São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2010

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Novo "Bandido" é exibido sob proibição

Roteiro de Rogério Sganzerla chega ao Festival do Rio sob disputa judicial em torno dos créditos da direção

Ícaro Martins alega ter sido excluído da finalização do filme por Helena Ignez e quer mais destaque para seu nome

ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Mal poderia imaginar a plateia que, a depender da Justiça, a calorosa e aplaudida sessão de "Luz nas Trevas", na noite de sexta-feira, no Cine Odeon, simplesmente, não teria acontecido.
Dias antes do início do Festival do Rio, a cineasta Helena Ignez fora notificada: a exibição do filme deveria ficar suspensa até que os créditos fossem alterados.
Se descumprida a ordem, ela teria de pagar uma multa de R$ 3.000 diários e poderia, ainda, responder a um processo por desobediência.
Pois Ignez não mudou nada. "E nem vou mudar", diz. Nem com a liminar judicial? "Ah, os juízes estão assinando qualquer coisa."
O que Ignez não deseja mudar é a ordem de importância dos envolvidas no filme nascido do roteiro deixado por Rogério Sganzerla (1946-2004), seu marido por 35 anos, autor de "O Bandido da Luz Vermelha" (1968), matriz de "Luz nas Trevas".
O que um juiz da 30ª Vara Cível assinou é uma determinação para que Ícaro Martins, que dirigiu o filme com Ignez, seja apresentado, nos créditos, conforme determinava o contrato inicial.
"Antes de entrar na Justiça, tentamos, sem sucesso, todas as formas de negociação", diz o advogado Luiz Bueno de Aguiar, que informará, em juízo, que o filme foi indevidamente exibido.
Ignez confirmou que os créditos apresentados são iguais aos levados ao Festival de Locarno (Suíça), gota d'água da confusão autoral.
"Uma semana depois da seleção para Locarno, recebi um e-mail com a informação de que os créditos seriam diferentes do combinado", diz Martins. "A partir daí, passei a ser excluído de tudo."

TODOS OS NOMES
Martins foi convidado a fazer parte do projeto, que retoma o bandido filmado por Sganzerla, em 2007. As filmagens, quase todas no centro paulistano, são de 2009.
"Tenho no computador todas as discussões de roteiro", diz. "Trabalhamos juntos. Mas esse é, antes de tudo, um filme do Sganzerla."
Ignez argumenta, por sua vez, que a participação de Martins foi meramente técnica, não criativa. "Dei a ele o máximo que eu podia", diz.
O juiz determina, na liminar, que Ignez deixe de figurar como "idealizadora ou controladora artística" do filme. Nos créditos, lê-se: "Um roteiro de cinema de Rogério Sganzerla, um filme de Helena Ignez, direção de Ícaro C. Martins e Helena Ignez".
"Essa é a própria história do filme. Ele [Martins] está agindo como aquele personagem que quer sempre mais", diz Ignez. "Mas a única coisa que poderia prejudicar o filme seria o filme não ser bom." E divertido e bem-feito, "Luz nas Trevas" é.

A jornalista ANA PAULA SOUSA viajou a convite do Festival do Rio


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