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Herreweghe rege Champs-Élysées em SP
Maestro dirige orquestra francesa em espetáculo dedicado a Berlioz, que abre temporada do Cultura Artística
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Sociedade de Cultura Artística começa sua temporada
2009 focada na obsessão romântica de Hector Berlioz
(1803-1869). Sob batuta de Philippe Herreweghe, a Orchestre
des Champs-Élysées executa
hoje e amanhã, em espetáculo
multimídia, a célebre "Sinfonia
Fantástica" e o raríssimo "Lélio, ou o Retorno à Vida".
"Somos uma orquestra subsidiada pelo Estado francês,
que insiste que toquemos música da França", explica o belga
Herreweghe, 61. "Nossa especialidade é o século 19 e, nesse
período, o mais genial compositor francês é Berlioz."
O músico não tinha em mente nada que não fosse a atriz
shakespeariana irlandesa Harriet Smithson (com a qual viria
a se casar) quando, em 1830,
aos 26 anos, escreveu sua obra
de maior sucesso, a "Fantástica", que ocupa a primeira parte
do programa de hoje.
""Lélio" nunca é feito, mas, na
verdade, foi concebido por Berlioz como um binômio, um
complemento da sinfonia",
conta. Para colocar a obra de
pé, sobem ainda ao palco seis
bailarinos, o Coro São Paulo (da
maestrina Naomi Munakata), o
tenor Robert Getchell e o barítono Pierre-Yves Pruvot.
A direção cênica de Jean-Philippe Clarac e Olivier Deloeuil prevê projeções de trechos de filmes como "Um Corpo que Cai", de Alfred Hitchcock, e "O Ano Passado em Marienbad", de Alain Resnais, e a
participação do ator argentino
Marcial di Fonzo Bo, declamando textos em francês.
Um dos papas do movimento
de interpretação de música antiga com instrumentos de época, Herreweghe encantou São
Paulo em 1997, graças a uma
performance inspirada de um
monumento barroco: a "Paixão
Segundo São João", de Johann
Sebastian Bach (1685-1750).
Com a Orchestre des
Champs-Élysées, fundada em
1991, ele traz esse tipo de interpretação "historicamente informada" para um período
mais próximo: o romantismo
de Brahms, Mahler e Bruckner.
Além do uso mais contido do
vibrato e do emprego de réplicas de instrumentos do tempo
de Berlioz (como o oficleide,
em vez da tuba moderna), sua
aproximação do repertório romântico busca resgatar a conexão entre música instrumental
e vocal.
"No século 19, instrumentalidade e vocalidade estavam
mais ligadas e o discurso musical era, em consequência, mais
leve e flexível", diz. "O século
20 é mais mecânico -também
é belo, mas é outra música."
ORCHESTRE DES CHAMPS-ELYSÉES
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/11/3258-3344)
Quanto: R$ 90 a R$ 230 (R$ 10 para estudantes até 30 anos, meia hora antes
dos concertos)
Classificação: livre
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