São Paulo, domingo, 27 de setembro de 2009

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"Sérgio" vê heroísmo de brasileiro morto em Bagdá

Documentário tem exibições hoje, amanhã e terça

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Há oito dias, no sexto aniversário do ataque terrorista que matou Sérgio Vieira de Mello, então enviado especial da ONU ao Iraque, e 21 colegas, a sede da entidade em Bagdá foi alvo de novo bombardeio.
Quando Samantha Power resolveu escrever um livro sobre o brasileiro e Greg Barker decidiu fazer um documentário baseado em sua biografia, a preocupação dos dois era a mesma: que a memória daquele que eles chamam de uma "mistura de James Bond com Bobby Kennedy" não fosse esquecida -pois os ataques continuariam, e a guerra também.
O filme ficou pronto em janeiro, foi exibido no Festival Sundance e hoje chega ao Brasil, no Festival do Rio (festivaldorio.com.br), que também o exibe amanhã e terça. A Folha falou com o diretor de "Sérgio, um Brasileiro no Mundo":

 

FOLHA - Como você se envolveu com essa história?
GREG BARKER -
Eu vinha falando com Samantha há anos, enquanto ela fazia a pesquisa para a biografia dele, pensando se haveria um filme sobre algum aspecto da vida de Sérgio que eu gostaria de fazer. Eu e ela nos conhecíamos de um outro filme que fiz em 2003/2004 sobre o genocídio em Ruanda, e queríamos trabalhar juntos de novo. Pensando mais, eu também procurava um filme que mostrasse em um episódio o preço da mentalidade "nós contra eles" da gestão de George W. Bush. Como um americano que viveu no exterior a maior parte da vida adulta, vi em primeira mão a decadência do prestígio dos EUA, decorrência dessa mentalidade.

FOLHA - Houve um aspecto específico da vida dele que se mostrou mais "fílmico"?
BARKER -
Um dia, em 2006, Samantha me contou detalhes do que aconteceu naquele dia em que uma bomba explodiu na sede da ONU em Bagdá, em 19/ 8/2003. Fiquei impressionado e vi um filme ali: que mostrasse o drama e a espinha dorsal da operação de busca, entremeada com aspectos da história de Sérgio. O drama dos soterrados nos escombros é um microcosmo de tudo o que estava errado com o enfoque da gestão de Bush para o mundo, ao mesmo tempo em que o heroísmo de Sérgio é um contraste que me impressiona e me inspira.

FOLHA - Qual aspecto da vida dele mais o surpreendeu?
BARKER
- Sua habilidade de circular na zona cinzenta entre o bem e o mal, sem perder seu otimismo nato e quase ingênuo, seu jeito relaxado e, mais crucial, seus parâmetros morais. Ao longo do filme, ele se tornou um herói para mim.

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