São Paulo, sábado, 27 de agosto de 2005

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TEATRO

"O que Eu Entendi do que o Tom Zé Disse" estréia hoje no Centro Cultural Fiesp

Poesia de Tom Zé guia criação coletiva

JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM, LOCAL

Em busca da suavização na construção do personagem, da simplicidade na expressão, dos espaços vazios, dos silêncios e da dimensão musical do corpo, os 13 atores-criadores do Núcleo Experimental do Teatro Popular do Sesi e a diretora Isabel Setti chegaram à poética de Tom Zé.
Na criação coletiva "O que Eu Entendi do que o Tom Zé Disse", que estréia hoje no mezanino do Centro Cultural Fiesp, tudo passa pelas músicas, pelo ideário e pelo imaginário do compositor.
"Fomos trabalhando com o cuidado de perceber como os nossos mecanismos de resposta ganham uma dimensão musical", diz Isabel Setti, 51, que coordenou o grupo por um ano e agora dirige a peça. "Durante esse trabalho, uma atriz fez um exercício com "Menina Jesus", do Tom Zé. A chegada da poética dele acordou em mim a idéia de que estávamos na direção do que o Tom Zé pensa. O que ele faz com a música, guardadas as proporções, se associa ao que eu vinha buscando no teatro: uma interpretação não-impostada."
Se "Menina Jesus" despertou o núcleo para a linha a ser trilhada, "São, São Paulo" e "Senhor Cidadão" contêm a essência dos personagens trabalhados na montagem. "A peça é uma crônica amorosa sobre a cidade de São Paulo. De quem habita a cidade, veste a sua máscara e à tarde sai em busca de uma aventura amorosa", diz. "A peça começa com esse absurdo da rua sugando seu sangue, sua energia, para essa penetração na sua interioridade. O personagem é qualquer pessoa, um cidadão que paga impostos, mas depende do INSS. Um indivíduo com características próprias, mas múltiplo porque está submetido às mesmas circunstâncias. Como diz uma letra do Tom Zé ["Unimultiplicidade", parceria com Ana Carolina], "todo homem é sozinho a casa da humanidade"."

Espinha dorsal
Disposto de maneira a se sentir um transeunte enquanto os personagens passam, o público é o que o Tom Zé, convidado a assistir um ensaio, chamou de a "espinha dorsal" -a carne são os atores. "O espaço é um corredor de concreto, ferro e vidro. Tiramos a informação teatral. A cenografia é a anticenografia", conta Setti.
Ao assistir à encenação, o compositor baiano reconheceu, segundo Setti, as evocações à sua obra. "Ele ficou muito comovido. Reconheceu a estrutura de "Jogos de Armar", as lavadeiras e o nascimento da sexualidade dele."


O que Eu Entendi do que o Tom Zé Disse
Quando:
qui. a sáb., às 20h30, dom., às 19h30; de hoje a 6/11
Onde: mezanino do Centro Cultural Fiesp (av. Paulista, 1.313, SP, tel. 0/xx/11/ 3146-7405)
Quanto: entrada franca (os ingressos são distribuídos uma hora antes)


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