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VERÃO 2002
Em sua décima edição, evento de moda de SP destaca Lorenzo Merlino, Giuliano Menegazzo e Mareu Nitschke
Jovens crescem na Casa de Criadores
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
Terminou anteontem em São
Paulo a décima edição da Casa de
Criadores, o evento de moda que
se presta a projetar jovens talentos
na cena fashion nacional. Foram
quatro dias de desfiles no estádio
do Pacaembu que, pela primeira
vez, aconteceram antes da São
Paulo Fashion Week, o principal
evento de moda do país, que começa hoje (veja ao lado).
Um diferencial foi a participação do estilista Ocimar Versolato,
que abriu e fechou o evento com
sua coleção jeanswear e luxo, respectivamente. A entrada de Versolato foi polêmica: para muitos,
ele pouco tem a ver com esse meio
dos jovens iniciantes. Destoou o
primeiro desfile, mais pelo atraso
de três horas (o atraso foi praxe
no evento) do que pelo conteúdo,
já que o luxo teve apropriada cara
de participação especial.
De toda forma, Versolato ocupou um espaço -mesmo nessas
linhas- que seria para os novos
criadores. Ele tem possibilidade
de atenção e patrocínio próprios,
pode desfilar em caráter independente. No primeiro, com edição
um tanto confusa, destacam-se o
jeans com tratamento e modelagem de alfaiataria, peças clássicas
como vestidos secos de malha e
vestidos em cetim changeant; a
camisa que revela, em Jeísa.
No luxo, na linha curiosamente
batizada "Paris", Versolato desfilou à volta da piscina do estádio
36 vestidos de noite em um casting de tops, exercitando-se no
que sabe fazer de melhor: vestidos
reveladores com arquitetura de
construção em blocos, suspensos
por alças finíssimas e assimetria.
O que está diferente de seus vestidos em Paris? Aparentemente, a
excelência da mão-de-obra.
O primeiro dia foi dedicado aos
novíssimos, no projeto Lab. O nome é isso mesmo: o de um laboratório de idéias. Destacaram-se Simone Nunes, numa interessante e
feminina coleção de meninas perversas, lidando bem com materiais de diferentes pesos. Tem informação de moda e futuro garantido na indústria.
O carioca André Camacho demonstra evolução em sua terceira
participação, com uma coleção
comercial e básica em brancos e
cáquis. Karlla Girotto, ainda que
imersa em alguma pretensão,
trouxe bailarinas punks futuristas, criando volumes e desfiando
tecidos, obtendo boas imagens.
No line-up principal, os grandes
destaques foram Mareu Nitschke,
em sensível coleção sadomasoquista com approach "natural", e
Lorenzo Merlino, com verão leve
e inteligente, cheio de referências
de moda e novos comprimentos.
São suas melhores coleções.
Giuliano estreou bem com caprichada coleção street -só que
das ruas de Londres. Styling esperto e proporções acertadas,
prova do crescimento do estilista
Giuliano Menegazzo. Rodrigo
Fraga também acertou -coleção
pop canina com ótima estamparia e streetwear; Giselle Nasser
conseguiu progressos, com desenhos circulares e perfume chinês
nas túnicas e blusas. A simpática
Viva la Raza, de Fernando Sommer, brincou de styling tibetano e
acertou nas saias feitas com náilon e matelassê. Jotta Sybbalena
melhorou muito, sobretudo no
acabamento; sua seção de estamparia heavy metal é pura delícia
fashion. É hit. Eduardo Inagaki,
outra estréia, mostra que tem ironia, técnica e informação em divertida coleção dadaísta.
Marcelo Quadros costurou vestidos cocktail em vermelho e rosa;
Jum Nakao (sob efeito Ronaldo
Fraga) se perdeu em coleção inspirada em Sebastião Salgado, e
Maruzia Fernandes não avançou,
com coleção inspirada no fundo
do mar e um certo déjà vu.
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