São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2008

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Fundação Bienal diz apoiar curador

Presidente do conselho afirma que "Ivo Mesquita é esperança" para o evento e põe a culpa em Manoel Pires da Costa

Mesquita nega cisão entre curadoria desta edição e fundação e diz que "sua argumentação foi aceita e não há ameaça" à mostra


FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do conselho da Fundação Bienal de São Paulo, Miguel Pereira, afirmou, ontem, que iria conversar com outros conselheiros da instituição para dar apoio às reivindicações do curador Ivo Mesquita, contra os cortes de 40% na mostra, sugeridos pelo presidente da Fundação Bienal, Manoel Francisco Pires da Costa. "Estou surpreso em saber isso pelo jornal, mas sei que a Bienal está de bolso vazio. A carta do curador tem a intensidade do chumbo, e estou inteiramente de acordo com ele. Nós só resolvemos arriscar a realização da 28ª Bienal agora, por conta do Mesquita, ele é nossa esperança", disse Pereira. Entretanto, o presidente do conselho deixa para o presidente toda a responsabilidade da mostra: "Manoel é inteiramente responsável pelo sucesso ou insucesso da 28ª Bienal, já que ele não quis sair da direção da presidência, como havia prometido a vários conselheiros."

Acordo
Foi a primeira vez que se admitiu publicamente o acordo realizado, segundo o qual Pires da Costa seria reeleito para evitar um desgaste em sua imagem, mas renunciaria alguns dias depois, deixando no lugar o ex-secretário de Cultura do Estado Marcos Mendonça, então eleito vice-presidente. Procurado pela reportagem, o presidente da Bienal não quis comentar as declarações. Os curadores Ivo Mesquita e Ana Paula Cohen enviaram, ontem, à Folha, uma carta, em tom diplomático, na qual afirmam que "não há uma cisão entre a curadoria da 28ª Bienal e a diretoria da fundação" e que "a curadoria confirma os termos do comunicado do presidente da Fundação Bienal de São Paulo publicado" ontem, no jornal. Segundo a reportagem da Folha apurou, Mesquita havia se recusado, anteontem, a assinar o comunicado junto com Pires da Costa. No texto, os curadores afirmam que "qualquer projeto da ambição de uma bienal internacional passa por ajustes e sofre perdas" e o "processo tem sido marcado pelo diálogo positivo e pelo entendimento entre as partes envolvidas". Para a dupla, "o presidente da fundação é um empresário e [...] é função do curador argumentar em favor das prioridades de um projeto cujas finalidades são muito diferentes das do mundo dos negócios", mas "a argumentação da curadoria foi aceita e respeitada, [...] não há nenhum tipo de ameaça". Ainda segundo a nota, a Bienal continuará gratuita e "todos os trabalhos encomendados estão em fase de produção, assim como as publicações e o site. Todos os profissionais necessários para esses serviços já estão contratados ou em processo de contratação".

Fischerspooner
Com um custo de US$ 350 mil, os shows do duo Fischerspooner, que contariam com a presença da companhia The Wooster Group, de Nova York, são a atração que corre maior risco até agora, segundo a Folha apurou. Faltam ainda US$ 200 mil para viabilizar a realização das performances. Para Lisette Lagnado, curadora da edição anterior, agora é "o momento do Ivo receber apoio do conselho da fundação". "Houve várias crises e dificuldades no decorrer da minha curadoria, mas sempre coloquei a instituição acima de tudo, mesmo diante de inúmeras pressões pessoais. A situação atual me parece muito pior, porque o que está em jogo é a própria realização da Bienal da maneira como foi concebida."

Folha Online
Leia íntegra da resposta de Ivo Mesquita
www.folha.com.br/082701



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