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MÚSICA
Espaço tem direção artística de Wynton Marsalis
NY ganha a primeira sala do mundo construída especialmente para jazz
BEN RATLIFFE
DO "NEW YORK TIMES"
Apenas um especialista em
acústica pensaria duas vezes antes
de ganhar uma nova "casa" com
janelas que vão do chão ao teto, de
15 m por 27 m, com vista para o
Central Park. Essas janelas, situadas ao centro dos quinto e sexto
andares do Time Warner Center,
no Columbus Circle, serão ao
mesmo tempo a face pública e o
maior desafio acústico da nova
"casa" do Jazz at Lincoln Center, a
sala Frederick P. Rose Hall.
Na condição de primeira casa
de shows do mundo construída
especificamente para o jazz, a sala
representa um marco para o jazz
como forma de arte americana.
"Todo mundo tinha consciência
de que estávamos fazendo algo
histórico", disse Wynton Marsalis, o diretor artístico do espaço.
A obra deve ser concluída até o
final de julho e, após um verão
pontuado por ajustes e shows reservados para a "afinação", será
inaugurada em 18 de outubro.
Erguida sobre um terreno de alto valor, com um orçamento de
US$ 128 milhões, a obra é o reconhecimento do gênero.
Situado no meio do Time Warner Center, sobre lojas elegantes e
restaurantes de luxo, o espaço poderia ser interpretado como símbolo da idéia de que o jazz é um
luxo. Wynton Marsalis rejeita essa premissa. "Desde o início, fizemos todo o possível para nos
aproximarmos da comunidade,
dizendo que a música está aqui e é
para o povo. Esta é a sala do povo.
Está sendo erguida com o dinheiro do povo", disse. A Prefeitura de
Nova York doou US$ 28 milhões;
o Estado de Nova York contribuiu
com outros US$ 3,5 milhões, e o
governo federal, com US$ 2,2 milhões. O Jazz at Lincoln Center já
levantou quase todo o restante do
orçamento junto a doadores privados, faltando US$ 14 milhões.
Quando o Time Warner Center
estava sendo planejado, a prefeitura exigiu que incluísse uma presença significativa para as artes.
Sob a égide do então prefeito Rudolph Giuliani, amante da ópera,
essa idéia iria, originalmente, traduzir-se em um teatro de ópera.
Parte da nova instituição de jazz
ainda poderá sediar apresentações de ópera em escala total. Mas
o centro foi criado com vistas ao
jazz e ao ensino do jazz.
Diferentemente da maioria dos
centros de arte performática, o
complexo vai incluir um centro
moderno de gravação e transmissão de áudio e vídeo, preparado
para produzir desde rádio e televisão de alta definição até aprendizado à distância pela internet.
Desde 1991, o Jazz at Lincoln
Center apresentou a maioria de
seus concertos nas salas Alice
Tully e Avery Fisher Halls. São auditórios que estão longe de serem
ideais para o jazz, já que foram
construídos para abrigar concertos de música erudita acústica.
O jazz exige ambientes que tenham menos reverberação do
que as salas de música erudita,
mas que não sejam tão absorventes a ponto de fazer o som dos instrumentos perder seu calor. A
maioria dos ambientes que possui
acústica boa para grupos de jazz
tem sido descoberta por acaso:
clubes em porões, salões de baile
lotados, pequenas casas de ópera.
E são esses os lugares que serviram de modelo para a casa.
A sala Rose Hall vai incluir um
espaço de concertos, um misto de
cabaré e salão de baile e um clube
pequeno que terá apresentações
diárias de músicos de jazz.
A sala de concertos, Rose Theater, foi inspirada nas pequenas casas de ópera italianas. Foi projetada para ser flexível, já que também se pretende que seja usada
para exibições de filmes, apresentações de dança, teatro e ópera.
O teatro inclui ainda 11 torres
móveis que contêm fileiras de assentos -Marsalis os compara a
varandas em Nova Orleans-, de
modo que o público pode variar
entre 1.100 e 1.231 pessoas.
Tradução Clara Allain
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