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Megamusical procura iluminar lado "artesanal"
"O Rei e Eu", que estreia hoje, concilia orçamento de R$ 5 milhões com cenários bordados
Montagem de Jorge Takla, que enfrentará forte concorrência, conta história de rei do Oriente que contrata professora inglesa
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
A multinacional T4F (ex-CIE) notabilizou-se por bancar
versões brasileiras de musicais
da Broadway, idênticas às originais na magnitude dos cenários
e na ligeireza do conteúdo.
Montadas sob os auspícios de
diretores estrangeiros que zelavam pela fidelidade da cópia à
matriz, "Les Misérables"
(2001), "A Bela e a Fera"
(2002), "O Fantasma da Ópera"
(2005) e outras lotaram o teatro Abril, em São Paulo. A crítica não se entusiasmou tanto.
Jorge Takla foi diretor da divisão de teatro da empresa de
2002 a 2004. Em "voo solo", já
dirigiu "My Fair Lady" e "West
Side Story". Agora, apresenta
sua leitura para "O Rei e Eu", de
Rodgers e Hammerstein (a
mesma dupla de "A Noviça Rebelde"), uma semana antes de
abrirem-se as cortinas da aposta de seu ex-empregador para
2010: "Cats".
"Não estou procurando novidade. Busco trabalhar com os
melhores atores e aqui tenho
uma cantora lírica [Luciana
Bueno]", diz ele, desconversando sobre a concorrência, intensificada pelo recém-estreado
"Hairspray" e pela vinda, nas
próximas semanas, de "O Despertar da Primavera" e "O Som
da Motown", para citar alguns.
Tampouco há novidade nas
estatísticas da produção -hiperbólicas como as dos grandes
musicais recentes. Para contar
a história da professora inglesa
Anna, contratada para educar
os filhos do rei do Sião (atual
Tailândia) em meados do século 19, Takla alistou 70 atores
(incluindo 30 crianças), 25 músicos e 36 técnicos. O elenco
usará mais de 500 figurinos. O
orçamento é de R$ 5 milhões.
À moda antiga
"É muito difícil alcançar delicadeza dentro dessa máquina
toda", reconhece. "Mas não
tem nada de pirotécnico, computadorizado, automatizado. É
teatro à moda antiga, com roupas clássicas, pessoas e sentimentos lindos."
Com esse discurso cândido,
Takla parece querer dizer que
ainda resta lugar para o artesanal na engrenagem dos musicais. Bordadas à mão, as três telas de 15 m de comprimento
por 9 m de altura que ele usa à
guisa de cenário advogam por
tal causa.
São sua arma para levar ao
Sião olhares talvez mais atraídos por gatos cantores e jovens
engomados com aspirações ao
estrelato televisivo.
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