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"Ídolos" cresce, mas ainda busca o sucesso
SBT grava a segunda edição do "reality show" musical, fenômeno nos EUA
Jurados do programa tentam revelar um cantor de rock e reclamam que calouros cantam as mesmas músicas em todo o país
DANIEL CASTRO
COLUNISTA DA FOLHA
O SBT encerrou quinta-feira
em Florianópolis as gravações
da primeira fase da segunda
edição de "Ídolos", a das audições, aquela em que os jurados
esculacham os calouros.
O "reality show", que estréia
em março, ficou maior (terá oito programas a mais do que em
2006), melhor tecnicamente
(estão sendo usados equipamentos digitais) e mais caro
-custará mais de R$ 13 milhões. Mas ainda persegue a
busca de um vencedor que
honre o nome do programa e se
torne um sucesso nacional, como ocorreu nos EUA, com o
original "American Idol".
Os quatro jurados de "Ídolos" -Cynthia Zamorano, Carlos Eduardo Miranda, Thomas
Roth e Arnaldo Saccomani-
estão obcecados pela idéia de
revelar um cantor de rock e reclamam que a maioria dos calouros só canta MPB, quase
sempre as mesmas músicas.
A pedido da Folha, a produção do programa fez um levantamento das músicas mais cantadas pelos candidatos nas cinco cidades em que foram feitas
audições (Salvador, Belém, Belo Horizonte, Campinas e Florianópolis). Músicas interpretadas por Ana Carolina, Jorge
Vercilo e O Rappa lideram o
ranking (veja quadro).
"Isso me deixa muito triste.
Dá a sensação de que o pessoal
ouve a mesma rádio no país inteiro. Acho que só ouvi umas
30 músicas diferentes no programa até agora", desabafou a
cantora Cynthia Zamorano, a
Cyz, num intervalo das gravações em Campinas, dia 16.
"Parece que todo mundo tem
o mesmo CD. Já me peguei
cantando músicas que só ouvi
nas gravações", reforça Daniela
Beyruti, diretora de "Ídolos" (e
filha de Silvio Santos). Cyz explica sua obsessão por um cantor de rock. "Não veio um bom
até agora. Eu queria passar um,
mas não aparece. O cara vem
vestido de roqueiro, mas canta
Jorge Vercilo", diz, frustrada.
"O nível dos candidatos melhorou [em relação a "Idolos 1'],
mas tem muito cantor de MPB,
que são para outros programas", lamenta o produtor musical Saccomani. "Eu não acho
[que o nível melhorou]. Tem
mais gente que canta bem do
que antes, mas no outro "Ídolos" havia personagens mais diversificados", discorda o compositor Thomas Roth.
15 mil candidatos
As gravações do segundo
"Ídolos" começaram em outubro, em Salvador. A produção,
que tem 70 profissionais, ficou
uma semana em cada cidade.
Uma equipe chegava na semana anterior para preparar um
hotel para receber equipamentos, como câmeras e tapadeiras
(cenários), distribuídos em
dois caminhões -enquanto um
estava em uma cidade, o segundo já rumava para outra.
As inscrições foram limitadas a 3.000 pessoas por cidade,
totalizando 15 mil candidatos
(contra 12 mil no anterior). No
sábado, todo esse contingente
era cadastrado em um programa de computador desenvolvido para "Ídolos".
No domingo, os 3.000 inscritos eram ouvidos por produtores em dez tendas. Os que passavam por essa "peneirada"
voltavam na segunda e na terça,
para serem ouvidos pelos diretores do programa. "A gente
não pode deixar de passar os
bons. Do resto, a gente tira uma
amostra", conta a diretora Daniela. Nesse "resto" estão os
candidatos engraçados, os que
são escorraçados pelo júri.
Os cerca de 250 que passam
por essa segunda "peneirada"
retornam na quarta e na quinta
para as audições, que são registradas por dez câmeras. Desses,
cerca de 50 candidatos por cidade são aprovados para a segunda fase, a de apresentações
em teatro -que ocorrerão daqui a duas semanas no Sérgio
Cardoso, em São Paulo.
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