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São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

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CRÍTICA

Já falta assunto musical para vasculhar

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

De volta à velha questão: vale a pena vasculhar e arrancar do esconderijo sobras musicais deixadas por músicos mortos? No que diz respeito a Renato Russo, a resposta comercial tem dito sempre que sim, com sorridente entusiasmo. E a resposta artística continua a gritar que não.
De notável, há as três primeiras canções do CD. São densas e foram remendadas por músicos de sintonia fina com o imaginário de Renato. Mas a seguir o CD descamba para o também conhecido "projeto Frankenstein".
Primeiro, as versões de Russo e de Zélia Duncan para "Cathedral Song" são unidas por cirurgia plástica. Por quê? Para quê? A seguir, o disco vira coletânea e amontoa encontros de Renato com Paulo Ricardo, Erasmo Carlos, 14 Bis -ou seja, nada assim tão "raro" como defende a edição.
Uma releitura de Renato para "Thunder Road", de Bruce Springsteen, evidentemente caseira, não adiciona nada além de um curioso encontro entre rigidez pop brasileira e norte-americana. Homenagem ao vivo a Cazuza perde pela precariedade técnica do registro.
Na décima faixa, começa o blablablá. Três entrevistas jornalísticas editadas e compiladas permitem ouvir a voz falada e as opiniões de Renato Russo como elas eram. Mas reforçam em "Renato Russo Presente" a impressão de que já falta assunto (ou melhor, música) para alimentar a posteridade do último herói pop pós-moderno do Brasil.


Renato Russo Presente  
Lançamento: EMI
Quanto: R$ 25, em média



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