São Paulo, terça-feira, 27 de julho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Animadores premiados inauguram festival

Anima Mundi começa com palestra de ganhadores de Oscar e Cannes

Canadense Cordell Barker e inglês Daniel Greaves comentam obras no primeiro dia da mostra em São Paulo


CLARICE CARDOSO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

No sábado à noite, Cordell Barker chegava ao Anima Mundi, no Rio, quando foi abordado por um fã. "Queria muito conhecer você. "The Cat Came Back" teve uma enorme influência na minha vida. É o que me fez realmente querer ser animador", disse o fã, referindo-se ao curta indicado ao Oscar.
A cena se repetiu algumas vezes na semana passada, mas a diferença, agora, era que o admirador em questão era o convidado de honra do festival, Stephen Hillenburg, criador de Bob Esponja.
O canadense é um dos destaques da 18ª edição do Festival Internacional de Animação do Brasil, que começa amanhã em São Paulo. Ele já foi indicado a dois Oscars e ganhou o festival de Cannes. No começo da carreira, disse em entrevista à Folha, bolou um grande plano: fazer apenas três filmes. "Parecia um número válido, de quem conquistou algo, né?, diverte-se.
De uma canção folclórica, nasceu "The Cat Came Back" (o gato voltou), mas diz que seu trabalho favorito é "Runaway" (disparada).
"É aquele com que mais me identifico, tem uma história mais profunda que "The Cat", aborda a ecologia já que, independentemente da classe em que viajam, todos ali enfrentam o mesmo problema como se não ligassem", diz, sobre o filme que lhe rendeu a Palma de Ouro.

RABISCOS
Do processo de criação, curiosamente, do que Cordell menos gosta é desenhar. "Por isso, minha preocupação é com o "timing". Meus desenhos são tão "toscos" que o bom "timing" é o que salva."
Já Daniel Greaves, outra presença ilustre neste Anima Mundi, vencedor do Oscar e do Cartoon D'Or, ficou famoso por explorar os limites do ato de desenhar e até já transformou em filme os rabiscos que fez à toa em um bloco. Em um de seus curtas mais famosos, "Manipulation" (manipulação), as mãos dele aparecem cutucando, puxando e mexendo em um personagem que desenhou.
A brincadeira com a técnica lhe rendeu outro conhecido curta, "Flatworld" (mundo achatado), com personagens feitos em papel, cortados um a um. "Muitas vezes, a técnica me inspira, mas nunca começo um trabalho sem que ela se case com a ideia. Para mim, a experimentação é o mais importante", diz, citando "Tyger", do brasileiro Guilherme Marcondes, que também está no festival, a que ele já assistira.
Greaves também é cofundador de uma produtora que foi uma das primeiras a emplacar uma série em animação de sucesso no YouTube -e a receber por isso. "No começo, não gostamos. Outra pessoa colocou no ar e isso é roubo. Mas aí, vimos que já tinha sido vista por mais de 65 milhões e percebemos que tínhamos um fenômeno nas mãos", diz, a respeito de "Simon's Cat".
Ainda há ingressos para os Papos Animados que Cordell Barker e Daniel Greaves apresentarão amanhã, respectivamente, às 19h e às 21h no Memorial da América Latina.

A jornalista CLARICE CARDOSO viajou a convite da organização do festival.



Texto Anterior: Cartilha pós-dramática
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.