São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2007

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Mônica Bergamo

@ - bergamo@folhasp.com.br

Divulgação
"E é porque sinto meu corpo, os apertos, os lugares que coçam, os ruídos que ele faz, o calor, o frio, os sentimentos que se digladiam dentro de nós, os batimentos do coração que se aceleram, a dor de estômago, as percepções invisíveis, que eu estabeleço uma relação de interrogação e de diálogo. O corpo nos traz de volta a nós mesmos; ele não pode mentir."
JULIETTE BINOCHE,
atriz francesa em entrevista à "Playboy"


YAN CEH

"Foi uma bela aventura"

Chega às bancas de Paris, na terça-feira, 30, a surpreendente edição da "Playboy" com a atriz francesa Juliette Binoche na capa. São dois ensaios -um de moda e outro em que ela aparece nua- e mais uma entrevista com o crítico Antoine de Baecque, ex-redator-chefe da "Cahiers du Cinéma". Ainda não há previsão de publicação no Brasil. A repórter Izabela Moi, em Paris, entrevistou Yan Ceh, editor da revista francesa:

 

FOLHA - Como foram as negociações com Juliette?
YAN CEH
- Esse projeto não existia. Eu voltei para a revista há apenas três meses e meio. Rankin, um fotógrafo inglês star, fundador da revista "Dazed&Confused" e da "Another Magazine", fez uma série de fotos pra nós no último número, em outubro, com a top model Tuuli. E foi ele mesmo que falou da "Playboy" a Juliette Binoche (eles se conhecem bem) e ela achou a idéia interessante. Foi ela que acabou decidindo fazer alguma coisa conosco. Esse foi o ponto de partida dessa edição.

FOLHA - Por que dois fotógrafos e dois ensaios publicados?
YAN CEH
- Rankin fez uma série de fotos com Juliette Binoche. Mas ela não ficou muito à vontade, e assim esse ensaio acabou virando um ensaio de moda no lugar do planejado, uma série de fotos dela nua e bem sexy. Nós ficamos satisfeitos com a série moda, mas era preciso refazê-las para justificar uma foto na capa da "Playboy" -não poderíamos colocar Juliette na capa se ela não tirasse toda a roupa para a revista. Então foi ela que chamou Marianne Rosenstiehl para fazer o ensaio de nudez.

FOLHA - Onde foi o ensaio?
YAN CEH
- As duas séries de fotos foram feitas em estúdios em Paris. Para a sessão de Rankin, uma equipe inteira estava presente. A série de fotos de nudez com Marianne foi feita num ambiente mais íntimo: só as duas estavam no estúdio.

FOLHA - Essa revista sinaliza novo caminho para a edição francesa?
YAN CEH
- Foi uma bela aventura com o resultado de uma capa e dois ensaios espetaculares, fortes. Nós esperamos que esse novo direcionamento -mais glamour, mais moda, mais inteligência- seduza tanto os leitores como outras estrelas que queiram posar para nós. Atrizes, estrelas do mundo da música, top models, e que atraia também grandes fotógrafos do mundo fashion a embarcar nessa nova "Playboy" "made in France".

À mesa com as meias do "Financial Times"

"Olha eu aqui! Sou eu mesmo!", diz o inglês Nicholas Lander, 55, levantando a barra da calça e exibindo as meias cor-de-rosa para cerca de cem pessoas que assistiam à sua palestra no seminário Mesa Tendências, esta semana, em SP. Crítico de gastronomia do inglês "Financial Times", ele criou mistério em torno de sua figura: a página do jornal não traz sua foto e seu site pessoal mostra apenas a imagem de um par de sapatos pretos e meias vermelhas, que ele sempre exibe a platéias restritas, para provar que é quem é. "A meia vermelha não veio, porque já está desbotada. Mas trouxe esta aqui, para manter a marca", diz.

 

Nicholas ficou duas semanas no Brasil, entre Salvador e São Paulo, com a esposa Jancis Robinson, uma das maiores especialistas em vinho do mundo. Foram a três restaurantes na Bahia e oito em SP. A coluna os acompanhou em três deles (Emiliano, A Figueira Rubaiyat e D.O.M.), para conferir suas impressões sobre a gastronomia brasileira. Bloco de couro na mão, a cada garfada, ele fazia anotações e associava as palavras que não conhece: escreve "fish" (peixe) ao lado de "robalo", "grape" (uva) para "jabuticaba" e "potato" (batata) para tentar definir "mandioquinha".

