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32ª Mostra de SP
Após três vitórias, Brasil some da disputa na Mostra
Sob nova regra, país não emplaca concorrentes
SILVANA ARANTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre os 12 longas de ficção
que concorrerão ao troféu Bandeira Paulista da 32ª Mostra
Internacional de Cinema de
São Paulo, não há brasileiros.
Os finalistas foram divulgados anteontem pela organização do festival, que promoveu
neste ano mudança nas regras
da disputa relativas aos candidatos nacionais.
A Mostra também instituiu
competições separadas entre
ficções e documentários -nesta categoria competem dois títulos brasileiros (confira os
concorrentes no quadro à dir.).
A alteração que atingiu a produção nacional consiste na exigência de ineditismo. Títulos
brasileiros já exibidos em outros festivais ficam impedidos
de participar do processo de escolha dos finalistas, que é feito
por meio de voto popular.
Nova regra
Com a nova regra, apenas
três ficções brasileiras estavam
aptas a competir. Foram alijados da disputa, entre outros,
"Feliz Natal", de Selton Mello,
que teve sessões esgotadas, e "A
Festa da Menina Morta", de
Matheus Nachtergaele.
O documentário "Loki - Arnaldo Baptista", cuja estréia foi
aplaudida de pé durante quatro
minutos, foi descartado pelo
mesmo critério.
As três últimas edições da
Mostra foram vencidas por
brasileiros. No ano passado, ganhou "O Banheiro do Papa", de
César Charlone e Enrique Fernández, co-produzido com o
Uruguai. "O Cheiro do Ralo", de
Heitor Dhalia, venceu em
2006. Em 2005, "Cinema, Aspirinas e Urubus", de Marcelo
Gomes, obteve o prêmio, quebrando jejum de vitórias brasileiras imposto desde a segunda
edição do evento.
Ao divulgar os finalistas deste ano, Renata Almeida, diretora de programação da Mostra,
justificou a mudança nas regras
relacionadas aos títulos brasileiros da seguinte forma: "A
gente pede uma première [pré-estréia] brasileira não no sentido de dar mais importância ao
festival, mas no sentido de dar
mais chances aos filmes. A gente quer que mais filmes sejam
descobertos".
As demais regras foram mantidas. A competição pelo troféu
Bandeira Paulista ocorre apenas entre novos diretores
-com até dois longas no currículo. Os 12 candidatos são os
que obtiveram as melhores notas ponderadas do público. Um
júri oficial define o vencedor.
Júri
O júri dos longas de ficção
conta com os cineastas Jorge
Bodanzky (Brasil), Nicolas
Klotz (França), Samira Makhmalbaf (Irã), Hugh Hudson
(Inglaterra) e com o produtor
alemão Meinolf Zurhorst.
Compõem o júri de documentários os cineastas Heitor
Dhalia e Laís Bodanzky e o produtor Caio Gullane -todos
brasileiros. Segundo o diretor
da Mostra, Leon Cakoff, a organização não indica um presidente do júri, que pode defini-lo em consenso, caso queira.
A separação da disputa entre
ficções e documentários motivou observações dos jurados de
ficção, únicos presentes ao encontro com a imprensa anteontem. "O documentário sempre
esteve à frente da ficção na produção nacional. Sempre avançou mais, em temos de inovação e linguagem", disse Bodanzky. Klotz pediu a palavra
para afirmar que a constatação
é válida no cenário "mundial".
Cakoff disse que a mudança
objetiva ampliar a presença de
documentários na disputa, que
antes era restrita a dois títulos
no total de concorrentes -em
geral, 12 filmes. Afirmou que
seria "impossível ao júri ver 18
filmes" para definir o vencedor
até o encerramento da Mostra,
que ocorre na próxima quinta.
O crítico da Folha Sérgio Rizzo comenta "Desierto Adentro", de Rodrigo Plá, em folha.com.br/ilustradanocinema
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