São Paulo, sábado, 27 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Memória

Sexy, Eartha Kitt era fetiche dos palcos norte-americanos

Para o cineasta Orson Welles, cantora era "a mulher mais excitante do mundo"

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os palcos norte-americanos perderam anteontem um de seus mais significantes fetiches. A cantora e atriz Eartha Kitt morreu aos 81 anos, e, mesmo na terceira idade, continuava a receber da imprensa adjetivos como "sexy" e "sedutora".
Não por acaso, seu lugar na cultura pop está assegurado como a Mulher-Gato por excelência -ela substituiu Julie Newmar no papel na série de TV "Batman", na década de 1960, e, no final da vida, ainda fazia o célebre "miau" em suas entrevistas televisivas.
Kitt publicou três livros de memórias: "Thursday's Child" (1956), "Alone with Me" (1975) e "I'm Still Here: a New Biography" (1989), em que conta ser filha de uma descendente de índios cherokee e negros, que havia sido estuprada por um branco de sangue germânico e holandês, em uma fazenda de algodão da Carolina do Sul. Teria sido isso mesmo?
O importante é a mudança da zona rural para Nova York, aos oito anos, e seu crescimento em uma área multicultural do Harlem, onde Kitt desenvolveu os múltiplos talentos que a ajudariam mais tarde: dança na High School for Performing Arts, canto na igreja, aulas de piano na vizinhança.
Aos 16 anos, veio a grande chance: uma bolsa para estudar dança com Katherine Dunham, que a incorporou imediatamente à sua companhia.
Daí veio a estréia cinematográfica, em "Casbah" (1948), e a decisão de se radicar em Paris, em 1950, como cantora de cabaré. Os europeus adoraram a beleza "exótica" da cantora, e seus anos por lá só fizeram aperfeiçoar o domínio do idioma francês, como pode ser visto em sua interpretação de "C'Est Si Bon".
Uma das primeiras negras a se tornarem símbolo sexual nos EUA, foi chamada de "a mulher mais excitante do mundo" por Orson Welles, que a escolheu para encarnar ninguém menos que Helena de Tróia em "Time Runs" (1950), sua adaptação do "Fausto", de Goethe.
Na onda da disco, sua canção de maior êxito foi "Where Is My Man", de 1984, mas a reputação póstuma desta vencedora de um Grammy e dois Emmy parece fadada a repousar sobre standards como "Let's Do It", "Love For Sale" e "Just An Old Fashioned Girl".


Texto Anterior: Vitrine
Próximo Texto: Cinema: Fox ganha distribuição de "Watchmen"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.