 

"O que mais me impressionou foi o café da manhã, especialmente o do hotel na Bahia: tapioca, frutas frescas, castanha de caju, bolos...", descreve. "Também gostei de um bufê em que você paga R$ 28 e come tudo o que puder. A comida brasileira, em comparação à da Europa, não é cara." Elogia a caipirinha: "Nos últimos dois, três anos, [a bebida] virou moda em Londres, mas os ingleses fazem muito forte. Aqui é mais leve, refrescante", diz.

 

"Terrific! [extraordinário]", diz, após degustar um "robalo em crosta de pimenta de cheiro e abobrinhas caipiras", do menu degustação do Emiliano, onde jantou na terça. Dispensa a faquinha de peixe e pede uma colher, para raspar o molho. Não achou apimentado? "Não. Talvez porque eu tenha vindo da Bahia", diz. Em seguida, vem carré de cordeiro com purê de mandioquinha e molho de jabuticaba. "Tive a sorte de pegar um pedaço perfeito. Percebi que alguns dos outros [servidos aos demais integrantes da mesa] não estavam tão bem cozidos. Mas esse molho é fantástico!", diz, após "limpar" o prato e lamber a iguaria com o dedo.

 

Na quarta-feira, come feijoada pela primeira vez. "Tentam fazer na Inglaterra, mas aqui vocês têm os fornos, as carnes... você sabe disso melhor do que eu", diz. Faz dois pratos, em porções modestas. "Agora percebo o quanto a laranja e a couve são importantes como digestivos. Pensei que ficaria com o estômago desse tamanho [desenha uma barriga com as mãos], mas não aconteceu." E pede ao garçom um "digestivo alcoólico". Nada de licor, ele toma cachaça envelhecida.

Casa-grande

Depois de Guimarães Rosa e Clarice Lispector, o Museu da Língua Portuguesa fechou sua próxima exposição. Será sobre Gilberto Freyre, autor de "Casa-Grande & Senzala", no final de novembro.

ESPERANÇA
Enquanto esperava no aeroporto de Brasília um vôo para João Pessoa, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) passou na livraria e gastou R$ 84. Entre os livros adquiridos, "A Audácia da Esperança", de Barack Obama, senador de Illinois e pré-candidato democrata à presidência dos Estados Unidos.

EXCURSÃO
Sessenta arquitetos farão uma caravana para a abertura da Bienal de Arquitetura, no dia 10 de novembro, em São Paulo. Vão alugar ônibus para chegar à solenidade e entregar documento com reflexões sobre o "boom" imobiliário e a Lei Cidade Limpa.

RAP DE ELITE
A música tema do filme "Tropa de Elite", da banda Tihuana, deve ganhar nova versão a pedido de uma rádio de São Paulo. A idéia é que o ator André Ramiro, intérprete do aspirante Matias no filme, participe da regravação com um rap.

A VEZ DO MORRO
Neta de Cartola, Nilcemar Nogueira convidou o biógrafo de Clara Nunes, Vagner Fernandes, para editar sua dissertação de mestrado sobre a obra do avô. Ele deve transformar o trabalho em livro até o primeiro semestre de 2008.

NÓS DO GELO
A islandesa Björk passou a tarde de quinta-feira no morro do Vidigal, no Rio. Foi à sede do Nós do Morro, assistiu a uma peça montada pela comunidade e pediu à produção do Tim Festival para levar todos à platéia de seu show.

TESTE
A socialite americana Diana Quasha vai apresentar sua marca de "bijuterias finas" em jantar na casa de Bia Camargo, na segunda-feira. Testará o gosto das brasileiras antes de abrir uma loja no país.

CURTO-CIRCUITO

É HOJE a feira "A Rua do Livro", com barraquinhas que vendem produtos a preços populares, das 10h às 17h, na praça da Luz.
SERÁ LANÇADO HOJE o livro de contos "Meninos", de Alex Giostri, na livraria Nobel, no shopping Frei Caneca.
O CANTOR João Suplicy toca hoje no Tom Jazz canções de Elvis Presley em ritmo de bossa nova, a partir das 22h.
AMANHÃ , João Cox, presidente da Claro, Rogério Fasano, do Grupo Fasano, e Peter Gould, da BlackBerry, distribuem celulares exclusivos no Baretto para convidados.


com AUDREY FURLANETO, DIÓGENES CAMPANHA e DÉBORA BERGAMASCO


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