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Última Moda
ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br
Brás no horário nobre
Shopping de atacado Mega Polo Moda, no bairro paulista,
faz acordo com a Globo para fornecer roupas para novelas
Quase toda semana, a catarinense Janaíse Smal, 30, faz este
mesmo trajeto nas segundas-feiras: toma um ônibus em
Joinville às 21h30, viaja cerca
de 500 km, desembarca na terça pela manhã em São Paulo e
volta no mesmo dia, à noite.
Ela é dona de duas lojas de
moda feminina em sua cidade e
vem a São Paulo para se abastecer nas casas de atacado do
Brás, do Bom Retiro e da rua 25
de Março. A cada viagem, ela
gasta por volta de R$ 10 mil, e
sua primeira parada é sempre o
Mega Polo Moda, um shopping
encravado no coração do Brás.
Em setembro, o Mega Polo
Moda faz 15 anos. E o "mega"
do nome nada tem de exagerado. Atualmente, o conjunto de
85 mil m2 abriga 400 lojas, que
vendem juntas R$ 50 milhões
por mês, em média. São cerca
de 3 mil clientes por dia e, para
atendê-los, foi criada uma impressionante rede de serviços.
O local dispõe de um hotel de
4 andares e 136 quartos, heliponto, duas minirrodoviárias,
dormitórios para motoristas,
salas de descanso para os compradores, auditórios e um centro empresarial de 80 salas, a
maioria já ocupada por escritórios de indústrias têxteis.
Além do aniversário de 15
anos, o shopping tem agora um
outro motivo para comemorar:
acaba de fazer um acordo com
a TV Globo para fornecer roupas para as novelas. "Esta parceria vai ser nossa grande vitrine. Pretendemos ser o grande
difusor da moda no Brasil", diz
o superintendente do Mega
Polo Moda, Adelino Basilio.
A figurinista Emilia Duncan
já esteve no local para selecionar peças para a próxima novela das oito, "Duas Caras". "O figurino de TV tem algo de antropológico e deve ser aberto e
sem preconceitos. O Mega Polo
Moda é muito interessante,
porque dispõe de um leque extenso de opções", diz ela.
Para Wissam Ayache, um dos
diretores do shopping, o acordo vai ser a pá de cal no preconceito que existia em relação ao
Brás. "Éramos associados a
commodities, e não à moda.
Essa idéia já está sendo superada", afirma. Segundo ele, os
clientes do shopping estão buscando roupas cada vez mais diferenciadas, mesmo nas classes
C e D. "E também tivemos um
aumento dos consumidores de
classe B", completa.
Por isso mesmo, de segunda
a quinta que vem, o shopping
vai fazer a terceira edição de
sua semana de moda. Serão
quatro dias de desfiles de 283
grifes -com a apresentação de
1.415 looks! Dada a quantidade
de marcas, cada uma vai mostrar apenas cinco peças.
Elas são escolhidas por Alexandre Duarthe, consultor de
marketing de moda. "É como
fazer uma São Paulo Fashion
Week por dia, em volume de
marcas", diz ele, que atua ao lado de seu sócio, Flávio Oliveira.
Como o objetivo primordial
das marcas é fazer peças bem
comerciais, que atendam a demandas maciças, Duarthe precisa quebrar a cabeça para produzir desfiles que tenham algo
interessante do ponto de vista
da criação em moda.
"Fazemos um styling de auto-ajuda, tentando identificar o
ponto forte das marcas. O que
mais eu posso exigir de uma camiseta que, embora me pareça
fraca como criação, ao ser exibida no desfile já vendeu mais
de 3.000 peças?", diz Duarthe.
com VIVIAN WHITEMAN
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