|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mercado francês cresce há nove anos
DO ENVIADO A ANGOULÊME
Quando se rasgam de elogios
para os quadrinhos (ou "bande
dessinée") na França, os artistas
brasileiros não estão apenas vendendo o próprio peixe. Com 3.070
títulos publicados em 2004, o
mercado de quadrinhos francês,
conhecido por seus álbuns de capa dura, ricamente coloridos,
mostrou um crescimento de
21,5% em 2003. E a tendência de
crescimento não é de hoje: já acumula nove anos.
É dentro desse cenário que a pequena vila de Angoulême, situada
no noroeste da França, sedia desde ontem a 32ª edição de seu Festival International de la Bande
Dessinée, evento que já recebeu
os maiores nomes do quadrinho
internacional, incluindo Hergé,
Will Eisner, Osamu Tezuka, entre
muitos outros.
Neste ano, participam do evento, que vai até o dia 30, nomes como Art Spiegelman, Milo Manara, David Lloyd, Craig Thompson
e o quadrinista francês do momento, Zep, de "Titeuf".
"Contrariamente a outros encontros americanos ou japoneses,
em que os interesses econômicos
prevalecem, nos esforçamos por
uma abordagem essencialmente
cultural e artística das HQs", afirmou à Folha Benoît Mouchart,
diretor-artístico do festival.
Segundo ele, o bom desempenho do setor no país se deve ao
tratamento dado às histórias.
"Desde os anos 60, os quadrinhos
foram se destacando das revistas e
e sendo recolhidos em álbuns, o
que favorece a coleção e a leitura.
Criou-se uma tradição mais semelhante à dos livros de literatura", explica.
Ainda assim, a HQ francesa,
bem como toda a européia, vive
um momento de contradições.
Apesar do aumento nas vendas,
cada vez mais os quadrinhos japoneses vêm roubando o espaço
dos álbuns europeus.
"Os leitores, sobretudo os mais
jovens, se acostumam com os
quadrinhos graças aos mangás,
com suas histórias mais longas e
publicadas em preto-e-branco",
argumenta Mouchart, que destaca ainda, para além da influência
cultural, o peso que o gênero tem
no mercado francês. "Atualmente, o mangá e o manwha [a HQ coreana] já representam 30% do volume de negócios de algumas editoras francesas."
Sintoma disso é que, neste ano,
Angoulême terá um pavilhão inteiro apenas dedicado aos quadrinhos orientais.
(DA)
Texto Anterior: Saiba mais: Ponte entre Brasil e França começou na década de 70 Próximo Texto: Música: Krall toca intimismo do jazz em casa lotada Índice
|