São Paulo, quinta-feira, 27 de junho de 2002

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Castelo à beira-mar


TV Cultura estréia segunda-feira "Ilha Rá-Tim-Bum", projeto desenvolvido pela emissora durante cinco anos


LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de mais de cinco anos na gaveta da TV Cultura, o seriado infanto-juvenil "Ilha Rá-Tim-Bum" tem estréia marcada para a próxima segunda-feira.
Desde o bem-sucedido "Castelo Rá-Tim-Bum", esse é o maior projeto da emissora.
Por isso, "Ilha"-que vai ao ar de segunda a sexta, às 12h30, 15h30 e 19h30- está cercada de expectativas. Uma delas é aumentar a audiência da emissora, que chegou a atormentar as emissoras comerciais, com picos de até 12 pontos na época em que "Castelo" foi produzido.
Com um custo de cerca de R$ 10 milhões, o novo seriado pretende reconquistar o público infantil, que migrou para outros canais com o fim de "Castelo". A emissora decidiu que uma das exibições será em horário nobre (cada episódio, com meia hora, irá ao ar três vezes por dia).
Mas o Ibope não é o único alvo do seriado. "Ilha" também irá investir na venda de CDs e licenciamento da marca. E há planos de produção de um longa-metragem e de uma peça de teatro.
Com 52 capítulos gravados para a primeira fase, escritos por Flávio de Souza (autor do "Castelo") e dirigidos por Maísa Zakzuk e Fernando Gomes, a série conta a história de um grupo de jovens e crianças que se perde em uma ilha deserta. O trajeto que os personagens farão na tentativa de voltar para casa será uma metáfora da história da humanidade.
Sobre essa nova aventura da TV Cultura, Jorge da Cunha Lima, presidente da Fundação Padre Anchieta -que administra a emissora-, deu entrevista à Folha, por e-mail.

Folha - "Ilha Rá-Tim-Bum" é o primeiro grande projeto da TV Cultura depois de "Castelo Rá-Tim-Bum". O que o sr. tem de expectativas quanto a essa estréia?
Jorge da Cunha Lima -
De fato, o "Ilha Rá-Tim-Bum" é o maior projeto infantil da TV Cultura depois do "Castelo". Nossas expectativas são de criar um segmento de programação inteiramente voltado para a criança, liderado pelo "Ilha".
Em si, "Ilha" não representa uma nova fase para a emissora. A nova fase foi determinada já há um ano, quando se resolveu fazer na TV Cultura uma programação alternativa, radical, em contraste com as programações mercadológicas de baixo nível que crescem nas televisões abertas comerciais.

Folha - O seriado retoma a produção da Cultura de programas para o público infanto-juvenil. Existe a intenção de focar mais os investimentos neste público?
Cunha Lima -
Sim, existe a intenção de fazer novos investimentos exatamente para consolidar essa grade infanto-juvenil. Esses investimentos consistem na reformulação do "X-Tudo" e do "Cocoricó", na compra dos melhores programas infantis produzidos na Europa, Canadá, EUA e Austrália -a exemplo de "Caillou" e "Rupert", que já fazem parte de nossa grade, e da produção, já em andamento, de uma série adolescente que, embora de ficção, tem locações numa escola real.

Folha - O sr. costuma dizer que a audiência quantitativa não é o mais importante para a TV Cultura. Então, pode-se afirmar que "Ilha" não tem uma meta numérica a atingir no Ibope?
Cunha Lima -
O que eu costumo dizer é que a busca, necessária, da audiência não pode prevalecer sobre a qualidade da programação. A TV pública não tem o rabo preso com o mercado. Tem compromisso com a sociedade.
Por outro lado, em todo o mundo, o poder de fogo pequeno das televisões educativas e culturais se satisfaz com a equação "prestígio mais quatro pontos médios de audiência". O custo-benefício nessa performance é bastante razoável, quando sabemos que o orçamento das TVs públicas é de dez a 20 vezes menor que o das comerciais -e sua qualidade é, em alguns casos, duas ou três vezes melhor. É evidente que pretendemos aumentar nossa audiência com "Ilha", embora sejam pequenos os recursos da TV Cultura para promoção.

Folha - "Ilha Rá-Tim-Bum" foi pensado há cinco anos. Por que a estréia foi adiada várias vezes durante esse período?
Cunha Lima -
Primeiro, tínhamos de chegar a um conteúdo que correspondesse ao desafio de criar um grande produto depois do sucesso do "Castelo". Segundo, falta de dinheiro, que coincidiu com os períodos de cortes no orçamento público. Terceiro, a expectativa com relação aos novos paradigmas tecnológicos. Se a estréia houvesse ocorrido cinco anos atrás, a captação de imagens para "Ilha" não teria se dado no sistema digital, nem a série poderia contar com recursos visuais da computação gráfica.



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