|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica/cinema/"Bobby"
Excesso de ambição do diretor prejudica "Bobby"
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Filho mais velho do ator
Martin Sheen, Emilio
Estevez sempre se empenhou em manter a tradição
liberal da família. Havia um lugar especial no amadurecimento de sua carreira e de seu ativismo para "Bobby", seu quarto
longa como diretor e roteirista,
mas as boas intenções não escondem a tentativa de dar um
salto maior do que a perna.
Em 5 de junho de 1968, o então senador Robert Kennedy
venceu as eleições primárias
dos democratas na Califórnia.
Era um passo decisivo para que
obtivesse a candidatura e enfrentasse, a exemplo do irmão,
o republicano Nixon na disputa
para presidente. Mas um atirador reordenou a campanha.
A idéia de que os EUA perderam ali a chance de tomar outro
rumo, capaz de antecipar a saída do Vietnã, evitar Watergate
e tornar o país hoje bem diferente, impregna o filme de Estevez. Para isso, ele recorre ao
próprio Kennedy, cujos discursos em defesa da política de integração racial e dos direitos civis pontuam a narrativa.
"Bobby" procura reviver a
efervescência política do período, não só pela temperatura
elevada dos palanques mas
também pelo cotidiano de figuras anônimas que circulavam
pelo hotel Ambassador, em Los
Angeles, no dia do assassinato.
A inspiração em Altman é
evidente na condução das tramas paralelas, carregadas de didatismo histórico. De alguma
forma, todos os pequenos dramas que se alinhavam precisam
espelhar os contrastes do momento, mesmo que só tenham a
ver com casos extraconjugais.
Atuar em "Bobby" representa uma espécie de comprometimento com as idéias de Kennedy, e um bocado de gente em Hollywood quis marcar presença, inclusive o próprio Estevez e, claro, Martin Sheen. William H. Macy, Demi Moore e Sharon Stone são alguns dos
presenteados com papéis que vão além do "eu estava no hotel
onde Kennedy foi morto".
BOBBY
Produção: EUA, 2006
Direção: Emilio Estevez
Com: Anthony Hopkins, Demi Moore,
Sharon Stone, Elijah Wood e outros
Quando: a partir de hoje, no Bristol,
Espaço Unibanco e circuito
Avaliação: regular
Texto Anterior: EUA e Inglaterra dominam disputa pelo Leão de Ouro Próximo Texto: Bienal: Conselho aprova Marcos Mendonça na vice-presidência Índice
|