São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 2006

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CRÍTICA/"O PODER DO PESADELO: A ASCENSÃO DA POLÍTICA DO MEDO"

Filme desmonta discurso americano

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

Dois motivos tornam "O Poder do Pesadelo: A Ascensão da Política do Medo" um filme imperdível no festival É Tudo Verdade. O primeiro está no fato de se tratar de um produto televisivo que faz uma crítica ao tipo de informação irresponsável e superficial que a TV anda produzindo. Ponto para a BBC inglesa, que bancou esse projeto do jornalista Adam Curtis (exibido no Festival de Cannes do ano passado).
O segundo motivo está na qualidade do filme. "O Poder" é tudo aquilo que "Fahrenheit 11 de Setembro", de Michael Moore tentou ser e não foi: uma clara desconstrução do discurso do medo e da violência utilizados como armas ideológicas na política global.
Curtis, aliás, não é documentarista, mas um jornalista que se faz valer de recursos típicos da sua atividade na TV (narração em off, entrevistas e imagens de arquivo) para atingir seus objetivos. Tanto que ele não aparece como "diretor", apesar de assinar texto, produção e narração.
"O Poder" apresenta sua tese logo na introdução: "No passado, os políticos prometiam criar um mundo melhor. (...) Seu poder e autoridade vinham das visões otimistas que ofereciam ao povo. Esses sonhos falharam e as pessoas perderam a fé nas ideologias. (...) os políticos descobriram um novo papel capaz de restaurar seu poder e autoridade. Em vez de prometer sonhos, prometem nos proteger de pesadelos".
Como esse pesadelo é gerado é a questão central do filme, que em 180 minutos tece uma interessante relação especular entre a ascensão dos políticos neo-conservadores nos EUA aos radicais islâmicos no Oriente Médio. Uma dica é acessar a página do filme no site da BBC, que traz um resumo da polêmica gerada na Inglaterra (http:// news.bbc.co.uk/1/hi/programmes/4202741.stm).


O Poder do Pesadelo: A Ascensão da Política do Medo
    
Quando:
hoje, às 18h, no MIS



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