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TEATRO
"O que Eu Entendi do que o Tom Zé Disse" estréia hoje no Centro Cultural Fiesp
Poesia de Tom Zé guia criação coletiva
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM, LOCAL
Em busca da suavização na
construção do personagem, da
simplicidade na expressão, dos
espaços vazios, dos silêncios e da
dimensão musical do corpo, os 13
atores-criadores do Núcleo Experimental do Teatro Popular do Sesi e a diretora Isabel Setti chegaram à poética de Tom Zé.
Na criação coletiva "O que Eu
Entendi do que o Tom Zé Disse",
que estréia hoje no mezanino do
Centro Cultural Fiesp, tudo passa
pelas músicas, pelo ideário e pelo
imaginário do compositor.
"Fomos trabalhando com o cuidado de perceber como os nossos
mecanismos de resposta ganham
uma dimensão musical", diz Isabel Setti, 51, que coordenou o grupo por um ano e agora dirige a peça. "Durante esse trabalho, uma
atriz fez um exercício com "Menina Jesus", do Tom Zé. A chegada
da poética dele acordou em mim
a idéia de que estávamos na direção do que o Tom Zé pensa. O que
ele faz com a música, guardadas
as proporções, se associa ao que
eu vinha buscando no teatro: uma
interpretação não-impostada."
Se "Menina Jesus" despertou o
núcleo para a linha a ser trilhada,
"São, São Paulo" e "Senhor Cidadão" contêm a essência dos personagens trabalhados na montagem. "A peça é uma crônica amorosa sobre a cidade de São Paulo.
De quem habita a cidade, veste a
sua máscara e à tarde sai em busca
de uma aventura amorosa", diz.
"A peça começa com esse absurdo da rua sugando seu sangue,
sua energia, para essa penetração
na sua interioridade. O personagem é qualquer pessoa, um cidadão que paga impostos, mas depende do INSS. Um indivíduo
com características próprias, mas
múltiplo porque está submetido
às mesmas circunstâncias. Como
diz uma letra do Tom Zé ["Unimultiplicidade", parceria com
Ana Carolina], "todo homem é sozinho a casa da humanidade"."
Espinha dorsal
Disposto de maneira a se sentir
um transeunte enquanto os personagens passam, o público é o
que o Tom Zé, convidado a assistir um ensaio, chamou de a "espinha dorsal" -a carne são os atores. "O espaço é um corredor de
concreto, ferro e vidro. Tiramos a
informação teatral. A cenografia é
a anticenografia", conta Setti.
Ao assistir à encenação, o compositor baiano reconheceu, segundo Setti, as evocações à sua
obra. "Ele ficou muito comovido.
Reconheceu a estrutura de "Jogos
de Armar", as lavadeiras e o nascimento da sexualidade dele."
O que Eu Entendi do que o Tom Zé Disse
Quando: qui. a sáb., às 20h30, dom., às
19h30; de hoje a 6/11
Onde: mezanino do Centro Cultural
Fiesp (av. Paulista, 1.313, SP, tel. 0/xx/11/
3146-7405)
Quanto: entrada franca (os ingressos
são distribuídos uma hora antes)
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