Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Vocalista do AC/DC reforça conservadorismo do rock
EDUARDO SCOLESE
da Agência Folha
O primeiro ano da década de 80
começou sombrio para os irmãos
Young, após a morte de Bon
Scott, vocalista da banda AC/DC.
Um substituto que pudesse corresponder aos interesses do grupo australiano era procurado à
exaustão. Na época, cresciam os
rumores de que a banda iria desistir definitivamente do rock.
Mas uma carta de um fã norte-americano de 14 anos trouxe a solução para o caso. O tal adolescente de Chicago sugeriu que Malcolm e Angus dessem uma chance ao vocalista Brian Johnson, da
banda Geordie.
Aprovado logo no primeiro teste, Johnson entrou nos estúdios
para gravar o maior sucesso do
AC/DC, "Back in Black" (80), e
caiu nas graças do público.
Em entrevista exclusiva à Folha,
o inglês Johnson, 52, fala sobre o
novo álbum da banda, "Stiff Upper Lip", e o estilo musical da banda, 20 anos depois.
Folha - Por que o AC/DC ficou
quase cinco anos longe dos estúdios?
Brian Johnson - Nós terminamos a turnê "Ballbreaker 2" apenas no final de 96. Depois disso,
preparamos a caixa "Bonfire", em
homenagem a Bon Scott. E só no
ano passado nos reunimos.
Folha - O novo trabalho, "Stiff
Upper Lip", tem as mesmas características do álbum "Ballbreaker" (95)?
Johnson - Acho que há muitas
diferenças, principalmente devido à produção de George Young,
irmão mais velho de Angus e Malcolm. É um disco que podemos
lembrar do AC/DC cantando nos
bares australianos em meados da
década de 70.
Folha - Nesses quase 30 anos
de rock, o AC/DC já pensou em
mudar o seu estilo musical para
aumentar a vendagem?
Johnson - Nunca. Somos fiéis
ao rock puro. Tenho certeza de
que qualquer mudança traria
uma grande revolta dos fãs. O
AC/DC é respeitado até hoje porque é um grupo que tem uma filosofia conservadora.
Folha - Você acredita que o estilo do rock está mudando no
mundo?
Johnson - Sem dúvida. As bandas estão sendo programadas para vender cada vez mais. Hoje, os
jovens compram CDs por causa
da aparência física dos integrantes, e as rádios seguem o ritmo, divulgando Backstreet Boys.
Folha - Vocês estiveram no
Brasil durante o Rock in Rio, em
85, e em Curitiba e São Paulo,
em 96. O que você achou?
Johnson - No Rio havia muita
gente, e as atenções do público e
da mídia estavam divididas com
todas as bandas. Mas em São Paulo nós ficamos mais empolgados.
Folha - E as principais lembranças do Brasil?
Johnson - As mulheres. A atmosfera feminina nos contagiou.
Texto Anterior: Aleijadinho recupera cor em filme mineiro Próximo Texto: Teatro: Produtor carioca é acusado de fraude Índice
|