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2º dia da Bienal tem nova obra pichada
Do lado de fora do pavilhão no Ibirapuera, trabalho de Kboco e Roberto Loeb teve inscrição feita em laterais
Artistas criticam mostra por isolar o trabalho; curador diz que tumulto dentro do pavilhão ocasionou descuido
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
No dia seguinte ao ataque
de um pichador à instalação
do artista Nuno Ramos no sábado, a Bienal de São Paulo
amanheceu, ontem, com outra obra pichada.
Do lado de fora do pavilhão, a estrutura construída
pelo artista Kboco, feita em
parceria com o arquiteto Roberto Loeb, teve duas faces
vandalizadas.
A inscrição "invasor" apareceu pichada sobre a pintura de Kboco, artista que começou sua carreira como
grafiteiro e depois migrou para as galerias e os museus.
"Não estou conseguindo
assimilar o que aconteceu",
disse o artista à Folha. "A
Bienal é muita adrenalina."
Kboco reclamou que sua
obra, que fica do lado de fora
do pavilhão, não teve nenhum tipo de vigilância e
que permaneceu isolada do
resto da mostra até agora.
Ele ainda não decidiu se
vai restaurar a obra ou se deixará visíveis as marcas da intervenção urbana.
"Se eu for arrumar, é algo
rápido, mas não sei se vou
querer arrumar. Não sei ainda quantificar os danos."
"Não deu para fazer uma
avaliação exata", acrescentou um dos curadores-gerais
da mostra, Agnaldo Farias,
que visitou ontem o trabalho.
"A obra é mais vulnerável
porque está do lado de fora,
mas não contávamos com isso. Estávamos tão preocupados com o que aconteceu do
lado de dentro que nos descuidamos do lado de fora."
TUMULTO NA ABERTURA
Na noite de sábado, dia em
que a Bienal foi aberta ao público, houve protestos de ambientalistas e pancadaria entre seguranças, policiais e visitantes em torno da obra de
Nuno Ramos, que mantém
três urubus vivos no vão central do prédio.
A polícia invadiu o pavilhão para conter o tumulto.
Não se sabe se Djan Ivson,
autor do ataque à instalação
de Nuno Ramos, que pichou
"libertem os urubu" numa
das estruturas de areia socada da obra, é o mesmo que
está por trás da ação que causou danos ao trabalho de
Kboco e Roberto Loeb.
"Não entendi por que não
puseram responsáveis para
guardar a obra", disse Loeb.
"Isso é responsabilidade da
Bienal, não faz sentido deixar o trabalho isolado."
Um dos seis terreiros construídos por artistas e arquitetos na Bienal, chamado de
"Dito, Não Dito, Interdito", fica do lado de fora do prédio,
inacessível aos visitantes.
Ontem, na entrada da Bienal, houve revistas mais minuciosas dos visitantes. Mas,
mesmo com os ataques, responsáveis pela segurança
disseram não ter alterado
procedimentos na entrada.
"Temos um detector de
metais que está nas mãos das
pessoas desde a abertura para convidados", afirmou
Emilio Kalil, produtor-executivo da mostra. "É a mesma
segurança desde o início."
Curadores e diretores da
Bienal devem se reunir hoje,
num encontro de emergência, para decidir o que fazer
com relação à obra de Kboco.
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