São Paulo, sexta-feira, 27 de abril de 2007

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Anexo do Prado é aberto para o público amanhã

Novo prédio reconstrói antigo claustro que existia no local e é de autoria do premiado arquiteto espanhol Rafael Moneo

Por enquanto, não haverá telas expostas, mas espaço vai abrigar grande mostra de Velázquez, que será aberta em setembro


RAUL JUSTE LORES
EM MADRI

O novo anexo do Museu do Prado não tem pirâmide ou cúpula de vidro, nem é uma construção espetaculosa. Mas a ampliação do principal museu da Espanha e uma das mais importantes pinacotecas do mundo, também foi rodeada de polêmica, como as ampliações do Louvre ou do British Museum.
A decisão de expandir o museu é de 1994, mas se passaram oito anos de debates e outros cinco em obras, tumultuadas por tentativas de paralisar a construção na Justiça.
Amanhã, o anexo será aberto pela primeira vez ao público, depois de cinco atrasos (a primeira "inauguração" seria no início de 2004). A obra consumiu 152 milhões (cerca de R$ 418 milhões), quase quatro vezes mais o orçamento original.
A Folha foi o primeiro jornal sul-americano a visitar o novo prédio do Prado, na semana passada. O museu ganhou 22 mil m2 a mais, quase do tamanho da área expositiva da Bienal de São Paulo (24 mil m2).
Depois de tantas críticas, o resultado final é um prédio austero, que não destoa da paisagem ao redor do "velho" Prado (de 1819) e que oferece quatro belas novas salas de exposição (com 1.389 m2), auditório de 450 lugares, oficinas de restauro, arquivos de obras e gravuras (mil delas só do Goya), além de novos espaços de loja e café-restaurante.
Com o novo prédio, o Prado poderá exibir 1.500 obras permanentemente, além das exposições temporárias.
"Quis conservar até onde fosse possível o caráter do antigo museu", disse à Folha o arquiteto espanhol Rafael Moneo, vencedor do concurso para a ampliação. Moneo dirigiu a faculdade de arquitetura de Harvard e ganhou o Pritzker, espécie de Nobel da arquitetura, em 1996.
O prédio novo é um cubo revestido de tijolos, com a mesma cor do Prado, ambos ligados por uma passarela subterrânea, coberta com jardins em estilo italiano, que criam uma nova praça na superfície, entre as duas construções.

Claustro barroco no topo
O cubo foi instalado onde antes havia um claustro barroco, remanescente de um desaparecido mosteiro, ao lado da igreja dos Jerônimos. Parte da polêmica que acompanhou a obra é que os vizinhos não queriam uma ampliação que ferisse a harmonia da região, que o claustro fosse destruído ou que a igreja ficasse escondida.
Moneo adotou uma atitude radical. Mandou desmontar todo o claustro (construído em 1672), que foi restaurado peça por peça e instalado no topo do cubo. O claustro restaurado, encaixado na construção moderna, abrigará exposições de esculturas.
Do claustro, desce uma estrutura cilíndrica de vidro, chamada "a lanterna", que atravessa quatro andares do cubo, que espalha a luz natural que chega ao claustro por boa parte do anexo.

Portão de 22 toneladas
Para a entrada do cubo, Moneo convidou a artista plástica Cristina Iglesias para criar uma imponente porta de seis metros de altura por nove de largura, construída com 22 toneladas de bronze. O portão, "um tapete vegetal", segundo a artista, lembra um emaranhado de cipós.
Nos próximos dois meses, a construção estará aberta sem nenhum quadro exposto. A idéia do museu é mostrar a nova construção. Só em setembro uma grande exposição de Velázquez será aberta no anexo. Por enquanto, a maior atração será a arquitetura do polêmico (e caro) novo recinto do Prado.


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