São Paulo, sexta-feira, 27 de março de 2009

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Peça vê situação similar à vivida por tropicalistas

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A imagem de discos estilhaçados pelo chão, presente em uma das cenas, foi o que primeiro chamou a atenção de Felipe Vidal, que dirige com Tato Consorti "Rock'n'Roll", de Tom Stoppard. O texto, com trilha sugerida (e seguida pelos diretores) de um rock'n" roll histórico -U2, Dylan, Stones, Pink Floyd-, fala da perseguição a uma banda e será encenado sobre um tablado que remeterá a um palco de show.
É ali que se descortina para o público a vida dos personagens, que acabam por participar do movimento de resistência da tcheca The Plastic People of the Universe, que começou a tocar pouco após a entrada dos tanques soviéticos em Praga, em 1968. Sem letras engajadas nem propostas de luta política, os membros foram, ainda assim, perseguidos pelo regime.
Vidal e o ator Otávio Augusto comparam a trajetória da banda com o tropicalismo e os Novos Baianos no Brasil. "Não musicalmente, mas na postura. Não era uma postura abertamente política e, ainda assim, eles foram perseguidos pelo comportamento", diz o diretor.
Augusto, que viveu o movimento de contracultura (começou no Oficina, em 1964; e foi a Paris com o grupo, em 1968), busca ver a época de outra perspectiva para interpretar Max, marxista convicto, incapaz de aceitar a contracultura. "Era difícil para Max entender como o cara estava mais preocupado com os discos dele que com o povo organizado", diz.
Na época, o ator estava mais para o personagem Jan (vivido por Thiago Fragoso), jovem apaixonado por rock e "porta-voz" do Plastic People of the Universe. Foi o apoio de pessoas como Jan à banda que originou a chamada Carta de 1977. O documento, que reivindicava a adoção de um socialismo mais humano e a inclusão das liberdades democráticas no programa de governo, indicava o início de um movimento que culminaria na Revolução de Veludo, em Praga, em 1989, marco que finaliza a peça de Stoppard.
A montagem estreia no Rio, no teatro Nelson Rodrigues, de 8 a 26/4, e no teatro Villa-Lobos, de 1º/5 a 26/7. Em São Paulo, entra em cartaz no segundo semestre. (JL)


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