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Crítica
"Quase Dois Irmãos" merece segunda chance
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Alguém me sopra que "Quase Dois Irmãos" (HBO Plus,
23h12) ganhou segunda vida
graças aos traficantes de DVDs
piratas, intitulado "Tropa de
Elite 3" (ou 4, 5, tanto faz).
Seria interessante isso de fato acontecer, porque o filme de
Lúcia Murat foi muito pouco
visto e o que relata é, pelo menos, um fenômeno interessantíssimo: o momento em que os
presos políticos brasileiros, lá
pelos anos 70 do século passado, se encontram no mesmo local que presos comuns. É quando os políticos transmitem noções de organização aos "comuns": e este é o embrião do
que seriam, no futuro, Comando Vermelho e outras organizações criminais congêneres.
Há quem critique o filme por
forçar a mão e colocar um jovem rico (preso político) e um
pobre (preso comum) que poderiam ter sido irmãos, não
fossem os abismos de classe do
Brasil. Bobagem: Murat tinha
algo a dizer, e disse. São poucos
os filmes de que se pode dizer
algo parecido no Brasil, hoje.
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