São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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Crítica

Longas mostram abismo entre pai e filho

PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em "Corpo Fechado" (HBO, 11h55), fica claro que o pai precisa ser algo mais, até super-herói mesmo, para seu filho admirá-lo.
Há várias outras questões nesse filme de M. Night Shyamalan que fala sobre um homem inquebrável e outro que parece feito de vidro, ambos carregando um baita peso por isso, mas o encantamento do molequinho vendo seu papai (Bruce Willis) com força descomunal é inesquecível.
Isso remete a uma dramática experiência humana, a da aceitação, do reconhecimento e da admiração entre duas gerações, entre quem fez e quem foi feito, entre pai e filho. Muitas vezes gasta-se uma vida inteira para resolver esse estranhamento -isso, quando se consegue.
É o caso de Cal, em "Vidas Amargas" (TCM, 22h), que admira um pai que o despreza de modo irreparável. O pai não é mau. Ele simplesmente prefere o filho mais velho, que é mais parecido com ele, enquanto Cal carrega uma chaga, pois é parecido com a mãe, que foi embora largando filhos e casamento.
A dor de Cal é tanta que ele se perde entre se fazer notar e sabotar qualquer chance de comunicação entre eles. Uma triste condição de Cal e de seu pai, porque o diálogo só virá em uma situação limite.
Não é supérfluo lembrar que é James Dean quem dá corpo a Cal. E que corpo: uma fragilidade que acaba por represar uma potência feroz, muito mais titã que o pai de aço de "Corpo Fechado".


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