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Novela mantém suspense até o fim
"Paraíso Tropical" caiu nas graças dos críticos, mas não empolgou uma parcela do público tradicional da telenovela
Globo elaborou um forte esquema para evitar o vazamento da identidade do assassino; gravações ainda não terminaram
DA REPORTAGEM LOCAL
"Paraíso Tropical" chega ao
último capítulo amanhã paradoxalmente como um sucesso
de crítica e um fiasco relativo
de público. A novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares
despertou a atenção até de intelectuais, mas não empolgou
parcela do público tradicional
da telenovela: o telespectador
mais humilde e interiorano.
No Ibope da Grande São Paulo (que se reflete no resto do
país), "Paraíso Tropical" será a
segunda pior novela desta década. Registrava até o capítulo
da última segunda média de
42,5 pontos. Na região, cada
ponto equivale a 55 mil casas.
A atual novela das oito só ganha de "Esperança" (2002),
que teve 38 pontos. Rompe
uma seqüência muito bem-sucedida, que começou em 2004
com "Senhora do Destino" (recordista de audiência, com 50,4
pontos) e prosseguiu com
"América" (49,4), "Belíssima"
(48,5) e "Páginas da Vida"
(46,8). Sua audiência é um fracasso relativo porque ficou
abaixo do trilho considerado
ideal pela Globo, de 45 pontos.
Mas é o programa mais visto da
TV brasileira, com pelo menos
40 milhões de telespectadores.
A história urbana da novela
foi mais bem recebida nas grandes capitais, como São Paulo e
Rio, do que no interior. Em
Campina Grande (PB), por
exemplo, foi apenas a quinta
maior audiência em maio.
"Paraíso Tropical" teve rejeição do público logo no início,
inclusive nas grandes capitais.
Pesquisas da Globo mostraram
que as donas de casa não gostaram das cenas de sexo da prostituta Bebel (Camila Pitanga)
nem da vilania desumana de
Olavo (Wagner Moura). A
união dos dois personagens (e a
censura ao sexo) acabou tornando os vilões personagens
simpáticos, a ponto de boa parte do público torcer por eles.
Além disso, a trama das gêmeas de Alessandra Negrini demorou a entrar no ar e ninguém
suspirou pelo romance de Paula, a gêmea boa, com o mocinho
Daniel (Fábio Assunção).
A novela só não teve um desempenho pior no Ibope porque as mudanças feitas logo no
final do primeiro mês de exibição interromperam a tendência de queda. No final, os autores inventaram uma troca de
identidade entre as gêmeas e
mataram a má, Taís, mas isso
não foi suficiente para recuperar a audiência que desligou o
televisor ou mudou de canal. A
novela, inclusive nesta última
semana, não conseguiu passar
da casa dos 50 pontos/capítulo.
Mesmo assim, a gravação de
suas últimas cenas segue até o
início da tarde amanhã. A Globo não chegou a montar barricadas, mas elaborou um forte
esquema para evitar o vazamento precoce da identidade
do assassino de Taís.
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