São Paulo, sábado, 27 de junho de 2009

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TELEVISÃO

crítica

Kieslowski usa a arte como substituta ineficaz da dor

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O que é forte em "A Liberdade É Azul" (Futura, 22h30; 12 anos): uma mulher, após a morte do marido e do filho, frequenta regularmente uma piscina. Cada vez que ela mergulha, deixa a sensação de que pode não voltar nunca mais.
Também é forte, no filme do polonês Kieslowski, o modo de apresentar Paris, uma cidade a cujo encanto os cineastas franceses costumam resistir.
O que é fraco: a história da composição de uma sinfonia dedicada à Europa, que atravessa quase todo o filme.
A música (a arte) entra um pouco como substituta da dor. Como se a arte resgatasse as vidas perdidas, mas também evocasse tudo o que a Europa foi (em termos de destruição) antes de encontrar a harmonia de um concerto. Pode-se louvar a boa intenção e registrar sua ineficácia. Ela serve, basicamente, para garantir o estatuto "artístico" da empreitada.


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