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Peça vê situação similar à vivida por tropicalistas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A imagem de discos estilhaçados pelo chão, presente em
uma das cenas, foi o que primeiro chamou a atenção de Felipe Vidal, que dirige com Tato
Consorti "Rock'n'Roll", de
Tom Stoppard. O texto, com
trilha sugerida (e seguida pelos
diretores) de um rock'n" roll
histórico -U2, Dylan, Stones,
Pink Floyd-, fala da perseguição a uma banda e será encenado sobre um tablado que remeterá a um palco de show.
É ali que se descortina para o
público a vida dos personagens,
que acabam por participar do
movimento de resistência da
tcheca The Plastic People of
the Universe, que começou a
tocar pouco após a entrada dos
tanques soviéticos em Praga,
em 1968. Sem letras engajadas
nem propostas de luta política,
os membros foram, ainda assim, perseguidos pelo regime.
Vidal e o ator Otávio Augusto
comparam a trajetória da banda com o tropicalismo e os Novos Baianos no Brasil. "Não
musicalmente, mas na postura.
Não era uma postura abertamente política e, ainda assim,
eles foram perseguidos pelo
comportamento", diz o diretor.
Augusto, que viveu o movimento de contracultura (começou no Oficina, em 1964; e foi a
Paris com o grupo, em 1968),
busca ver a época de outra perspectiva para interpretar Max,
marxista convicto, incapaz de
aceitar a contracultura. "Era difícil para Max entender como o
cara estava mais preocupado
com os discos dele que com o
povo organizado", diz.
Na época, o ator estava mais
para o personagem Jan (vivido
por Thiago Fragoso), jovem
apaixonado por rock e "porta-voz" do Plastic People of the
Universe. Foi o apoio de pessoas como Jan à banda que originou a chamada Carta de 1977.
O documento, que reivindicava
a adoção de um socialismo mais
humano e a inclusão das liberdades democráticas no programa de governo, indicava o início de um movimento que culminaria na Revolução de Veludo, em Praga, em 1989, marco
que finaliza a peça de Stoppard.
A montagem estreia no Rio,
no teatro Nelson Rodrigues, de
8 a 26/4, e no teatro Villa-Lobos, de 1º/5 a 26/7. Em São
Paulo, entra em cartaz no segundo semestre.
(JL)
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