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Jamie Lidell volta menos soul e mais pop em 3º CD
Inglês lança disco "com 30% menos de gordura" e participação da cantora Peaches
Músico busca pôr "marca pessoal" em trabalho mais acessível ao público; no Tim Festival, diz, sentiu ciúme dos Strokes no palco principal
BRUNA BITTENCOURT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Jamie Lidell parece uma versão moderna de Stevie Wonder, ou uma variação masculina
de Amy Winehouse, sem vocação para os tablóides, como ele
mesmo compara.
Talentoso crooner, o inglês
bebe do soul e do funk de décadas passadas, de cantores como
Marvin Gaye e Otis Redding, ao
que juntou sua experiência
com a música eletrônica.
Artista da Warp -selo inglês
de nomes experimentais como
Battles e Autechre-, Lidell lançou em 2000 um álbum voltado
à música eletrônica, antes de
enveredar pela música negra
em "Multiply", disco de 2005
que marcou essa sua transição
e o colocou em evidência.
"Comecei ouvindo Prince.
Depois vieram Sly and the Family Stone, Funkadelic e muita
música pop", disse o músico inglês à Folha, por e-mail.
"Jim", seu terceiro e recém-lançado álbum, olha menos para o funk e o soul e mais para a
música pop. "Eu queria fazer
um disco de que gostasse, um
disco pop que tivesse uma marca pessoal." E o fez.
A alegre "Another Day", que
abre o disco, sintetiza a idéia do
cantor, que produziu um álbum mais simples e acessível
ao público do que o seu anterior. "Existe 30% menos de
gordura em "Jim'", diz referindo-se ao elaborado "Multiply".
"Jim" foi co-produzido por
Mocky, antigo colaborador de
Lidell, que assina a produção
de "Reminder" -neste segundo disco de Feist, Lidell canta,
discretamente, em algumas faixas. Gonzales, outro colaborador de Feist, tocou teclado no
disco, que conta ainda com
Peaches, polêmica cantora de
electro, entre seus convidados.
Ciúme
Além da reverência à música
negra, Lidell ficou conhecido
por suas apresentações ao vivo,
do festival inglês Glastonbury
ao programa de TV de Jools
Holland. Sozinho, comanda
uma parafernália eletrônica,
sobrepõe camadas de vocais e
recria suas canções -show que
os brasileiros puderam conferir
no Tim Festival de 2005.
"Eu me lembro de ter visto os
Strokes em um palco gigante e
de ter ficado com ciúme", brinca, sobre ter tocado em um palco menor da edição carioca do
evento. "Foi um show maluco,
futurista, livre", lembra.
Lidell diz que deve muito da
"besteira" que faz ao vivo ao
jazz. "Meus shows são essencialmente música improvisada.
Tenho um antigo vínculo com o
gênero. Na maior parte do tempo, só deixo a música me levar."
A performance do inglês chamou a atenção de Beck, que
convidou Lidell para abrir alguns dos seus shows. "Nós dividimos o palco e o estúdio algumas vezes. O homem é uma máquina, nunca pára de planejar. Ele faz você acreditar que
qualquer coisa é possível."
JIM
Artista: Jamie Lidell
Gravadora: Warp Records
Quanto: U$ 13 (R$ 20,80, mais taxas em www.amazon.com)
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