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Animadores premiados inauguram festival
Anima Mundi começa com palestra de ganhadores de Oscar e Cannes
Canadense Cordell Barker e inglês Daniel Greaves comentam obras no primeiro dia da mostra em São Paulo
CLARICE CARDOSO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
No sábado à noite, Cordell
Barker chegava ao Anima
Mundi, no Rio, quando foi
abordado por um fã.
"Queria muito conhecer
você. "The Cat Came Back" teve uma enorme influência na
minha vida. É o que me fez
realmente querer ser animador", disse o fã, referindo-se
ao curta indicado ao Oscar.
A cena se repetiu algumas
vezes na semana passada,
mas a diferença, agora, era
que o admirador em questão
era o convidado de honra do
festival, Stephen Hillenburg,
criador de Bob Esponja.
O canadense é um dos destaques da 18ª edição do Festival Internacional de Animação do Brasil, que começa
amanhã em São Paulo. Ele já foi indicado a dois Oscars e ganhou
o festival de Cannes.
No começo da carreira,
disse em entrevista à Folha,
bolou um grande plano: fazer apenas três filmes. "Parecia um número válido, de
quem conquistou algo, né?,
diverte-se.
De uma canção folclórica,
nasceu "The Cat Came Back"
(o gato voltou), mas diz que
seu trabalho favorito é "Runaway" (disparada).
"É aquele com que mais
me identifico, tem uma história mais profunda que "The
Cat", aborda a ecologia já
que, independentemente da
classe em que viajam, todos
ali enfrentam o mesmo problema como se não ligassem", diz, sobre o filme que
lhe rendeu a Palma de Ouro.
RABISCOS
Do processo de criação,
curiosamente, do que Cordell menos gosta é desenhar.
"Por isso, minha preocupação é com o "timing". Meus
desenhos são tão "toscos" que
o bom "timing" é o que salva."
Já Daniel Greaves, outra
presença ilustre neste Anima
Mundi, vencedor do Oscar e
do Cartoon D'Or, ficou famoso por explorar os limites do
ato de desenhar e até já transformou em filme os rabiscos
que fez à toa em um bloco.
Em um de seus curtas mais
famosos, "Manipulation"
(manipulação), as mãos dele
aparecem cutucando, puxando e mexendo em um
personagem que desenhou.
A brincadeira com a técnica lhe rendeu outro conhecido curta, "Flatworld" (mundo achatado), com personagens feitos em papel, cortados um a um.
"Muitas vezes, a técnica
me inspira, mas nunca começo um trabalho sem que ela
se case com a ideia. Para
mim, a experimentação é o
mais importante", diz, citando "Tyger", do brasileiro Guilherme Marcondes, que também está no festival, a que
ele já assistira.
Greaves também é cofundador de uma produtora que
foi uma das primeiras a emplacar uma série em animação de sucesso no YouTube
-e a receber por isso.
"No começo, não gostamos. Outra pessoa colocou
no ar e isso é roubo. Mas aí,
vimos que já tinha sido vista
por mais de 65 milhões e percebemos que tínhamos um
fenômeno nas mãos", diz, a
respeito de "Simon's Cat".
Ainda há ingressos para os
Papos Animados que Cordell
Barker e Daniel Greaves apresentarão amanhã, respectivamente, às 19h e às 21h no
Memorial da América Latina.
A jornalista CLARICE CARDOSO viajou a
convite da organização do festival.
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