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Anexo do Prado é aberto para o público amanhã
Novo prédio reconstrói antigo claustro que existia no local e é de autoria do premiado arquiteto espanhol Rafael Moneo
Por enquanto, não haverá telas expostas, mas espaço vai abrigar grande mostra de Velázquez, que será aberta em setembro
RAUL JUSTE LORES
EM MADRI
O novo anexo do Museu do
Prado não tem pirâmide ou cúpula de vidro, nem é uma construção espetaculosa. Mas a ampliação do principal museu da
Espanha e uma das mais importantes pinacotecas do mundo, também foi rodeada de polêmica, como as ampliações do
Louvre ou do British Museum.
A decisão de expandir o museu é de 1994, mas se passaram
oito anos de debates e outros
cinco em obras, tumultuadas
por tentativas de paralisar a
construção na Justiça.
Amanhã, o anexo será aberto
pela primeira vez ao público,
depois de cinco atrasos (a primeira "inauguração" seria no
início de 2004). A obra consumiu 152 milhões (cerca de R$
418 milhões), quase quatro vezes mais o orçamento original.
A Folha foi o primeiro jornal
sul-americano a visitar o novo
prédio do Prado, na semana
passada. O museu ganhou 22
mil m2 a mais, quase do tamanho da área expositiva da Bienal de São Paulo (24 mil m2).
Depois de tantas críticas, o
resultado final é um prédio
austero, que não destoa da paisagem ao redor do "velho" Prado (de 1819) e que oferece quatro belas novas salas de exposição (com 1.389 m2), auditório
de 450 lugares, oficinas de restauro, arquivos de obras e gravuras (mil delas só do Goya),
além de novos espaços de loja e
café-restaurante.
Com o novo prédio, o Prado
poderá exibir 1.500 obras permanentemente, além das exposições temporárias.
"Quis conservar até onde
fosse possível o caráter do antigo museu", disse à Folha o arquiteto espanhol Rafael Moneo, vencedor do concurso para a ampliação. Moneo dirigiu a
faculdade de arquitetura de
Harvard e ganhou o Pritzker,
espécie de Nobel da arquitetura, em 1996.
O prédio novo é um cubo revestido de tijolos, com a mesma cor do Prado, ambos ligados
por uma passarela subterrânea, coberta com jardins em
estilo italiano, que criam uma
nova praça na superfície, entre
as duas construções.
Claustro barroco no topo
O cubo foi instalado onde antes havia um claustro barroco,
remanescente de um desaparecido mosteiro, ao lado da igreja
dos Jerônimos. Parte da polêmica que acompanhou a obra é
que os vizinhos não queriam
uma ampliação que ferisse a
harmonia da região, que o
claustro fosse destruído ou que
a igreja ficasse escondida.
Moneo adotou uma atitude
radical. Mandou desmontar todo o claustro (construído em
1672), que foi restaurado peça
por peça e instalado no topo do
cubo. O claustro restaurado,
encaixado na construção moderna, abrigará exposições de
esculturas.
Do claustro, desce uma estrutura cilíndrica de vidro, chamada "a lanterna", que atravessa quatro andares do cubo, que
espalha a luz natural que chega
ao claustro por boa parte do
anexo.
Portão de 22 toneladas
Para a entrada do cubo, Moneo convidou a artista plástica
Cristina Iglesias para criar uma
imponente porta de seis metros de altura por nove de largura, construída com 22 toneladas de bronze. O portão, "um
tapete vegetal", segundo a artista, lembra um emaranhado
de cipós.
Nos próximos dois meses, a
construção estará aberta sem
nenhum quadro exposto. A
idéia do museu é mostrar a nova construção. Só em setembro
uma grande exposição de Velázquez será aberta no anexo.
Por enquanto, a maior atração
será a arquitetura do polêmico
(e caro) novo recinto do Prado.
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