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Crítica
Pesquisa do autor é notável; texto, nem tanto
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Em seu livro de estréia,
Vagner Fernandes foi
um excelente repórter
e um escritor nem tanto. Seu
trabalho de pesquisa é notável,
incluindo informações sobre
Clara Nunes que só os muito
íntimos tinham. A biografia só
não é perfeita por problemas de
estilo.
O início é muito bom, pois o
jornalista foi às fontes primárias para recuperar a infância e
a adolescência de Clara. A quase qualquer custo, queria ser
artista e famosa. "Clara (...) corria para o lado que a orientavam", escreve ele. Caiu na lábia
de Carlos Imperial, flertou com
a jovem guarda e se aproximou
do anonimato eterno.
O livro ajuda a entender como uma cantora romântica
mediana se tornou a maior das
intérpretes de samba.
Além de seu talento, o caminho apontado pelo radialista
Adelzon Alves -depois substituído como produtor e marido
pelo letrista Paulo César Pinheiro- deu a ela identidade e
originalidade.
Rigoroso e contido na metade inicial, Fernandes empolga-se com essa segunda Clara e começa a se esvair em elogios,
tropeçar em clichês. "Clara era
uma explosão" é um deles.
O livro termina com a reconstituição minuciosa da cirurgia de varizes que a matou.
Grande ponto para o autor,
que, no entanto, mantém o estilo burocrático da documentação do caso ("ao ser perguntada
se..."). Mas prevalece um ótimo
trabalho de reportagem.
Avaliação: bom
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