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Crítica
Minnelli faz musical pautado pela elegância
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Gigi" (Turner Classic Movies, 0h) é o filme mais ambíguo do mundo. Seu assunto deveria ser árido, já que Gigi é
uma jovem parisiense criada
por duas cortesãs para ser
prostituta. Eis que, em vez disso, o playboy Gaston, já meio
cansado dessa vida de playboy,
apaixona-se perdidamente por
ela.
Ninguém no filme (de 1959)
dá grande valor aos sentimentos pequeno-burgueses que
acometem Gaston, já que estamos numa Paris bem libertina.
E Maurice Chevalier comenta
a ação muito à vontade com tudo isso.
Jean Renoir já havia feito
uma ode às prostitutas, em outro musical, "French Cancan".
Este, de Vincente Minnelli, é
mais contido, já que hollywoodiano, e tem como fundamento
a elegância: tudo dizer sem nada dizer, tudo mostrar sem nada mostrar. Transformar qualquer amargor em sorriso, mas
deixar ali a sombra do amargor.
Não por acaso, o filme traz
Maurice Chevalier que, por ter
colaborado para os nazistas, vivia na maior geladeira.
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