São Paulo, sexta-feira, 27 de julho de 2007

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO - ultima.moda@folha.com.br

Brás no horário nobre

Shopping de atacado Mega Polo Moda, no bairro paulista, faz acordo com a Globo para fornecer roupas para novelas

Quase toda semana, a catarinense Janaíse Smal, 30, faz este mesmo trajeto nas segundas-feiras: toma um ônibus em Joinville às 21h30, viaja cerca de 500 km, desembarca na terça pela manhã em São Paulo e volta no mesmo dia, à noite.
Ela é dona de duas lojas de moda feminina em sua cidade e vem a São Paulo para se abastecer nas casas de atacado do Brás, do Bom Retiro e da rua 25 de Março. A cada viagem, ela gasta por volta de R$ 10 mil, e sua primeira parada é sempre o Mega Polo Moda, um shopping encravado no coração do Brás.
Em setembro, o Mega Polo Moda faz 15 anos. E o "mega" do nome nada tem de exagerado. Atualmente, o conjunto de 85 mil m2 abriga 400 lojas, que vendem juntas R$ 50 milhões por mês, em média. São cerca de 3 mil clientes por dia e, para atendê-los, foi criada uma impressionante rede de serviços.
O local dispõe de um hotel de 4 andares e 136 quartos, heliponto, duas minirrodoviárias, dormitórios para motoristas, salas de descanso para os compradores, auditórios e um centro empresarial de 80 salas, a maioria já ocupada por escritórios de indústrias têxteis.
Além do aniversário de 15 anos, o shopping tem agora um outro motivo para comemorar: acaba de fazer um acordo com a TV Globo para fornecer roupas para as novelas. "Esta parceria vai ser nossa grande vitrine. Pretendemos ser o grande difusor da moda no Brasil", diz o superintendente do Mega Polo Moda, Adelino Basilio.
A figurinista Emilia Duncan já esteve no local para selecionar peças para a próxima novela das oito, "Duas Caras". "O figurino de TV tem algo de antropológico e deve ser aberto e sem preconceitos. O Mega Polo Moda é muito interessante, porque dispõe de um leque extenso de opções", diz ela.
Para Wissam Ayache, um dos diretores do shopping, o acordo vai ser a pá de cal no preconceito que existia em relação ao Brás. "Éramos associados a commodities, e não à moda. Essa idéia já está sendo superada", afirma. Segundo ele, os clientes do shopping estão buscando roupas cada vez mais diferenciadas, mesmo nas classes C e D. "E também tivemos um aumento dos consumidores de classe B", completa.
Por isso mesmo, de segunda a quinta que vem, o shopping vai fazer a terceira edição de sua semana de moda. Serão quatro dias de desfiles de 283 grifes -com a apresentação de 1.415 looks! Dada a quantidade de marcas, cada uma vai mostrar apenas cinco peças.
Elas são escolhidas por Alexandre Duarthe, consultor de marketing de moda. "É como fazer uma São Paulo Fashion Week por dia, em volume de marcas", diz ele, que atua ao lado de seu sócio, Flávio Oliveira.
Como o objetivo primordial das marcas é fazer peças bem comerciais, que atendam a demandas maciças, Duarthe precisa quebrar a cabeça para produzir desfiles que tenham algo interessante do ponto de vista da criação em moda.
"Fazemos um styling de auto-ajuda, tentando identificar o ponto forte das marcas. O que mais eu posso exigir de uma camiseta que, embora me pareça fraca como criação, ao ser exibida no desfile já vendeu mais de 3.000 peças?", diz Duarthe.


com VIVIAN WHITEMAN


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