São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 2006

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Crítica

Minnelli faz musical pautado pela elegância

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"Gigi" (Turner Classic Movies, 0h) é o filme mais ambíguo do mundo. Seu assunto deveria ser árido, já que Gigi é uma jovem parisiense criada por duas cortesãs para ser prostituta. Eis que, em vez disso, o playboy Gaston, já meio cansado dessa vida de playboy, apaixona-se perdidamente por ela.
Ninguém no filme (de 1959) dá grande valor aos sentimentos pequeno-burgueses que acometem Gaston, já que estamos numa Paris bem libertina. E Maurice Chevalier comenta a ação muito à vontade com tudo isso.
Jean Renoir já havia feito uma ode às prostitutas, em outro musical, "French Cancan". Este, de Vincente Minnelli, é mais contido, já que hollywoodiano, e tem como fundamento a elegância: tudo dizer sem nada dizer, tudo mostrar sem nada mostrar. Transformar qualquer amargor em sorriso, mas deixar ali a sombra do amargor. Não por acaso, o filme traz Maurice Chevalier que, por ter colaborado para os nazistas, vivia na maior geladeira.


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