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Fundação Bienal diz apoiar curador
Presidente do conselho afirma que "Ivo Mesquita é esperança" para o evento e põe a culpa em Manoel Pires da Costa
Mesquita nega cisão entre curadoria desta edição e fundação e diz que "sua argumentação foi aceita e não há ameaça" à mostra
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do conselho da
Fundação Bienal de São Paulo,
Miguel Pereira, afirmou, ontem, que iria conversar com outros conselheiros da instituição
para dar apoio às reivindicações do curador Ivo Mesquita,
contra os cortes de 40% na
mostra, sugeridos pelo presidente da Fundação Bienal, Manoel Francisco Pires da Costa.
"Estou surpreso em saber isso pelo jornal, mas sei que a
Bienal está de bolso vazio. A
carta do curador tem a intensidade do chumbo, e estou inteiramente de acordo com ele.
Nós só resolvemos arriscar a
realização da 28ª Bienal agora,
por conta do Mesquita, ele é
nossa esperança", disse Pereira. Entretanto, o presidente do
conselho deixa para o presidente toda a responsabilidade da
mostra: "Manoel é inteiramente responsável pelo sucesso ou
insucesso da 28ª Bienal, já que
ele não quis sair da direção da
presidência, como havia prometido a vários conselheiros."
Acordo
Foi a primeira vez que se admitiu publicamente o acordo
realizado, segundo o qual Pires
da Costa seria reeleito para evitar um desgaste em sua imagem, mas renunciaria alguns
dias depois, deixando no lugar
o ex-secretário de Cultura do
Estado Marcos Mendonça, então eleito vice-presidente.
Procurado pela reportagem,
o presidente da Bienal não quis
comentar as declarações.
Os curadores Ivo Mesquita e
Ana Paula Cohen enviaram,
ontem, à Folha, uma carta, em
tom diplomático, na qual afirmam que "não há uma cisão
entre a curadoria da 28ª Bienal
e a diretoria da fundação" e que
"a curadoria confirma os termos do comunicado do presidente da Fundação Bienal de
São Paulo publicado" ontem,
no jornal. Segundo a reportagem da Folha apurou, Mesquita havia se recusado, anteontem, a assinar o comunicado
junto com Pires da Costa.
No texto, os curadores afirmam que "qualquer projeto da
ambição de uma bienal internacional passa por ajustes e sofre perdas" e o "processo tem
sido marcado pelo diálogo positivo e pelo entendimento entre as partes envolvidas".
Para a dupla, "o presidente
da fundação é um empresário e
[...] é função do curador argumentar em favor das prioridades de um projeto cujas finalidades são muito diferentes das
do mundo dos negócios", mas
"a argumentação da curadoria
foi aceita e respeitada, [...] não
há nenhum tipo de ameaça".
Ainda segundo a nota, a Bienal continuará gratuita e "todos os trabalhos encomendados estão em fase de produção,
assim como as publicações e o
site. Todos os profissionais necessários para esses serviços já
estão contratados ou em processo de contratação".
Fischerspooner
Com um custo de US$ 350
mil, os shows do duo Fischerspooner, que contariam com a
presença da companhia The
Wooster Group, de Nova York,
são a atração que corre maior
risco até agora, segundo a Folha apurou. Faltam ainda US$
200 mil para viabilizar a realização das performances.
Para Lisette Lagnado, curadora da edição anterior, agora é
"o momento do Ivo receber
apoio do conselho da fundação". "Houve várias crises e dificuldades no decorrer da minha curadoria, mas sempre coloquei a instituição acima de
tudo, mesmo diante de inúmeras pressões pessoais. A situação atual me parece muito pior,
porque o que está em jogo é a
própria realização da Bienal da
maneira como foi concebida."
Folha Online
Leia íntegra da resposta
de Ivo Mesquita
www.folha.com.br/082701
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