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CRÍTICA
Já falta assunto musical para vasculhar
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
De volta à velha questão:
vale a pena vasculhar e
arrancar do esconderijo sobras musicais deixadas por
músicos mortos? No que diz
respeito a Renato Russo, a
resposta comercial tem dito
sempre que sim, com sorridente entusiasmo. E a resposta artística continua a
gritar que não.
De notável, há as três primeiras canções do CD. São
densas e foram remendadas
por músicos de sintonia fina
com o imaginário de Renato.
Mas a seguir o CD descamba
para o também conhecido
"projeto Frankenstein".
Primeiro, as versões de
Russo e de Zélia Duncan para "Cathedral Song" são unidas por cirurgia plástica. Por quê? Para quê? A seguir, o
disco vira coletânea e amontoa encontros de Renato
com Paulo Ricardo, Erasmo
Carlos, 14 Bis -ou seja, nada assim tão "raro" como
defende a edição.
Uma releitura de Renato
para "Thunder Road", de
Bruce Springsteen, evidentemente caseira, não adiciona
nada além de um curioso encontro entre rigidez pop brasileira e norte-americana.
Homenagem ao vivo a Cazuza perde pela precariedade técnica do registro.
Na décima faixa, começa o
blablablá. Três entrevistas
jornalísticas editadas e compiladas permitem ouvir a
voz falada e as opiniões de
Renato Russo como elas
eram. Mas reforçam em
"Renato Russo Presente" a
impressão de que já falta assunto (ou melhor, música)
para alimentar a posteridade
do último herói pop pós-moderno do Brasil.
Renato Russo Presente
Lançamento: EMI
Quanto: R$ 25, em média
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