São Paulo, quinta-feira, 26 de novembro de 2009

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Imprensa é paga para mentir, diz ministro

Juca Ferreira afirma que polêmica sobre panfletos pagos por sua pasta é um "factoide" e que impressão foi legítima

Para ministro, oposição criou crise sobre assunto por temer que Vale-Cultura, do governo federal, seja utilizado para promoção de filme sobre Lula

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro Juca Ferreira defendeu ontem a divulgação de impresso com nomes de deputados que supostamente defendem a cultura, classificando de "absolutamente" legítimo o governo ter financiado o material, responsabilizou a oposição por criar um "factoide" e atacou jornalistas, a quem chamou de "pagos para dizer mentira".
O ministro atribuiu as queixas contra o folder com 250 nomes de parlamentares a uma reação da oposição ao crescimento de Dilma Rousseff (pré-candidata governista à Presidência) nas pesquisas eleitorais, além da tentativa de prejudicar a votação do programa do governo federal Vale-Cultura.
Anteontem, durante a sessão para votação do vale -cartão magnético, com saldo de até R$ 50 por mês, por trabalhador, a ser utilizado no consumo de bens culturais- Ferreira havia negado que o ministério tivesse produzido e mandado imprimir o material.
Horas após a negativa dele, a pasta admitiu a produção de 4.500 cópias, ao custo de R$ 11 mil. Ontem, em nota, o ministério rechaçou que o material tenha características de propaganda eleitoral.
Ontem, questionado por que a pasta acabara reconhecendo que havia mandado produzi-lo, Ferreira perguntou: "Que material?". "O folder". "Que folder?". "O folder como o nome dos deputados", especificaram os jornalistas. "Só vou dizer isso: criaram um factoide e vocês são vítimas desses factoides. Eles criaram isso para atrasar a votação do vale, porque acreditam que está sendo criado para promover o filme do Barreto [Luiz Carlos Barreto, diretor de "Lula, o filho do Brasil']."
Ferreira alegou que o material é suprapartidário por ser da frente parlamentar da cultura. "Não tem nada de ilegítimo. A frente não teria tempo de publicar e pediu pra gente publicar. Tem ofício. Publicamos e não tem nada de ilegítimo."
Questionado por que o material tinha nome de deputados, com dedo em riste para a repórter da Folha, afirmou: "Vocês estão comendo mosca. Tem o nome do Rodrigo Maia [DEM-RJ]. Você acha que vou fazer campanha para ele? Olhe nos meus olhos e diga".
Ao responder por que estava emocionado, o ministro disse: "Eu sou [emocional]. Meu pinto, meu estômago, meu coração e minha cabeça são uma coisa só". Afirmou que repassa recursos para todos os Estados, independentemente do partido político dos governadores, e concluiu, já de saída, olhando para os jornalistas: "Vocês são pagos para dizer mentira".
Ferreira esteve ontem no Rio para participar da cerimônia de lançamento do novo formato do programa de financiamento do BNDES à cultura, o BNDES Procult. O programa foi ampliado para atender projetos de preservação do patrimônio histórico, teatro, música, jogos eletrônicos, fonográfico, editorial e espetáculos. A verba é de R$ 1 bilhão até 2012.


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