São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2010

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ANÁLISE

Maior projeção internacional se deu com uso de temas históricos

FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO

Adriana Varejão faz parte de uma geração de artistas brasileiros que já nos anos 1990 conseguiu grande projeção no exterior.
Nesse período, de intensa internacionalização no sistema de arte, as obras de Varejão, assim como as de Ernesto Neto e de Beatriz Milhazes, outros integrantes desse grupo, ganharam impulso por suas vinculações a uma temática brasileira.
Neto se destacou por recuperar a presença do espectador e o uso dos sentidos, marcas do neoconcretismo, Milhazes por usar cores e formas tropicais e Varejão por tematizar o passado barroco e colonial.
Em "Carne à Moda de Frans Post" (1996), por exemplo, a artista reconstitui pinturas que retratam o Brasil no século 17, abrindo-as em vísceras, como se fossem realizadas sobre corpos humanos, numa possível referencia às torturas vividas na escravidão.
Esse procedimento que usa a qualidade técnica da pintura para um questionamento político da história brasileira, dando visibilidade a uma violência sempre um tanto escondida, está também, por exemplo, em sua série "Línguas e Cortes" (1995-2005).
E foi o procedimento que colocou Adriana Varejão em importantes instituições internacionais, entre elas a Tate, de Londres, e a Fundação Cartier, em Paris.
A partir de 2001, com a série "Saunas e Banhos", sua obra conquista maior preciosismo na forma, ao retratar com grande impacto os espaços que dão nome a essa série, abandonando em parte a questão política.
Nos últimos anos, sua mais impressionante obra foi seu próprio pavilhão, no Instituto Inhotim (MG), aberto em 2008, no idílico espaço criado por seu marido, Bernardo Paz.


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