São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2001

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VERÃO 2002

Em sua décima edição, evento de moda de SP destaca Lorenzo Merlino, Giuliano Menegazzo e Mareu Nitschke

Jovens crescem na Casa de Criadores

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

Terminou anteontem em São Paulo a décima edição da Casa de Criadores, o evento de moda que se presta a projetar jovens talentos na cena fashion nacional. Foram quatro dias de desfiles no estádio do Pacaembu que, pela primeira vez, aconteceram antes da São Paulo Fashion Week, o principal evento de moda do país, que começa hoje (veja ao lado).
Um diferencial foi a participação do estilista Ocimar Versolato, que abriu e fechou o evento com sua coleção jeanswear e luxo, respectivamente. A entrada de Versolato foi polêmica: para muitos, ele pouco tem a ver com esse meio dos jovens iniciantes. Destoou o primeiro desfile, mais pelo atraso de três horas (o atraso foi praxe no evento) do que pelo conteúdo, já que o luxo teve apropriada cara de participação especial.
De toda forma, Versolato ocupou um espaço -mesmo nessas linhas- que seria para os novos criadores. Ele tem possibilidade de atenção e patrocínio próprios, pode desfilar em caráter independente. No primeiro, com edição um tanto confusa, destacam-se o jeans com tratamento e modelagem de alfaiataria, peças clássicas como vestidos secos de malha e vestidos em cetim changeant; a camisa que revela, em Jeísa.
No luxo, na linha curiosamente batizada "Paris", Versolato desfilou à volta da piscina do estádio 36 vestidos de noite em um casting de tops, exercitando-se no que sabe fazer de melhor: vestidos reveladores com arquitetura de construção em blocos, suspensos por alças finíssimas e assimetria. O que está diferente de seus vestidos em Paris? Aparentemente, a excelência da mão-de-obra.
O primeiro dia foi dedicado aos novíssimos, no projeto Lab. O nome é isso mesmo: o de um laboratório de idéias. Destacaram-se Simone Nunes, numa interessante e feminina coleção de meninas perversas, lidando bem com materiais de diferentes pesos. Tem informação de moda e futuro garantido na indústria.
O carioca André Camacho demonstra evolução em sua terceira participação, com uma coleção comercial e básica em brancos e cáquis. Karlla Girotto, ainda que imersa em alguma pretensão, trouxe bailarinas punks futuristas, criando volumes e desfiando tecidos, obtendo boas imagens.
No line-up principal, os grandes destaques foram Mareu Nitschke, em sensível coleção sadomasoquista com approach "natural", e Lorenzo Merlino, com verão leve e inteligente, cheio de referências de moda e novos comprimentos. São suas melhores coleções.
Giuliano estreou bem com caprichada coleção street -só que das ruas de Londres. Styling esperto e proporções acertadas, prova do crescimento do estilista Giuliano Menegazzo. Rodrigo Fraga também acertou -coleção pop canina com ótima estamparia e streetwear; Giselle Nasser conseguiu progressos, com desenhos circulares e perfume chinês nas túnicas e blusas. A simpática Viva la Raza, de Fernando Sommer, brincou de styling tibetano e acertou nas saias feitas com náilon e matelassê. Jotta Sybbalena melhorou muito, sobretudo no acabamento; sua seção de estamparia heavy metal é pura delícia fashion. É hit. Eduardo Inagaki, outra estréia, mostra que tem ironia, técnica e informação em divertida coleção dadaísta.
Marcelo Quadros costurou vestidos cocktail em vermelho e rosa; Jum Nakao (sob efeito Ronaldo Fraga) se perdeu em coleção inspirada em Sebastião Salgado, e Maruzia Fernandes não avançou, com coleção inspirada no fundo do mar e um certo déjà vu.



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