São Paulo, segunda-feira, 27 de outubro de 2008

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32ª Mostra de SP

Após três vitórias, Brasil some da disputa na Mostra

Sob nova regra, país não emplaca concorrentes

SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre os 12 longas de ficção que concorrerão ao troféu Bandeira Paulista da 32ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, não há brasileiros.
Os finalistas foram divulgados anteontem pela organização do festival, que promoveu neste ano mudança nas regras da disputa relativas aos candidatos nacionais.
A Mostra também instituiu competições separadas entre ficções e documentários -nesta categoria competem dois títulos brasileiros (confira os concorrentes no quadro à dir.).
A alteração que atingiu a produção nacional consiste na exigência de ineditismo. Títulos brasileiros já exibidos em outros festivais ficam impedidos de participar do processo de escolha dos finalistas, que é feito por meio de voto popular.

Nova regra
Com a nova regra, apenas três ficções brasileiras estavam aptas a competir. Foram alijados da disputa, entre outros, "Feliz Natal", de Selton Mello, que teve sessões esgotadas, e "A Festa da Menina Morta", de Matheus Nachtergaele.
O documentário "Loki - Arnaldo Baptista", cuja estréia foi aplaudida de pé durante quatro minutos, foi descartado pelo mesmo critério.
As três últimas edições da Mostra foram vencidas por brasileiros. No ano passado, ganhou "O Banheiro do Papa", de César Charlone e Enrique Fernández, co-produzido com o Uruguai. "O Cheiro do Ralo", de Heitor Dhalia, venceu em 2006. Em 2005, "Cinema, Aspirinas e Urubus", de Marcelo Gomes, obteve o prêmio, quebrando jejum de vitórias brasileiras imposto desde a segunda edição do evento.
Ao divulgar os finalistas deste ano, Renata Almeida, diretora de programação da Mostra, justificou a mudança nas regras relacionadas aos títulos brasileiros da seguinte forma: "A gente pede uma première [pré-estréia] brasileira não no sentido de dar mais importância ao festival, mas no sentido de dar mais chances aos filmes. A gente quer que mais filmes sejam descobertos".
As demais regras foram mantidas. A competição pelo troféu Bandeira Paulista ocorre apenas entre novos diretores -com até dois longas no currículo. Os 12 candidatos são os que obtiveram as melhores notas ponderadas do público. Um júri oficial define o vencedor.

Júri
O júri dos longas de ficção conta com os cineastas Jorge Bodanzky (Brasil), Nicolas Klotz (França), Samira Makhmalbaf (Irã), Hugh Hudson (Inglaterra) e com o produtor alemão Meinolf Zurhorst.
Compõem o júri de documentários os cineastas Heitor Dhalia e Laís Bodanzky e o produtor Caio Gullane -todos brasileiros. Segundo o diretor da Mostra, Leon Cakoff, a organização não indica um presidente do júri, que pode defini-lo em consenso, caso queira.
A separação da disputa entre ficções e documentários motivou observações dos jurados de ficção, únicos presentes ao encontro com a imprensa anteontem. "O documentário sempre esteve à frente da ficção na produção nacional. Sempre avançou mais, em temos de inovação e linguagem", disse Bodanzky. Klotz pediu a palavra para afirmar que a constatação é válida no cenário "mundial".
Cakoff disse que a mudança objetiva ampliar a presença de documentários na disputa, que antes era restrita a dois títulos no total de concorrentes -em geral, 12 filmes. Afirmou que seria "impossível ao júri ver 18 filmes" para definir o vencedor até o encerramento da Mostra, que ocorre na próxima quinta.


O crítico da Folha Sérgio Rizzo comenta "Desierto Adentro", de Rodrigo Plá, em folha.com.br/ilustradanocinema


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