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TELEVISÃO
Versão de novela que estourou na Argentina estréia dia 4 de abril na Bandeirantes sob forte estratégia comercial
"Floribella" chega embalada para vender
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Muito mais que ficção ou entretenimento, "Floribella" mostra
que novela agora é também um
ótimo negócio. Com estréia marcada para o dia 4 de abril, o programa, que marca a retomada da
teledramaturgia da TV Bandeirantes depois de seis anos ("Meu
Pé de Laranja Lima" foi a última a
ser exibida pela emissora, em
1999), tem trama, fórmula e formato já consagrados na Argentina, onde foi exibida no início do
ano passado pelo Canal 13.
No país, além do programa de
TV, "Floricienta" -como foi batizada lá- virou marca de mais
de cem produtos como tênis, bolsas, perfume, maquiagem, mochilas, álbum de figurinhas, roupas, CDs e cadernos, segundo informa a produtora Cris Moreno,
autora da idéia e de outros programas como "Chiquititas".
No Brasil, a Bandeirantes, que
divide a produção com a argentina RGB (de "Popstars"), investirá
US$ 5 milhões (cerca de R$ 13,6
milhões) em 170 capítulos para
transformar a novela em uma febre semelhante.
Segundo o vice-presidente da
rede, Marcelo Parada, o apelo comercial é importante, mas "não
determinou a escolha da história". Mesmo assim, o programa já
estréia com estratégia comercial
fechada e subprodutos quentes:
tem como carros-chefes o CD de
canções originais gravadas pelo
elenco, produzido em parceria
com a Universal, e o tênis Bamba
Floribella -fruto da associação
da emissora com a Alpargatas-,
que, com seu cano alto colorido e
dobrável, deve aparecer exaustivamente nas cenas e na abertura
da novela e nos intervalos.
Além disso, a trama, que para
Marcelo Parada "remete ao sonho
e à fantasia", é um prato cheio para anunciantes e seus merchandisings. As Casas Bahia foram o primeiro grupo a comprar uma cota
de patrocínio. Já a doceria Kopenhagen terá uma lojinha fixa no
set da novela que funcionará como cenário em partes da trama.
A Bandeirantes também sonha
com frutos para depois do fim de
"Floribella". A rede espera que,
assim como aconteceu na Argentina, a novela se transforme em
sucesso no teatro com uma turnê
de shows, interpretados pelo elenco original. Sobre a expectativa
em relação à audiência, Parada é
modesto: "A programação que a
gente tem hoje no ar no horário
dá em torno de quatro ou cinco
pontos. O que nós imaginamos é
que a novela dê pelo menos os
cinco pontos que já dá hoje".
Broadway
Para a Band, "Floribella" é uma
comédia romântica do tipo "Cinderela do século 21" que vai pegar
o público infantil, principalmente
por ter elementos como "música,
alegria, cor e romance", tal qual
um musical da Broadway, segundo a diretora-geral Elisabetta Zenatti, da RGB. A novela, na verdade, é quase uma "Noviça Rebelde", já que a heroína assume função de ajudante de governanta e
deve cantar pelo menos uma vez a
cada capítulo da trama em clipes,
apresentações de sua banda (sim,
ela tem banda e é a vocalista) ou
até dormindo, em sonhos.
Vivida por Juliana Silveira, 25, a
protagonista perdeu a mãe cedo e
não tem família. Sem dinheiro ou
endereço, consegue o emprego
para cuidar dos irmãos mais novos da rica família alemã Fitzenwalden. Nas horas vagas, ensaia e
se apresenta com sua banda de
amigos adolescentes.
Na casa onde trabalha, conhece
o príncipe encantado, o filho mais
velho, Frederico -vivido por Roger Gobeth, 31-, por quem vai
lutar. Os dois atores vêm da "Malhação", da Globo (Juliana chegou
a protagonizar a novela adolescente).
Todos os outros personagens
do cruzamento das histórias estão
lá: há a vilã/madrasta (Suzy Rêgo), a rival filha da vilã (Maria Carolina Ribeiro), as crianças fofas e
os adolescentes engraçadinhos.
De quebra, há ainda Zezé Motta
no papel da cabeleireira Titina,
madrinha e mãe adotiva de Flor.
Para fazer Floribela, Juliana Silveira teve de aprender a cantar.
Fez aulas de canto e dedicou-se ao
trabalho em estúdio por quase
dois meses. No fim, o resultado foi
positivo em sua avaliação. "Me
surpreendi com a minha voz",
afirma a atriz.
Por outro lado, com o passado
de "angeliquete" (assistente de
palco da apresentadora Angélica),
Juliana diz que não teve problema
para aprender as coreografias da
novela e não se preocupa com as
apresentações ao vivo em teatros.
Talvez Juliana não se preocupe
porque o nível de dificuldade das
coreografias não é alto. Esse é
mais um elemento que turbina a
fórmula para agitar futuros contratos. A conta de "Floribella" é
essa: some músicas e coreografias
fáceis a uma novela colorida. O resultado são crianças "viciadas" e
contratos de patrocínio, merchandising e muitos subprodutos. Pelo menos é nisso que a
Band aposta.
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