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MÚSICA REGIONAL
Cantor e compositor baiano tem obra relançada; parceria com poetas em canções do Nordeste sertanejo é o destaque
CDs reúnem riqueza dos temas brasileiros de Xangai
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Cantor e compositor dedicado
há três décadas a um tipo de música de temática basicamente interiorana, o baiano Xangai tem agora relançados em edições caprichadas, pela gravadora Kuarup,
três de seus trabalhos mais representativos, produzidos de maneira independente entre 1981 e 1991.
"Qué qui Tu Tem Canário"
(1981), "Eugenio Xangai Avelino"
(1990) e "Dos Labutos" (1991)
reúnem o universo ainda atual
nas obras mais recentes do artista:
muita coisa de Elomar, parcerias
com poetas como Capinam e Salgado Maranhão e canções de contemporâneos como Juraildes da
Cruz e Hélio Contreiras, que partilham com Xangai o apreço por
uma forma de música aparentemente simples, mas riquíssima no
resultado final.
Como intérprete e autor, Xangai
se notabilizou justamente por divulgar ritmos brasileiros e compositores de talento que não encontram espaço nas maiores
emissoras de televisão, nas rádios
e gravadoras.
Aos 57 anos, radicado em Lauro
de Freitas (município na região
metropolitana de Salvador), Xangai mantém esse perfil nos shows
que faz e nos programas de TV e
rádio que apresenta -ambos
chamados de "Brasileirança"-,
na TV Educativa da Bahia (aos
domingos, às 9h30) e na rádio FM
Educadora da Bahia.
"Eu só canto o que me invade.
Eu sou exigente, sou um filtro. O
que eu quero é mostrar, não importa como. Sou o porta-voz dessas pessoas que não estão tendo a
oportunidade devida", disse o
cantor baiano em entrevista telefônica à Folha.
Elomar
Xangai festeja a volta dos discos
ao mercado simultaneamente ao
relançamento, também pela Kuarup, de três trabalhos importantes
de seu mestre maior, seu conterrâneo Elomar Figueira Mello, 68
("Nele, Beethoven e Camões formaram uma só pessoa", elogia):
"Na Quadrada das Águas Perdidas" (1979), "Cartas Catingueiras" (1982) e "Árias Sertânicas"
(1991). Agora, Xangai prepara um
DVD, a ser lançado possivelmente em março.
"Que qui Tu Tem Canário" e
"Dos Labutos" já tinham sido lançados em CD, mas estavam há
muito tempo fora de catálogo.
"Eugenio Xangai Avelino" era
inédito em formato digital.
Nos três, Xangai destaca a preferência por arranjos que empregam instrumentos inusitados nos
xotes, baiões, toadas e sambas rurais de seu repertório.
"Não tenho nada contra os instrumentos, muito pelo contrário.
Mas acho que a maioria das músicas tem guitarra, baixo, bateria.
Eu faço com clarineta, violoncelo,
violões, percussões", afirmou.
O elenco que o acompanha nos
discos relançados é requintado.
Há o bandolim de Armandinho
Macedo, os sopros de Paulo Moura, Paulo Sérgio Santos e Marcelo
Bernardes, o cello de Jacques Morelembaum, o acordeon de Oswaldinho, a percussão de Djalma
Corrêa e até a viola de dez cordas
de Zé Ramalho e Almir Satter na
faixa "Cantoria de Galo", a abertura do disco de 1981.
Os CDs podem ser encomendados na Kuarup. No sítio da gravadora na internet (www.kuarup.com.br), cada um custa R$ 20, mais o frete.
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