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"Sérgio" vê heroísmo de brasileiro morto em Bagdá
Documentário tem exibições hoje, amanhã e terça
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Há oito dias, no sexto aniversário do ataque terrorista que
matou Sérgio Vieira de Mello,
então enviado especial da ONU
ao Iraque, e 21 colegas, a sede
da entidade em Bagdá foi alvo
de novo bombardeio.
Quando Samantha Power resolveu escrever um livro sobre
o brasileiro e Greg Barker decidiu fazer um documentário baseado em sua biografia, a preocupação dos dois era a mesma:
que a memória daquele que
eles chamam de uma "mistura
de James Bond com Bobby
Kennedy" não fosse esquecida
-pois os ataques continuariam, e a guerra também.
O filme ficou pronto em janeiro, foi exibido no Festival
Sundance e hoje chega ao Brasil, no Festival do Rio (festivaldorio.com.br), que também o
exibe amanhã e terça. A Folha
falou com o diretor de "Sérgio,
um Brasileiro no Mundo":
FOLHA - Como você se envolveu
com essa história?
GREG BARKER - Eu vinha falando
com Samantha há anos, enquanto ela fazia a pesquisa para
a biografia dele, pensando se
haveria um filme sobre algum
aspecto da vida de Sérgio que
eu gostaria de fazer. Eu e ela
nos conhecíamos de um outro
filme que fiz em 2003/2004 sobre o genocídio em Ruanda, e
queríamos trabalhar juntos de
novo. Pensando mais, eu também procurava um filme que
mostrasse em um episódio o
preço da mentalidade "nós
contra eles" da gestão de George W. Bush. Como um americano que viveu no exterior a
maior parte da vida adulta, vi
em primeira mão a decadência
do prestígio dos EUA, decorrência dessa mentalidade.
FOLHA - Houve um aspecto específico da vida dele que se mostrou
mais "fílmico"?
BARKER - Um dia, em 2006, Samantha me contou detalhes do
que aconteceu naquele dia em
que uma bomba explodiu na sede da ONU em Bagdá, em 19/
8/2003. Fiquei impressionado
e vi um filme ali: que mostrasse
o drama e a espinha dorsal da
operação de busca, entremeada
com aspectos da história de
Sérgio. O drama dos soterrados
nos escombros é um microcosmo de tudo o que estava errado
com o enfoque da gestão de
Bush para o mundo, ao mesmo
tempo em que o heroísmo de
Sérgio é um contraste que me
impressiona e me inspira.
FOLHA - Qual aspecto da vida dele
mais o surpreendeu?
BARKER - Sua habilidade de circular na zona cinzenta entre o
bem e o mal, sem perder seu
otimismo nato e quase ingênuo, seu jeito relaxado e, mais
crucial, seus parâmetros morais. Ao longo do filme, ele se
tornou um herói para mim.
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