São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 2005

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CRÍTICA

Bonito, sim, mas muito datado

DA REDAÇÃO

"Flor de Amor" é um disco convencional, sem nenhuma pretensão além de ser coerente com a própria trajetória pessoal de Omara Portuondo e de satisfazer aos amantes da música cubana tradicional.
Se partirmos do pressuposto de que não se pode pedir originalidade ou inovação a quem não se propõe a isso, então esse pode ser considerado um dos melhores discos de música latino-americana dos últimos tempos.
Elegante, refinado e amarrado por uma excelente produção e um sofisticado "casting" de artistas de várias gerações, com destaque para o baixista Orlando "Cachaíto" López, o CD exala nostalgia, passeando por vários gêneros.
Tem son, bolero, guajiras (músicas do campo), cha-cha-cha, bossa nova brasileira e MPB. Também os temas são melancólicos e saudosos e vão de canções de amor a homenagens às belas paisagens de Cuba.
O destaque fica para a seleção de temas "guajiros", ou seja, ligados à tradição da música camponesa, marcada pela influência dos instrumentos de corda espanhóis.
Entre elas, "Junto a un Canaveral", cheia de imagens idílicas ("qué lindo son los paisajes/ de mi Cuba bendecida/ todo es amor y reposo/ y se alivian los pesares"), e a romântica "Amorosa Guajira", de José González Allue, com Omara sendo acompanhada apenas por un "tres", tradicional instrumento de cordas cubano.
Omara tem um vozeirão. Se tivesse nascido na Argentina, poderia fazê-la esvair nas letras tristes de tangos reinventados, como faz Adriana Varela. Se fosse mexicana, poderia recriar com dramaticidade a tradição, como a incrível Chavela Vargas. Como é cubana e fiel ao repertório de seu país, infelizmente fica circunscrita a cantar as belezas naturais da ilha ou, como em "El Madrugador", a homenagear José Martí (1853-1895), o herói da independência cubana.
Tudo muito bonito, mas também tudo muito datado. (SC)


Flor de Amor
   
Artista: Omara Portuondo
Lançamento: Warner
Quanto: R$ 35 (em média)


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