São Paulo, sábado, 27 de março de 2010

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Crítica

"Button" revela a precariedade humana

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

Um dos paradoxos da existência humana é que, quando um homem se sente pronto para viver a vida, a morte vem encontrá-lo.
O que será isso? Ao longo da vida a pessoa acumula experiência, refaz caminhos, corrige possíveis defeitos de caráter. Mas não pode exercitar essa sabedoria: seu tempo passou implacavelmente.
"O Curioso Caso de Benjamin Button" (HBO, 21h; 14 anos) nos leva a um tipo inusitado de experiência, sob a égide do escritor Scott Fitzgerald: Benjamin é o homem que nasce velho, muito velho.
E que, ao longo da vida, vai rejuvenescer até chegar à sua própria infância.
Seu trajeto é o oposto ao de todos os outros homens.
Talvez Fitzgerald quisesse nos lembrar, em seu conto em que este filme é baseado, da precariedade da vida humana, não importa a ordem em que aconteça.
Nascer com muitos conhecimentos não altera a vastidão inclemente de nossas deficiências. Talvez, também, esses conceitos fossem muito abstratos para se transformar em imagens fortes.
Daí não ser surpreendente que, num ano horroroso do Oscar, "Button" só ficou com prêmios secundários.
Daí para o esquecimento não parece ser um passo muito grande.


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