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Mônica Bergamo
bergamo@folhasp.com.br
François Duhamel
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EXCLUSIVO
OLIVER STONE DIZ QUE LULA NÃO DEVE CONFIAR EM ELOGIOS DE OBAMA
O cineasta americano
Oliver Stone ("Platoon",
"JFK", entre outros) chega
ao Brasil na segunda, 31,
para lançar "Ao Sul da
Fronteira", documentário
sobre sete presidentes da
América Latina -com destaque para o venezuelano
Hugo Chávez, de quem é
admirador. Por telefone, de
seu escritório, em Los Angeles, Stone falou à coluna:
Folha - Como é Chávez?
Oliver Stone - Ele é muito
acolhedor e amoroso. As
notícias sobre ele nos EUA
têm sido muito negativas,
porque ele mudou as regras. Fez coisas que nenhum outro, exceto [Fidel]
Castro, havia feito. Ele tem
feito coisas novas, assim como Néstor Kirchner na Argentina e Lula no Brasil. Como Cristina Kirchner diz no
filme, as pessoas que estão
no poder na América do Sul
têm o semblante do povo
que as elegeu. Hugo Chávez
é um soldado e obviamente
tem algumas das falhas de
um soldado. Lula é um sindicalista e tem algumas das
falhas de um sindicalista.
Mas ambos representam
uma grande mudança. E eu
espero que dê certo. Porque
é o desejo de controlar o seu
próprio destino, de ser levado a sério, de não ser ignorado.
O filme é pró-Chávez?
Não é pró-Chávez. Apenas mostra honestamente o
que ele está fazendo e o que
estão dizendo sobre ele.
Não é um documentário
longo que vai defender tudo, é uma "roadtrip". Se
fosse pró-Chávez, ele teria
três horas a mais.
O presidente Hugo Chávez
tenta controlar a mídia na
Venezuela...
[Interrompendo] Não
mesmo. 80% da mídia na
Venezuela é privada, dirigida por ricos que falam mal
do governo. Chávez brigou
pela liberdade de expressão. Alguns canais e revistas convocaram greves e
chamaram as pessoas para
um golpe de Estado em
2002. Em meu país, se você
fizer isso, sua licença [de
TV] será retirada.
Há relatos de jornalistas sobre a pressão do governo.
Estou falando do que vi e
ouvi. O governo respeita a
liberdade de imprensa, exceto nos casos em que a mídia desrespeita a lei ou tenta um golpe. Aí as licenças
das empresas de comunicação não são renovadas. A
maioria das TVs do país é
dirigida por lunáticos, caras
de direita que perderam seu
poder quando Chávez nacionalizou o petróleo. É
uma das imprensas mais
histéricas que já vi.
O sr. desaprova algo no governo de Chávez?
Ele comete erros assim
como qualquer outro governo do mundo. Mas 75% votaram nele em 2006. Nos
EUA, a votação de Obama
não chegou nem perto. Você não tem ideia de quão
pobre era a Venezuela antes
de Chávez. Parte por causa
do neoliberalismo praticado, inclusive, no seu país, o
Brasil. Washington e o FMI
não têm interesse, de coração, nas pessoas. Chávez,
Lula, Kirchner, [o boliviano
Evo] Morales têm. E pagam
o preço sendo criticados por
pessoas que têm dinheiro e
controlam a mídia.
No filme, Lula diz que só
quer ser tratado com igualdade. Ele está sendo?
Por quem?
Por líderes do mundo.
Não. Ele e os outros líderes da América do Sul ainda
são ignorados. Eu admiro
muito o Lula. Ele fez uma
coisa nobre indo ao Irã. Ele
está tentando manter a sanidade, manter suas posições. Os americanos e europeus acreditam que podem
controlar o mundo. Lula representa uma terceira via,
de quem não quer a guerra,
um caminho fora dessa loucura. Os EUA costumam dizer que Chávez é a má esquerda e Lula, a boa. Isso é
nonsense. Obama apoiou
Lula até quando ele cruzou
a linha.
Ele disse que Lula é "o cara".
Eu não confiaria nos
EUA. Os americanos sempre jogaram com os brasileiros desde que pudessem
controlá-los. Apoiaram o
golpe militar no país em 1964.
