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Memória
Sexy, Eartha Kitt era fetiche dos palcos norte-americanos
Para o cineasta Orson Welles, cantora era "a mulher mais excitante do mundo"
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Os palcos norte-americanos
perderam anteontem um de
seus mais significantes fetiches. A cantora e atriz Eartha
Kitt morreu aos 81 anos, e, mesmo na terceira idade, continuava a receber da imprensa adjetivos como "sexy" e "sedutora".
Não por acaso, seu lugar na
cultura pop está assegurado como a Mulher-Gato por excelência -ela substituiu Julie Newmar no papel na série de TV
"Batman", na década de 1960, e,
no final da vida, ainda fazia o
célebre "miau" em suas entrevistas televisivas.
Kitt publicou três livros de
memórias: "Thursday's Child"
(1956), "Alone with Me" (1975)
e "I'm Still Here: a New Biography" (1989), em que conta
ser filha de uma descendente
de índios cherokee e negros,
que havia sido estuprada por
um branco de sangue germânico e holandês, em uma fazenda
de algodão da Carolina do Sul.
Teria sido isso mesmo?
O importante é a mudança da
zona rural para Nova York, aos
oito anos, e seu crescimento em
uma área multicultural do Harlem, onde Kitt desenvolveu os
múltiplos talentos que a ajudariam mais tarde: dança na High
School for Performing Arts,
canto na igreja, aulas de piano
na vizinhança.
Aos 16 anos, veio a grande
chance: uma bolsa para estudar
dança com Katherine Dunham,
que a incorporou imediatamente à sua companhia.
Daí veio a estréia cinematográfica, em "Casbah" (1948), e a
decisão de se radicar em Paris,
em 1950, como cantora de cabaré. Os europeus adoraram a
beleza "exótica" da cantora, e
seus anos por lá só fizeram
aperfeiçoar o domínio do idioma francês, como pode ser visto em sua interpretação de
"C'Est Si Bon".
Uma das primeiras negras a
se tornarem símbolo sexual nos
EUA, foi chamada de "a mulher
mais excitante do mundo" por
Orson Welles, que a escolheu
para encarnar ninguém menos
que Helena de Tróia em "Time
Runs" (1950), sua adaptação do
"Fausto", de Goethe.
Na onda da disco, sua canção
de maior êxito foi "Where Is
My Man", de 1984, mas a reputação póstuma desta vencedora
de um Grammy e dois Emmy
parece fadada a repousar sobre
standards como "Let's Do It",
"Love For Sale" e "Just An Old
Fashioned Girl".
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