynthia Zamorano, a Cyz, num intervalo das gravações em Campinas, dia 16.
"Parece que todo mundo tem o mesmo CD. Já me peguei cantando músicas que só ouvi nas gravações", reforça Daniela Beyruti, diretora de "Ídolos" (e filha de Silvio Santos). Cyz explica sua obsessão por um cantor de rock. "Não veio um bom até agora. Eu queria passar um, mas não aparece. O cara vem vestido de roqueiro, mas canta Jorge Vercilo", diz, frustrada.
"O nível dos candidatos melhorou [em relação a "Idolos 1'], mas tem muito cantor de MPB, que são para outros programas", lamenta o produtor musical Saccomani. "Eu não acho [que o nível melhorou]. Tem mais gente que canta bem do que antes, mas no outro "Ídolos" havia personagens mais diversificados", discorda o compositor Thomas Roth.

15 mil candidatos
As gravações do segundo "Ídolos" começaram em outubro, em Salvador. A produção, que tem 70 profissionais, ficou uma semana em cada cidade. Uma equipe chegava na semana anterior para preparar um hotel para receber equipamentos, como câmeras e tapadeiras (cenários), distribuídos em dois caminhões -enquanto um estava em uma cidade, o segundo já rumava para outra.
As inscrições foram limitadas a 3.000 pessoas por cidade, totalizando 15 mil candidatos (contra 12 mil no anterior). No sábado, todo esse contingente era cadastrado em um programa de computador desenvolvido para "Ídolos".
No domingo, os 3.000 inscritos eram ouvidos por produtores em dez tendas. Os que passavam por essa "peneirada" voltavam na segunda e na terça, para serem ouvidos pelos diretores do programa. "A gente não pode deixar de passar os bons. Do resto, a gente tira uma amostra", conta a diretora Daniela. Nesse "resto" estão os candidatos engraçados, os que são escorraçados pelo júri.
Os cerca de 250 que passam por essa segunda "peneirada" retornam na quarta e na quinta para as audições, que são registradas por dez câmeras. Desses, cerca de 50 candidatos por cidade são aprovados para a segunda fase, a de apresentações em teatro -que ocorrerão daqui a duas semanas no Sérgio Cardoso, em São Paulo.



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