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"A Alegria" vai a Brasília após ter obtido elogios em Cannes
Filme de jovem dupla de realizadores flerta com o fantástico
ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Abre-alas de uma seleção
marcada por filmes de jovens
diretores, o longa-metragem
"A Alegria" aterrissou na tela
do Cine Brasília, na noite de
anteontem, com a chancela
da Quinzena dos Realizadores, do Festival de Cannes.
E não tem jeito. O convite
para a última edição do festival francês é o discreto troféu
que os diretores Marina Meliande e Felipe Bragança carregam pelo evento brasileiro.
"O filme foi muito bem recebido", diz Bragança. "O curador [da Quinzena] disse
que a maioria dos filmes brasileiros que chegam até ele
não o interessam, mas ele estava curioso com o nosso trabalho desde "A Fuga da Mulher Gorila". Ele disse que
nosso filme é um óvni."
"A Fuga..." é o primeiro
longa-metragem da dupla.
Feito em 2009, ainda não
conseguiu ser lançado. "A
Alegria" custou R$ 750 mil e
mobilizou só 25 pessoas.
"Queríamos filmar assim
mesmo, com uma estrutura
pequena, que nos desse uma
certa leveza", diz Meliande.
Juvenil na temática, "A
Alegria" tem familiaridade
com "Os Famosos e os Duendes da Morte". Mas o caminho cinematográfico que se
dispõe a percorrer é mais pedregoso. E acidentado.
"A gente queria que o filme causasse um certo desconforto", diz Meliande, ao
explicar o registro não naturalista. "Mas nossa ideia era
também falar do desejo de
utopia dessa geração, que é
chamada de apática."
O filme segue o sobe e desce da vida de Luiza (Tainá
Medina), de três amigos da
escola e de seu primo.
A mistura de gêneros, o
tom de fábula e o flerte com o
fantástico são explicados,
pela dupla, com uma série de
conceitos e preceitos.
"Queríamos que a mistura
de atores e não atores criasse
alguns nós dramáticos", diz
Bragança. "Misturamos referências de um certo cinema
fantástico dos anos 80 com
uma costura política e de
provocação de "mise-en-scène" que tem mais a ver com o
cinema brasileiro dos anos
70", tentou definir o diretor,
no debate realizado ontem.
A dupla se disse também
inspirada pelo tailandês Apichatpong Weerasethakul,
que põe florestas e monstros
em cena.
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