|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Castelo à beira-mar
TV Cultura estréia segunda-feira "Ilha Rá-Tim-Bum", projeto desenvolvido pela emissora durante cinco anos
|
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de mais de cinco anos
na gaveta da TV Cultura, o seriado infanto-juvenil "Ilha Rá-Tim-Bum" tem estréia marcada para a
próxima segunda-feira.
Desde o bem-sucedido "Castelo
Rá-Tim-Bum", esse é o maior
projeto da emissora.
Por isso, "Ilha"-que vai ao ar
de segunda a sexta, às 12h30,
15h30 e 19h30- está cercada de
expectativas. Uma delas é aumentar a audiência da emissora, que
chegou a atormentar as emissoras
comerciais, com picos de até 12
pontos na época em que "Castelo" foi produzido.
Com um custo de cerca de R$ 10
milhões, o novo seriado pretende
reconquistar o público infantil,
que migrou para outros canais
com o fim de "Castelo". A emissora decidiu que uma das exibições
será em horário nobre (cada episódio, com meia hora, irá ao ar
três vezes por dia).
Mas o Ibope não é o único alvo
do seriado. "Ilha" também irá investir na venda de CDs e licenciamento da marca. E há planos de
produção de um longa-metragem
e de uma peça de teatro.
Com 52 capítulos gravados para
a primeira fase, escritos por Flávio
de Souza (autor do "Castelo") e
dirigidos por Maísa Zakzuk e Fernando Gomes, a série conta a história de um grupo de jovens e
crianças que se perde em uma ilha
deserta. O trajeto que os personagens farão na tentativa de voltar
para casa será uma metáfora da
história da humanidade.
Sobre essa nova aventura da TV
Cultura, Jorge da Cunha Lima,
presidente da Fundação Padre
Anchieta -que administra a
emissora-, deu entrevista à Folha, por e-mail.
Folha - "Ilha Rá-Tim-Bum" é o primeiro grande projeto da TV Cultura
depois de "Castelo Rá-Tim-Bum". O
que o sr. tem de expectativas quanto a essa estréia?
Jorge da Cunha Lima - De fato, o
"Ilha Rá-Tim-Bum" é o maior
projeto infantil da TV Cultura depois do "Castelo". Nossas expectativas são de criar um segmento
de programação inteiramente
voltado para a criança, liderado
pelo "Ilha".
Em si, "Ilha" não representa
uma nova fase para a emissora. A
nova fase foi determinada já há
um ano, quando se resolveu fazer
na TV Cultura uma programação
alternativa, radical, em contraste
com as programações mercadológicas de baixo nível que crescem
nas televisões abertas comerciais.
Folha - O seriado retoma a produção da Cultura de programas para o
público infanto-juvenil. Existe a intenção de focar mais os investimentos neste público?
Cunha Lima - Sim, existe a intenção de fazer novos investimentos
exatamente para consolidar essa
grade infanto-juvenil. Esses investimentos consistem na reformulação do "X-Tudo" e do "Cocoricó", na compra dos melhores
programas infantis produzidos
na Europa, Canadá, EUA e Austrália -a exemplo de "Caillou" e
"Rupert", que já fazem parte de
nossa grade, e da produção, já em
andamento, de uma série adolescente que, embora de ficção, tem
locações numa escola real.
Folha - O sr. costuma dizer que a
audiência quantitativa não é o
mais importante para a TV Cultura.
Então, pode-se afirmar que "Ilha"
não tem uma meta numérica a atingir no Ibope?
Cunha Lima - O que eu costumo
dizer é que a busca, necessária, da
audiência não pode prevalecer sobre a qualidade da programação.
A TV pública não tem o rabo preso com o mercado. Tem compromisso com a sociedade.
Por outro lado, em todo o mundo, o poder de fogo pequeno das
televisões educativas e culturais se
satisfaz com a equação "prestígio
mais quatro pontos médios de audiência". O custo-benefício nessa
performance é bastante razoável,
quando sabemos que o orçamento das TVs públicas é de dez a 20
vezes menor que o das comerciais
-e sua qualidade é, em alguns
casos, duas ou três vezes melhor.
É evidente que pretendemos aumentar nossa audiência com
"Ilha", embora sejam pequenos
os recursos da TV Cultura para
promoção.
Folha - "Ilha Rá-Tim-Bum" foi
pensado há cinco anos. Por que a
estréia foi adiada várias vezes durante esse período?
Cunha Lima - Primeiro, tínhamos de chegar a um conteúdo que
correspondesse ao desafio de
criar um grande produto depois
do sucesso do "Castelo". Segundo, falta de dinheiro, que coincidiu com os períodos de cortes no
orçamento público. Terceiro, a
expectativa com relação aos novos paradigmas tecnológicos. Se a
estréia houvesse ocorrido cinco
anos atrás, a captação de imagens
para "Ilha" não teria se dado no
sistema digital, nem a série poderia contar com recursos visuais da
computação gráfica.
Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: Televisão: Cultura usa estratégia comercial para promover "Ilha" Índice
|