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Crítica
Longas mostram abismo entre pai e filho
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Em "Corpo Fechado"
(HBO, 11h55), fica claro que o
pai precisa ser algo mais, até
super-herói mesmo, para seu
filho admirá-lo.
Há várias outras questões
nesse filme de M. Night
Shyamalan que fala sobre um
homem inquebrável e outro
que parece feito de vidro, ambos carregando um baita peso
por isso, mas o encantamento
do molequinho vendo seu papai (Bruce Willis) com força
descomunal é inesquecível.
Isso remete a uma dramática
experiência humana, a da aceitação, do reconhecimento e da
admiração entre duas gerações,
entre quem fez e quem foi feito,
entre pai e filho. Muitas vezes
gasta-se uma vida inteira para
resolver esse estranhamento
-isso, quando se consegue.
É o caso de Cal, em "Vidas
Amargas" (TCM, 22h), que
admira um pai que o despreza
de modo irreparável. O pai não
é mau. Ele simplesmente prefere o filho mais velho, que é mais
parecido com ele, enquanto Cal
carrega uma chaga, pois é parecido com a mãe, que foi embora
largando filhos e casamento.
A dor de Cal é tanta que ele se
perde entre se fazer notar e sabotar qualquer chance de comunicação entre eles. Uma
triste condição de Cal e de seu
pai, porque o diálogo só virá em
uma situação limite.
Não é supérfluo lembrar que
é James Dean quem dá corpo a
Cal. E que corpo: uma fragilidade que acaba por represar uma
potência feroz, muito mais titã
que o pai de aço de "Corpo
Fechado".
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