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"Uma Bienal precisa ser mais ousada"
Daniel Marenco/Folhapress
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Curador espanhol Agustín Pérez Rubio e brasileira Solange Farkas elogiam, no entanto, a montagem e os terreiros
Dupla cita artistas como Cinthia Marcelle e Jonathas de Andrade como alguns dos mais interessantes da mostra
FABIO CYPRIANO
DE SÃO PAULO
A retomada institucional
da Bienal revela-se mais importante do que o próprio
conteúdo da 29ª Bienal de
São Paulo, segundo os curadores Solange Farkas, diretora do Videobrasil e do Museu
de Arte Moderna da Bahia, e
Agustín Pérez Rubio, diretor
do Museu de Arte Contemporánea de Castilla y León.
Por quatro horas, no dia de
abertura para convidados,
na última terça-feira (portanto, antes da ação de pichador
anteontem), os curadores visitaram a mostra acompanhados da reportagem da
Folha e, ao final, fizeram um
balanço.
A conclusão: essa é uma
Bienal sem risco. "Uma Bienal precisa ser mais ousada,
funcionar como laboratório
de experimentação, e isso
não se vê aqui", disse Rubio.
Farkas, mais contida, concorda que "risco a Bienal não
tem", mas justifica no contexto histórico: "Entendo os
curadores, pois trabalharam
após o trauma da Bienal organizada pelo Ivo Mesquita", disse referindo-se à Bienal do Vazio, que teve projeto ousado, mas fracassado.
Ambos, no entanto, elogiaram a concretização da
mostra: "Após as crises, essa
Bienal é muito importante e
nota-se que a estrutura da
Fundação agora é forte e o
circuito internacional está
presente", disse Rubio.
O curador contou quantos
dos 159 artistas da Bienal estiveram na Documenta 11, de
2002, e chegou ao número de
20: "Isso mostra que há pouca pesquisa".
Farkas contemporiza: "Os
curadores tiveram menos de
um ano para organizar a Bienal; está acima da média".
O eixo da exposição -a relação entre arte e política-
também não foi consenso.
"Eles o abordaram de forma
mais poética, não tão literal.
Há obras muito boas, apesar
de eu não entender como alguns trabalhos estão aqui",
diz Farkas.
"Os curadores abriram
tanto esse espectro que ele se
tornou um poço sem fundo.
Como tema, essa Bienal não
traz nenhuma nova contribuição", disse Rubio.
TERREIROS ELOGIADOS
Contudo, a dupla elogiou a
montagem e os terreiros: "É a
primeira vez que se tem uma
expografia tão feliz, que consegue dialogar com a arquitetura de Niemeyer", afirma
Farkas. Segundo ela, "os terreiros são onde de fato se cria
uma questão política".
Para o espanhol, um dos
principais problemas é a distinção da produção dos anos
1960 e 1970 e da atual.
Apesar das críticas, ele
elogia alguns momentos da
mostra: "Há eixos mais claros, como quando Sue Tompkins é vista próxima de Mira
Schendel, ou Leonilson, próximo de Miguel Angel Rojas e
Nan Goldin. Essas contextualizações são importantes".
Se dependesse dos dois
curadores, não haveria polêmicas na 29ª Bienal, pois tanto o trabalho do argentino
Roberto Jacoby como o do
pernambucano Gil Vicente,
foram questionados: "São
obras óbvias demais, não parecem políticas e nem bem
realizadas", conclui Rubio.
PROGRAMAÇÃO HOJE
10h, 13h, 16h Programa de filmes no terreiro "A Pele do Invisível"
"Ulysse", de Agnès Varda (22min.);
"Sylvia Kristel - Paris", de Manon de Boer (40min.);
"A Letter to Uncle Boonmee", de Apichatpong Weerasethakul (17min.);
"66 Scenes from America", de Jcrgen Leth (39min.);
"Parque de la Memoria - Monumento a las Víctimas del Terrorismo de Estado", de Eduardo Feller (25min)
17h Nora Hochbaum, Florencia Battiti, Marcio Sellingman, Cecília Maria Bouças discutem as estratégias para transformar em fala coletiva a memória da ditadura na América Latina. No terreiro "Eu Sou a Rua"
18h Artista Sue Tompkins faz performance diante de seus desenhos
29ª BIENAL DE SÃO PAULO
QUANDO até 12/12
ONDE parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, portão 3, tel. 0/xx/11/5576-7600)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO livre
HORÁRIO
seg. a qua., das 9h às 19h
qui. e sex., das 9h às 22h
sáb. e dom., das 9h às 19h
(última entrada é realizada até uma hora antes do fechamento do pavilhão)
ESTACIONAMENTO
no parque, exigido talão Zona Azul (R$3 por 2 horas)
ALIMENTAÇÃO uma lanchonete funcionará no mezanino durante toda a duração da mostra
BANHEIROS em todos os pisos
CÂMERA FOTOGRÁFICA pode ser usada, desde que sem flash
MAIS INFORMAÇÕES www.29bienal.org.br
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