São Paulo, quarta-feira, 27 de abril de 2005

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Autor sempre teve projeto político

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o crítico Decio de Almeida Prado (1917-2000), "Guarnieri escreveu com facilidade e fecundidade tanto na década de 60 quanto na de 70, antes e depois de 1964, porque tinha durante esse tempo todo um claro projeto político em vista. Sabia a favor do que ou contra o que se manifestar".
Em meados dos anos 60, Guarnieri, Augusto Boal e Edu Lobo enveredam por um painel histórico. Havia um narrador a interligar e a comentar os episódios representados, estabelecendo outro patamar de comunicação com a platéia. Essa perspectiva brechtiana ajudou Boal a fundamentar o sistema curinga, no qual todos os atores passam por todos os papéis, independentemente do sexo.
Por ocasião da temporada no Rio, o crítico Yan Michalski (1932-80) escreveu: "A dificuldade que sentimos de enquadrar "Zumbi" numa das categorias tradicionais da literatura dramática reflete esse seu caráter inovador e experimental: "Zumbi" é uma peça, sim senhores, com um autêntico conflito dramático que se desenvolve e evolui de acordo com os cânones consagrados do "playwriting". Mas é também, ao mesmo tempo, uma aula de história".
Guarnieri participará de debate nos dois encontros do projeto "Em Cena, Ações!", ao lado do ator e cantor Aldo Bueno (como Zumbi), da atriz Marília Medalha e da pesquisadora Iná Camargo Costa (USP), sob mediação de Wellington Andrade. Direção e roteiro são de Heron Coelho.
"Se na qualidade de escritor engajado Guarnieri nunca se recusou a tomar partido, na de poeta dramático equilibrou sempre a sua obra entre dois pólos: a sedutora simplicidade das grandes explicações históricas -no caso, o marxismo- e a extrema complexidade do mundo real e dos homens", continuou Almeida Prado em "Peças, Pessoas, Personagens: O Teatro Brasileiro de Procópio Ferreira a Cacilda Becker" (1993).


Em Cena, Ações!
Quando:
amanhã e sex., às 21h
Onde: Sesc Ipiranga - teatro (r. Bom Pastor, 822, tel. 0/xx/11/3340-2000)
Quanto: R$ 12


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