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Chico para todos
Folha leva display do compositor, em tamanho natural, para passear por SP; ele encontrou o público, ouviu elogios, críticas e até propostas de casamento
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
"É o Chico Buarque!" A frase
foi dita centenas de vezes na
tarde da última quarta-feira no
viaduto do Chá, no centro de
São Paulo. O cantor, que estréia
nesta quarta o show "Carioca"
em SP, não trocou a caminhada
na praia do Leblon (onde mora)
por passeios pelas ruas paulistanas, onde viveu e hoje está
hospedado.
Na impossibilidade de passear com Chico Buarque para
cima e para baixo pela cidade
-ele é conhecido por sua discrição-, a Folha encomendou
e levou um display em tamanho natural com a imagem do
compositor para "andar" por
São Paulo durante dois dias.
"Chico" passeou pelas ruas
dos Jardins, almoçou no badalado restaurante Ritz e fez visitas a personalidades paulistanas. Qualquer um podia abraçar e "conversar" com ele.
Mesmo se tratando de um
boneco feito de papel, o compositor ganhou elogios, pedidos de casamento e abraços calorosos por onde passou. E ainda deu canja em um show no
Sesc Vila Mariana.
"Se eu soubesse que o Chico
vinha aqui hoje, teria feito escova. Estou muito emocionada.
Passo o dia inteiro vendo modelo e hoje vejo alguém como
ele", disse Mariana Lombardi,
21, recepcionista da agência
Mega, onde "Chico" foi conhecer algumas modelos.
Até no escuro
Além de alegrar dias de trabalho, "Chico" fez com que algumas pessoas se atrasassem
na hora de voltar para casa.
Mesmo na correria da hora do
rush, o gerente de operações Silas Moraes, 35, não resistiu a
dar uma paradinha perto do
ídolo. "Vi de longe que era o
Chico. Esse homem eu reconheço até no escuro."
O ambulante Eder Alvez Rocha, ao ver "Chico" deitado
dentro do carro da reportagem
em um farol da avenida Rebouças, zona oeste, brincou: "Não
me diga que o Chico Buarque
morreu, porque aí eu paro de
trabalhar e fico de luto".
Ele encontrou amigos de longa data, como a fotógrafa Vania
Toledo, que se lembrou das rodinhas de violão com o então
estudante de arquitetura da
USP. "Eu fazia sociologia, e ele,
arquitetura. Éramos da mesma
turma. Lembro de fazer backing vocal em "Com Açúcar e
com Afeto" e de ir a festas memoráveis na casa dos pais dele."
"Chico" só se deparou com
olhares de antipatia na galeria
Ouro Fino, templo de modernos da rua Augusta. "Não gosto,
acho que ele está meio caidinho", disse Raquel Bonan, 24,
recepcionista. Jackie Oliveira,
da loja Fruta Cor, se revoltou.
"Como alguém pode não gostar
dele? Ele é inteligente e lindo."
Para provar que realmente
achava aquilo, ela se ajoelhou
no meio da galeria aos pés do
ídolo. Quer dizer, do display.
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