São Paulo, sexta-feira, 27 de dezembro de 2002

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MÚSICA/LANÇAMENTO

Cantor lança CD com standards jazzísticos; produtor é Clive Davis, o mesmo que "recuperou" Santana

Rod Stewart esquece o rock cantando jazz

EDSON FRANCO
EDITOR DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO

Entressafra criativa, falta de boas composições novas, apostar no certo. Várias são as razões que levam astros do pop a gravar um disco com standards jazzísticos. Deu certo com Linda Ronstadt nos anos 80, com Brian Ferry nos 90, e agora chegou a vez do britânico Rod Stewart, 57.
Em seu mais recente CD, "It Had to Be You... the Great American Songbook", o dono da voz rouca que imortalizou hits como "Maggie May" e "Tonight's the Night" explora um repertório que poderia estar na contracapa de um disco de Frank Sinatra.
"Quando era criança, essas eram as músicas que minha família cantava nas festas. Sempre quis gravá-las, mas só agora tive a coragem e o apoio de uma gravadora e do produtor Clive Davis [o homem por trás de "Supernatural", CD que recolocou Santana no mapa pop"", escreveu o cantor em entrevista, por e-mail, à Folha.
E o dedo do produtor aparece em tudo o que emana do álbum. Além de ter participado da escolha do repertório, Davis optou por deixar os arranjos mais uniformes e amistosos para ouvidos pouco acostumados com a dinâmica característica do jazz.
"Essa foi uma sugestão dele, e eu concordei. E parece que ele estava certo", reforça o cantor, para quem o fato de ter gravado um CD só com músicas antigas não representa necessariamente a falta de bom material recente.
"Eu acredito que há alguns compositores que você irá ouvir para sempre, como Elton John, Bernie Taupin e Bruce Springsteen. Espero que uma ou duas músicas minhas também sejam tocadas no futuro."

Rock
Roqueiro das antigas, o cantor revela que não foi problema nenhum adaptar seu canto a um repertório mais refinado. "Nem precisei praticar. É fácil cantar essas músicas."
Horas passadas diante de um aparelho de som teriam, na opinião dele, tornado a tarefa menos árdua: "Não frequento apenas lugares roqueiros. Sempre ouvi canções como essas e as adoro. Durante toda a minha vida escutei gente como Billie Holiday".
Hoje, ele diz que frequentam o seu toca-CDS trabalhos de gente como Sam Cooke, Ella Fitzgerald e Temptations.
O redirecionamento de carreira não significa que, nas turnês futuras, o cantor deixará de fora os clássicos de seu repertório.
Além disso, conta que canções como "Maggie May" vão continuar soando como sempre foram, ou seja, não serão adaptadas ao atual formato jazzístico.

Bandas demais
Assim, há esperança no futuro do rock? "Há grupos bons por aí. Um exemplo é o Coldplay. O problema é que há bandas demais, o que torna difícil para que um novato venha à superfície hoje. Parece que todo mundo quer ser uma estrela instantânea do rock."
Stewart afirma que, devido ao fato de ainda não ter estreado a turnê de suporte ao álbum, desconhece a reação dos seus fãs mais antigos. Ele conta também que não sabe se, caso a turnê aconteça, ela chegará ao Brasil. "Adoraria ir tocar aí. Faça-me uma oferta."


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