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Imprensa é paga para mentir, diz ministro
Juca Ferreira afirma que polêmica sobre panfletos pagos por sua pasta é um "factoide" e que impressão foi legítima
Para ministro, oposição criou crise sobre assunto por temer que Vale-Cultura, do governo federal, seja utilizado para promoção de filme sobre Lula
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro Juca Ferreira defendeu ontem a divulgação de
impresso com nomes de deputados que supostamente defendem a cultura, classificando de
"absolutamente" legítimo o governo ter financiado o material,
responsabilizou a oposição por
criar um "factoide" e atacou
jornalistas, a quem chamou de
"pagos para dizer mentira".
O ministro atribuiu as queixas contra o folder com 250 nomes de parlamentares a uma
reação da oposição ao crescimento de Dilma Rousseff (pré-candidata governista à Presidência) nas pesquisas eleitorais, além da tentativa de prejudicar a votação do programa do
governo federal Vale-Cultura.
Anteontem, durante a sessão
para votação do vale -cartão
magnético, com saldo de até
R$ 50 por mês, por trabalhador, a ser utilizado no consumo
de bens culturais- Ferreira havia negado que o ministério tivesse produzido e mandado
imprimir o material.
Horas após a negativa dele, a
pasta admitiu a produção de
4.500 cópias, ao custo de R$ 11
mil. Ontem, em nota, o ministério rechaçou que o material
tenha características de propaganda eleitoral.
Ontem, questionado por que
a pasta acabara reconhecendo
que havia mandado produzi-lo,
Ferreira perguntou: "Que material?". "O folder". "Que folder?". "O folder como o nome
dos deputados", especificaram
os jornalistas. "Só vou dizer isso: criaram um factoide e vocês
são vítimas desses factoides.
Eles criaram isso para atrasar a
votação do vale, porque acreditam que está sendo criado para
promover o filme do Barreto
[Luiz Carlos Barreto, diretor de
"Lula, o filho do Brasil']."
Ferreira alegou que o material é suprapartidário por ser da
frente parlamentar da cultura.
"Não tem nada de ilegítimo. A
frente não teria tempo de publicar e pediu pra gente publicar. Tem ofício. Publicamos e
não tem nada de ilegítimo."
Questionado por que o material tinha nome de deputados,
com dedo em riste para a repórter da Folha, afirmou: "Vocês
estão comendo mosca. Tem o
nome do Rodrigo Maia [DEM-RJ]. Você acha que vou fazer
campanha para ele? Olhe nos
meus olhos e diga".
Ao responder por que estava
emocionado, o ministro disse:
"Eu sou [emocional]. Meu pinto, meu estômago, meu coração
e minha cabeça são uma coisa
só". Afirmou que repassa recursos para todos os Estados,
independentemente do partido político dos governadores, e
concluiu, já de saída, olhando
para os jornalistas: "Vocês são
pagos para dizer mentira".
Ferreira esteve ontem no Rio
para participar da cerimônia de
lançamento do novo formato
do programa de financiamento
do BNDES à cultura, o BNDES
Procult. O programa foi ampliado para atender projetos de
preservação do patrimônio histórico, teatro, música, jogos
eletrônicos, fonográfico, editorial e espetáculos. A verba é de
R$ 1 bilhão até 2012.
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