São Paulo, segunda-feira, 27 de abril de 2009

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Herreweghe rege Champs-Élysées em SP

Maestro dirige orquestra francesa em espetáculo dedicado a Berlioz, que abre temporada do Cultura Artística

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Sociedade de Cultura Artística começa sua temporada 2009 focada na obsessão romântica de Hector Berlioz (1803-1869). Sob batuta de Philippe Herreweghe, a Orchestre des Champs-Élysées executa hoje e amanhã, em espetáculo multimídia, a célebre "Sinfonia Fantástica" e o raríssimo "Lélio, ou o Retorno à Vida".
"Somos uma orquestra subsidiada pelo Estado francês, que insiste que toquemos música da França", explica o belga Herreweghe, 61. "Nossa especialidade é o século 19 e, nesse período, o mais genial compositor francês é Berlioz." O músico não tinha em mente nada que não fosse a atriz shakespeariana irlandesa Harriet Smithson (com a qual viria a se casar) quando, em 1830, aos 26 anos, escreveu sua obra de maior sucesso, a "Fantástica", que ocupa a primeira parte do programa de hoje.
""Lélio" nunca é feito, mas, na verdade, foi concebido por Berlioz como um binômio, um complemento da sinfonia", conta. Para colocar a obra de pé, sobem ainda ao palco seis bailarinos, o Coro São Paulo (da maestrina Naomi Munakata), o tenor Robert Getchell e o barítono Pierre-Yves Pruvot.
A direção cênica de Jean-Philippe Clarac e Olivier Deloeuil prevê projeções de trechos de filmes como "Um Corpo que Cai", de Alfred Hitchcock, e "O Ano Passado em Marienbad", de Alain Resnais, e a participação do ator argentino Marcial di Fonzo Bo, declamando textos em francês.
Um dos papas do movimento de interpretação de música antiga com instrumentos de época, Herreweghe encantou São Paulo em 1997, graças a uma performance inspirada de um monumento barroco: a "Paixão Segundo São João", de Johann Sebastian Bach (1685-1750).
Com a Orchestre des Champs-Élysées, fundada em 1991, ele traz esse tipo de interpretação "historicamente informada" para um período mais próximo: o romantismo de Brahms, Mahler e Bruckner.
Além do uso mais contido do vibrato e do emprego de réplicas de instrumentos do tempo de Berlioz (como o oficleide, em vez da tuba moderna), sua aproximação do repertório romântico busca resgatar a conexão entre música instrumental e vocal.
"No século 19, instrumentalidade e vocalidade estavam mais ligadas e o discurso musical era, em consequência, mais leve e flexível", diz. "O século 20 é mais mecânico -também é belo, mas é outra música."


ORCHESTRE DES CHAMPS-ELYSÉES

Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/11/3258-3344)
Quanto: R$ 90 a R$ 230 (R$ 10 para estudantes até 30 anos, meia hora antes dos concertos)
Classificação: livre



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