|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA
Bonito, sim, mas muito datado
DA REDAÇÃO
"Flor de Amor" é um disco
convencional, sem nenhuma pretensão além de ser coerente com a própria trajetória pessoal
de Omara Portuondo e de satisfazer aos amantes da música cubana tradicional.
Se partirmos do pressuposto de
que não se pode pedir originalidade ou inovação a quem não se
propõe a isso, então esse pode ser
considerado um dos melhores
discos de música latino-americana dos últimos tempos.
Elegante, refinado e amarrado
por uma excelente produção e um
sofisticado "casting" de artistas de
várias gerações, com destaque para o baixista Orlando "Cachaíto"
López, o CD exala nostalgia, passeando por vários gêneros.
Tem son, bolero, guajiras (músicas do campo), cha-cha-cha,
bossa nova brasileira e MPB.
Também os temas são melancólicos e saudosos e vão de canções
de amor a homenagens às belas
paisagens de Cuba.
O destaque fica para a seleção de
temas "guajiros", ou seja, ligados
à tradição da música camponesa,
marcada pela influência dos instrumentos de corda espanhóis.
Entre elas, "Junto a un Canaveral", cheia de imagens idílicas
("qué lindo son los paisajes/ de mi
Cuba bendecida/ todo es amor y
reposo/ y se alivian los pesares"), e
a romântica "Amorosa Guajira",
de José González Allue, com
Omara sendo acompanhada apenas por un "tres", tradicional instrumento de cordas cubano.
Omara tem um vozeirão. Se tivesse nascido na Argentina, poderia fazê-la esvair nas letras tristes
de tangos reinventados, como faz
Adriana Varela. Se fosse mexicana, poderia recriar com dramaticidade a tradição, como a incrível
Chavela Vargas. Como é cubana e
fiel ao repertório de seu país, infelizmente fica circunscrita a cantar
as belezas naturais da ilha ou, como em "El Madrugador", a homenagear José Martí (1853-1895),
o herói da independência cubana.
Tudo muito bonito, mas também tudo muito datado.
(SC)
Flor de Amor
Artista: Omara Portuondo
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 35 (em média)
Texto Anterior: Omara Portuondo refugia-se na tradição Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice
|