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TELEVISÃO
crítica
Kieslowski usa a arte como substituta ineficaz da dor
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
O que é forte em "A Liberdade É Azul" (Futura, 22h30;
12 anos): uma mulher, após a
morte do marido e do filho, frequenta regularmente uma piscina. Cada vez que ela mergulha, deixa a sensação de que pode não voltar nunca mais.
Também é forte, no filme do
polonês Kieslowski, o modo de
apresentar Paris, uma cidade a
cujo encanto os cineastas franceses costumam resistir.
O que é fraco: a história da
composição de uma sinfonia
dedicada à Europa, que atravessa quase todo o filme.
A música (a arte) entra um
pouco como substituta da dor.
Como se a arte resgatasse as vidas perdidas, mas também evocasse tudo o que a Europa foi
(em termos de destruição) antes de encontrar a harmonia de
um concerto. Pode-se louvar a
boa intenção e registrar sua
ineficácia. Ela serve, basicamente, para garantir o estatuto
"artístico" da empreitada.
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