São Paulo, sexta-feira, 27 de junho de 2008

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Jamie Lidell volta menos soul e mais pop em 3º CD

Inglês lança disco "com 30% menos de gordura" e participação da cantora Peaches

Músico busca pôr "marca pessoal" em trabalho mais acessível ao público; no Tim Festival, diz, sentiu ciúme dos Strokes no palco principal

BRUNA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Jamie Lidell parece uma versão moderna de Stevie Wonder, ou uma variação masculina de Amy Winehouse, sem vocação para os tablóides, como ele mesmo compara. Talentoso crooner, o inglês bebe do soul e do funk de décadas passadas, de cantores como Marvin Gaye e Otis Redding, ao que juntou sua experiência com a música eletrônica.
Artista da Warp -selo inglês de nomes experimentais como Battles e Autechre-, Lidell lançou em 2000 um álbum voltado à música eletrônica, antes de enveredar pela música negra em "Multiply", disco de 2005 que marcou essa sua transição e o colocou em evidência. "Comecei ouvindo Prince.
Depois vieram Sly and the Family Stone, Funkadelic e muita música pop", disse o músico inglês à Folha, por e-mail. "Jim", seu terceiro e recém-lançado álbum, olha menos para o funk e o soul e mais para a música pop. "Eu queria fazer um disco de que gostasse, um disco pop que tivesse uma marca pessoal." E o fez.
A alegre "Another Day", que abre o disco, sintetiza a idéia do cantor, que produziu um álbum mais simples e acessível ao público do que o seu anterior. "Existe 30% menos de gordura em "Jim'", diz referindo-se ao elaborado "Multiply".
"Jim" foi co-produzido por Mocky, antigo colaborador de Lidell, que assina a produção de "Reminder" -neste segundo disco de Feist, Lidell canta, discretamente, em algumas faixas. Gonzales, outro colaborador de Feist, tocou teclado no disco, que conta ainda com Peaches, polêmica cantora de electro, entre seus convidados.

Ciúme
Além da reverência à música negra, Lidell ficou conhecido por suas apresentações ao vivo, do festival inglês Glastonbury ao programa de TV de Jools Holland. Sozinho, comanda uma parafernália eletrônica, sobrepõe camadas de vocais e recria suas canções -show que os brasileiros puderam conferir no Tim Festival de 2005.
"Eu me lembro de ter visto os Strokes em um palco gigante e de ter ficado com ciúme", brinca, sobre ter tocado em um palco menor da edição carioca do evento. "Foi um show maluco, futurista, livre", lembra.
Lidell diz que deve muito da "besteira" que faz ao vivo ao jazz. "Meus shows são essencialmente música improvisada. Tenho um antigo vínculo com o gênero. Na maior parte do tempo, só deixo a música me levar." A performance do inglês chamou a atenção de Beck, que convidou Lidell para abrir alguns dos seus shows. "Nós dividimos o palco e o estúdio algumas vezes. O homem é uma máquina, nunca pára de planejar. Ele faz você acreditar que qualquer coisa é possível."


JIM
Artista:
Jamie Lidell
Gravadora: Warp Records
Quanto: U$ 13 (R$ 20,80, mais taxas em www.amazon.com)


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