O Brasil sempre esteve no bolso de trás dos EUA, mas agora
eles têm que ser mais espertos. Sabem que não podem
controlar o Brasil. E Lula é
muito importante. Ele se dá
com Chávez, com os Kirchner,
e com a Colômbia, o Peru e o
México, que são aliados dos
Estados Unidos.
E Obama?
Nós estamos tentando. Ele
é um homem racional, ético,
mas faz parte de um grande
sistema. Se ele não estivesse
lá, estaria John McCain ou Sarah Palin. Você prefere eles?
Eu não. Mas, em relação à
América Latina, Obama está
jogando o mesmo jogo. A reação americana ao golpe em
Honduras foi típica.
O sr. vai fazer um documentário sobre o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad?
Não estou pensando nisso
no momento. Houve um problema de comunicação. Eu
quis fazer o filme, e ele [Ahmadinejad] não quis. Quando
ele quis, eu estava fazendo o
filme "W", sobre George W.
Bush.
(LÍGIA MESQUITA)
"Obama apoiou Lula até
quando ele cruzou a linha."
"A maioria das TVs da Venezuela
é dirigida por lunáticos de
direita. É uma das imprensas
mais histéricas que já vi."
OLIVER STONE
PRATO
CHEIO
Ameaçado de fechar
as portas após perder o
patrocínio do banco
HSBC, o cinema Belas
Artes, na rua da Consolação, está negociando
com um grupo de restaurantes para obter receita e manter as atividades. "A ideia seria o
cliente acrescentar um
valor na conta, que iria
para um fundo de ajuda
ao espaço", diz André
Sturm, sócio do cine.
PRATO CHEIO 2
A iniciativa partiu de 14
restaurantes, entre outros, Le
Casserole, Arabia e Ici Bistrô.
A primeira reunião para detalhar o projeto estava marcada para ontem.
PAUS E PEDRAS
A opinião, crescente no
governo federal, de que o Estado e a prefeitura deveriam
ajudar a bancar a reforma do
Morumbi para a Copa de 2014
não encontra eco no comitê
paulista para o Mundial.
"Não existe a menor hipótese
de colocarmos dinheiro no
estádio. Seria um escândalo", diz um integrante graduado do órgão.
FESTA DE BACO
O 3º Leilão de Vinhos da
Apae-SP arrecadou cerca de
R$ 1,1 milhão anteontem. O
maior lance, de R$ 14,5 mil,
foi para uma garrafa de Chateau Petrus. Tanto o doador
quanto o comprador da bebida preferem se manter no
anonimato.
SE VIREM NOS 30
A uma hora do embarque
da seleção brasileira para
Brasília, ontem, os funcionários da TAM tiveram uma
missão especial no aeroporto
de Curitiba: encontrar a mala
de Jorginho, auxiliar técnico
de Dunga. As bagagens dos
jogadores e da comissão técnica haviam sido retiradas do
hotel horas antes do voo, para não atrasar a decolagem.
Com as malas já no avião,
Jorginho se lembrou de que
precisava de um casaco.
ESPRAIADAS
A Prefeitura de São Paulo
diz que remanejou verbas da
urbanização de favelas para
turismo porque havia "saldo
extra" nas operações da
Água Espraiada e do Real
Parque -e que as obras naqueles dois lugares não serão
afetadas. Os R$ 32 milhões
realocados vão financiar
campanhas de promoção turística da capital paulista no
interior, em outros Estados e
no exterior.
CONEXÃO FRANÇA
A produtora Lulu Librandi promoveu jantar para homenagear
a atriz francesa Fanny Ardant. A
festa ocorreu na casa de Mariangela Bordon, nos Jardins.
CURTO-CIRCUITO
Emannuel Andre, COO da
TBWA, está no Brasil para a
inauguração da exposição
"Ubuntu", de fotos que fez em
Soweto, na África do Sul. Hoje,
às 19h, no MuBE.
Antonio Patriota, secretário-geral do Itamaraty, fala sobre desafios e oportunidades
no Haiti pós-terremoto, hoje,
às 14h, no auditório da sede do
Ipea, em Brasília.
O espetáculo "Meninas da
Loja", de autoria de Caco Galhardo, com Chris Couto,
Cynthia Falabella, Mari Nogueira e Martha Nowill, tem
estreia hoje, às 21h, no Espaço
Parlapatões. 14 anos.
com DIÓGENES CAMPANHA, LEANDRO NOMURA e LÍGIA MESQUITA
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