São Paulo, segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

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MÚSICA REGIONAL

Cantor e compositor baiano tem obra relançada; parceria com poetas em canções do Nordeste sertanejo é o destaque

CDs reúnem riqueza dos temas brasileiros de Xangai

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Cantor e compositor dedicado há três décadas a um tipo de música de temática basicamente interiorana, o baiano Xangai tem agora relançados em edições caprichadas, pela gravadora Kuarup, três de seus trabalhos mais representativos, produzidos de maneira independente entre 1981 e 1991.
"Qué qui Tu Tem Canário" (1981), "Eugenio Xangai Avelino" (1990) e "Dos Labutos" (1991) reúnem o universo ainda atual nas obras mais recentes do artista: muita coisa de Elomar, parcerias com poetas como Capinam e Salgado Maranhão e canções de contemporâneos como Juraildes da Cruz e Hélio Contreiras, que partilham com Xangai o apreço por uma forma de música aparentemente simples, mas riquíssima no resultado final.
Como intérprete e autor, Xangai se notabilizou justamente por divulgar ritmos brasileiros e compositores de talento que não encontram espaço nas maiores emissoras de televisão, nas rádios e gravadoras.
Aos 57 anos, radicado em Lauro de Freitas (município na região metropolitana de Salvador), Xangai mantém esse perfil nos shows que faz e nos programas de TV e rádio que apresenta -ambos chamados de "Brasileirança"-, na TV Educativa da Bahia (aos domingos, às 9h30) e na rádio FM Educadora da Bahia.
"Eu só canto o que me invade. Eu sou exigente, sou um filtro. O que eu quero é mostrar, não importa como. Sou o porta-voz dessas pessoas que não estão tendo a oportunidade devida", disse o cantor baiano em entrevista telefônica à Folha.

Elomar
Xangai festeja a volta dos discos ao mercado simultaneamente ao relançamento, também pela Kuarup, de três trabalhos importantes de seu mestre maior, seu conterrâneo Elomar Figueira Mello, 68 ("Nele, Beethoven e Camões formaram uma só pessoa", elogia): "Na Quadrada das Águas Perdidas" (1979), "Cartas Catingueiras" (1982) e "Árias Sertânicas" (1991). Agora, Xangai prepara um DVD, a ser lançado possivelmente em março.
"Que qui Tu Tem Canário" e "Dos Labutos" já tinham sido lançados em CD, mas estavam há muito tempo fora de catálogo. "Eugenio Xangai Avelino" era inédito em formato digital.
Nos três, Xangai destaca a preferência por arranjos que empregam instrumentos inusitados nos xotes, baiões, toadas e sambas rurais de seu repertório.
"Não tenho nada contra os instrumentos, muito pelo contrário. Mas acho que a maioria das músicas tem guitarra, baixo, bateria. Eu faço com clarineta, violoncelo, violões, percussões", afirmou.
O elenco que o acompanha nos discos relançados é requintado. Há o bandolim de Armandinho Macedo, os sopros de Paulo Moura, Paulo Sérgio Santos e Marcelo Bernardes, o cello de Jacques Morelembaum, o acordeon de Oswaldinho, a percussão de Djalma Corrêa e até a viola de dez cordas de Zé Ramalho e Almir Satter na faixa "Cantoria de Galo", a abertura do disco de 1981.
Os CDs podem ser encomendados na Kuarup. No sítio da gravadora na internet (www.kuarup.com.br), cada um custa R$ 20, mais o frete.


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