São Paulo, sábado, 27 de fevereiro de 2010

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Megamusical procura iluminar lado "artesanal"

"O Rei e Eu", que estreia hoje, concilia orçamento de R$ 5 milhões com cenários bordados

Montagem de Jorge Takla, que enfrentará forte concorrência, conta história de rei do Oriente que contrata professora inglesa


LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A multinacional T4F (ex-CIE) notabilizou-se por bancar versões brasileiras de musicais da Broadway, idênticas às originais na magnitude dos cenários e na ligeireza do conteúdo.
Montadas sob os auspícios de diretores estrangeiros que zelavam pela fidelidade da cópia à matriz, "Les Misérables" (2001), "A Bela e a Fera" (2002), "O Fantasma da Ópera" (2005) e outras lotaram o teatro Abril, em São Paulo. A crítica não se entusiasmou tanto.
Jorge Takla foi diretor da divisão de teatro da empresa de 2002 a 2004. Em "voo solo", já dirigiu "My Fair Lady" e "West Side Story". Agora, apresenta sua leitura para "O Rei e Eu", de Rodgers e Hammerstein (a mesma dupla de "A Noviça Rebelde"), uma semana antes de abrirem-se as cortinas da aposta de seu ex-empregador para 2010: "Cats".
"Não estou procurando novidade. Busco trabalhar com os melhores atores e aqui tenho uma cantora lírica [Luciana Bueno]", diz ele, desconversando sobre a concorrência, intensificada pelo recém-estreado "Hairspray" e pela vinda, nas próximas semanas, de "O Despertar da Primavera" e "O Som da Motown", para citar alguns.
Tampouco há novidade nas estatísticas da produção -hiperbólicas como as dos grandes musicais recentes. Para contar a história da professora inglesa Anna, contratada para educar os filhos do rei do Sião (atual Tailândia) em meados do século 19, Takla alistou 70 atores (incluindo 30 crianças), 25 músicos e 36 técnicos. O elenco usará mais de 500 figurinos. O orçamento é de R$ 5 milhões.

À moda antiga
"É muito difícil alcançar delicadeza dentro dessa máquina toda", reconhece. "Mas não tem nada de pirotécnico, computadorizado, automatizado. É teatro à moda antiga, com roupas clássicas, pessoas e sentimentos lindos."
Com esse discurso cândido, Takla parece querer dizer que ainda resta lugar para o artesanal na engrenagem dos musicais. Bordadas à mão, as três telas de 15 m de comprimento por 9 m de altura que ele usa à guisa de cenário advogam por tal causa.
São sua arma para levar ao Sião olhares talvez mais atraídos por gatos cantores e jovens engomados com aspirações ao estrelato televisivo.


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