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Novo "Bandido" é exibido sob proibição
Roteiro de Rogério Sganzerla chega ao Festival do Rio sob disputa judicial em torno dos créditos da direção
Ícaro Martins alega ter sido excluído da finalização do filme por Helena Ignez e quer mais destaque para seu nome
ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
Mal poderia imaginar a
plateia que, a depender da
Justiça, a calorosa e aplaudida sessão de "Luz nas Trevas", na noite de sexta-feira,
no Cine Odeon, simplesmente, não teria acontecido.
Dias antes do início do Festival do Rio, a cineasta Helena Ignez fora notificada: a
exibição do filme deveria ficar suspensa até que os créditos fossem alterados.
Se descumprida a ordem,
ela teria de pagar uma multa
de R$ 3.000 diários e poderia, ainda, responder a um
processo por desobediência.
Pois Ignez não mudou nada. "E nem vou mudar", diz.
Nem com a liminar judicial?
"Ah, os juízes estão assinando qualquer coisa."
O que Ignez não deseja
mudar é a ordem de importância dos envolvidas no filme nascido do roteiro deixado por Rogério Sganzerla
(1946-2004), seu marido por
35 anos, autor de "O Bandido
da Luz Vermelha" (1968),
matriz de "Luz nas Trevas".
O que um juiz da 30ª Vara
Cível assinou é uma determinação para que Ícaro Martins, que dirigiu o filme com
Ignez, seja apresentado, nos
créditos, conforme determinava o contrato inicial.
"Antes de entrar na Justiça, tentamos, sem sucesso,
todas as formas de negociação", diz o advogado Luiz
Bueno de Aguiar, que informará, em juízo, que o filme
foi indevidamente exibido.
Ignez confirmou que os
créditos apresentados são
iguais aos levados ao Festival
de Locarno (Suíça), gota d'água da confusão autoral.
"Uma semana depois da
seleção para Locarno, recebi
um e-mail com a informação
de que os créditos seriam diferentes do combinado", diz
Martins. "A partir daí, passei
a ser excluído de tudo."
TODOS OS NOMES
Martins foi convidado a fazer parte do projeto, que retoma o bandido filmado por
Sganzerla, em 2007. As filmagens, quase todas no centro paulistano, são de 2009.
"Tenho no computador todas as discussões de roteiro",
diz. "Trabalhamos juntos.
Mas esse é, antes de tudo, um
filme do Sganzerla."
Ignez argumenta, por sua
vez, que a participação de
Martins foi meramente técnica, não criativa. "Dei a ele o
máximo que eu podia", diz.
O juiz determina, na liminar, que Ignez deixe de figurar como "idealizadora ou
controladora artística" do filme. Nos créditos, lê-se: "Um
roteiro de cinema de Rogério
Sganzerla, um filme de Helena Ignez, direção de Ícaro C.
Martins e Helena Ignez".
"Essa é a própria história
do filme. Ele [Martins] está
agindo como aquele personagem que quer sempre
mais", diz Ignez. "Mas a única coisa que poderia prejudicar o filme seria o filme não
ser bom." E divertido e bem-feito, "Luz nas Trevas" é.
A jornalista ANA PAULA SOUSA viajou a
convite do Festival do Rio
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