São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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Crítica/DVD

Caixa mostra a força de "Lei & Ordem"

Série policial sobre crimes sexuais tem temporada lançada em DVD e é a terceira série mais vista da TV paga brasileira

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA REPORTAGEM LOCAL

Crianças abusadas, mulheres estupradas, incestos, perversidades em profusão... Não é nada cor-de-rosa a vida que aparece na série "Lei & Ordem: Unidade de Vítimas Especiais" (ou "Law & Order: Special Victims Unit", como é chamada até aqui no Brasil pelo Universal Channel), sobre o cotidiano de policiais especializados em crimes sexuais. Mas é muito difícil tirar o olho dela. Para quem ainda não é fã, a recém-lançada caixa com toda a terceira temporada (2001-2002) pode valer como uma iniciação de choque. O conjunto de 23 episódios é melhor do que os dois anteriores. A barra é tão pesada quanto, mas atores, personagens e histórias estão mais firmes. O ainda-não-fã pode afirmar que não existe essa história de barra pesada, pois tudo é ficção à americana, com bem realizados simulacros de realidade para satisfazer nossas fantasias recônditas -punitivas, sanguinolentas, voyeurísticas etc. Não estará errado. Mas, Freud e Adorno à parte, o que destaca "Lei & Ordem" da enxurrada de enlatados que nos soterra é a excelência de suas tramas e seus diálogos, somada às contradições dos personagens. Fosse outra luta do bem contra o mal pelas ruas de Nova York, seria um tosco mais-do-mesmo. É melhor do que isso. No Brasil, segundo o Ibope, "Lei & Ordem" é a terceira série mais vista da TV paga em 2008. Nos EUA, já amealhou 29 prêmios, incluindo um Globo de Ouro (2005) e um Emmy (2006) para Mariska Hargitay -que, aos três anos, estava no carro em que morreu a mãe, a também atriz Jayne Mansfield, em 1967. A décima temporada estréia em 23 de setembro lá e antes do fim do ano aqui. O mérito é, principalmente, de Dick Wolf (leia sobre ele ao lado), o roteirista que criou a marca "Law & Order" em 1990 com a primeira das séries -até hoje sendo produzida- e depois concebeu os subprodutos "Special Victims Unit" (estreada em 20 de setembro de 1999) e "Criminal Intent" (2001). Mas é também dos atores. Christopher Meloni (Elliot Stabler) e Hargitay (Olivia Benson) interpretam um par afinado de detetives sempre à beira da explosão -e que explodem várias vezes. Pedofilia para ele (pai de quatro filhos) e estupro para ela (nascida de um) são os temas mais delicados. Ah, e eles não têm um caso. Acertam muito, mas não erram pouco. Nesta terceira temporada, por exemplo, Olivia não consegue entender o que deseja um homem que ela prendeu anos antes -e era inocente- e acaba matando-o, embora ele tivesse dito que sua arma estava descarregada. Já Elliot, obcecado por um estuprador, insiste em atribuir crimes a ele, deixando que adolescentes sejam assassinadas pelo verdadeiro culpado. O íntegro capitão Donald Cragen (Dann Florek), o cético (mas nem sempre) detetive John Munch (Richard Belzer) e seu parceiro Fin Tutuola (o rapper Ice-T), que vê as coisas sob uma perspectiva sócio-racial, são decisivos para compor um tenso e cativante painel.

LEI & ORDEM: UNIDADE DE VÍTIMAS ESPECIAIS - 3ª TEMPORADA
Distribuidora: Universal
Quanto: R$ 130, em média (seis DVDs, com 23 episódios)
Classificação indicativa: não recomendado para menores de 14 anos
Avaliação : ótimo



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