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Senado limita meia-entrada
Comissão aprovou projeto de lei que limita o benefício a 40% do total de ingressos em eventos
Proposta passa novamente
pelo Senado na próxima
semana, antes da Câmara;
pelo projeto, apenas idosos
e estudantes teriam
benefício
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os estudantes perderam ontem o primeiro embate pela
meia-entrada no Congresso,
após a Comissão de Educação,
Cultura e Esporte do Senado
aprovar o projeto de lei que limita o benefício a 40% do total
de ingressos em cinemas, teatros, shows e eventos esportivos e de lazer.
A adoção de cota para venda
de meia-entrada passou na comissão por 14 votos a 7, sob forte pressão de artistas e produtores culturais.
Pelo projeto, a meia-entrada
fica assegurada apenas para
idosos e estudantes do ensino
básico e superior. Outras categorias beneficiadas por leis municipais ou estaduais, como
professores e funcionários públicos, perderiam o direito.
A proposta passará novamente pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte, na
próxima semana, antes de seguir para a Câmara.
Além de estabelecer a cota de
40% para meia-entrada, o projeto permite a criação, pelo
Executivo, de um conselho nacional de fiscalização, controle
e regulamentação da meia-entrada e da carteira estudantil.
Ontem, durante a discussão
no Senado, foi incorporada ao
projeto uma emenda do senador Augusto Botelho (PT-RR)
que abre uma brecha importante. O Executivo fica autorizado a indicar uma fonte de recursos para ressarcimento dos
produtores culturais em função da meia-entrada.
Essa era uma das reivindicações da classe artística, desde
que o projeto começou a tramitar na Casa. A medida, no entanto, não tem apoio do governo federal, conforme adiantou
o ministro Juca Ferreira (Cultura) na semana passada, quando também se manifestou favorável à adoção de cota para
meia-entrada.
Divisão
A votação no Senado foi novamente marcada pela divisão
entre os estudantes e os artistas
e produtores culturais. Com camisetas e bandeiras, os estudantes tentavam pressionar
pela retirada da cota de 40% do
projeto de lei. Artistas e produtores também aplaudiam ou reclamavam. O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que estava dividido.
"Na minha época, artistas e
estudantes ficavam do mesmo
lado", disse. "Em anos de Senado, nunca havia visto isso."
Após a aprovação do projeto,
o grupo que representava a
classe artística se abraçou e
aplaudiu os senadores. O ator
Wagner Moura afirmou que o
resultado no Senado foi uma vitória, mas disse que eles se mobilizarão para que a votação na
Câmara seja rápida.
"Nenhum de nós é contra a
meia-entrada. O que não é justo
é o setor cultural arcar com isso
sozinho", disse.
A presidente da UNE (União
Nacional dos Estudantes), Lúcia Stumpf, afirmou que a entidade vai mobilizar-se para tentar alterar o texto na Câmara.
"Não houve derrota dos estudantes", disse. "Agora vamos
procurar reverter isso. Somos
favoráveis à regulamentação da
carteira estudantil, mas não admitimos que um direito dos estudantes, conquistado há tanto
tempo, seja limitado."
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