São Paulo, terça-feira, 27 de dezembro de 2005

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MEMÓRIA

A professora emérita da USP e crítica de arte foi referência para várias gerações; seu corpo foi cremado ontem em SP

Ensaísta Gilda de Mello e Souza morre aos 86

DA REPORTAGEM LOCAL

A professora de estética da USP, ensaísta e crítica de arte Gilda de Mello e Souza, uma referência para várias gerações de intelectuais brasileiros, morreu às 15h15 do último domingo, aos 86 anos. Segundo a família, estava internada no Hospital Albert Einstein havia cerca de duas semanas, onde também ocorreu o velório. Seu corpo foi cremado na manhã de ontem, no Crematório da Vila Alpina.
Nascida em São Paulo em 24 de março de 1919, Gilda de Mello e Souza era casada desde 1943 com Antonio Candido, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Ela deixa três filhas: Marina, Laura e Ana Luísa. A causa da morte foi embolia pulmonar, mas ela já tinha complicações neurológicas havia três anos.
Ela se formou em filosofia na própria USP, em 1939. Em 1941, participou da criação da revista "Clima". Entre suas principais obras estão "O Tupi e o Alaúde" (1979), um dos trabalhos centrais sobre Mário de Andrade, e "O Espírito das Roupas", uma análise estética, psicológica e sociológica sobre a moda no século 19. Este ano, ela publicou "A Idéia e o Figurado" (ed. 34/Livraria Duas Cidades), que reúne sua produção crítica mais recente, com ensaios sobre Mário de Andrade e Fred Astaire, entre outros temas.
A seguir, professores e críticos ouvidos pela Folha falam sobre a importância de Gilda de Mello e Souza:

 

Franklin de Mattos, professor titular de filosofia na USP - "Estou muito abalado. Ela foi uma extraordinária e fina ensaísta. Teve vários ensaios importantes. Como professora do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, teve uma influência grande na formação de várias pessoas como Otília Arantes, Jorge Coli, Nelson Aguilar, José Miguel Wisnick e eu mesmo."

Modesto Carone, escritor e tradutor - "A morte de Gilda de Mello e Souza representou uma perda muito séria tanto do ponto de vista subjetivo como no plano da cultura paulista e brasileira. Dona Gilda foi uma professora de estética muito querida pelos seus alunos da USP. Foi também uma ensaísta de qualidade excepcional -basta lembrar "O Espírito das Roupas" e "O Tupi e o Alaúde'-, além de uma escritora exemplar, cujo estilo (inclusive o dos contos) vem de longe, da geração "Clima", à qual pertenceram Antonio Candido, Paulo Emílio Salles Gomes, Décio de Almeida Prado e tantos outros que marcaram fundo nossa vida intelectual."

José Mindlin, empresário e bibliófilo - "Fomos amigos de uma vida inteira. É um casal extraordinário, um à altura do outro, ela e Antonio Candido. Parece lugar-comum falar em perda irreparável para literatura, mas é disto que se trata quando pensamos em sua competência como crítica literária."


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