São Paulo, sexta-feira, 28 de janeiro de 2005

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Mercado francês cresce há nove anos

DO ENVIADO A ANGOULÊME

Quando se rasgam de elogios para os quadrinhos (ou "bande dessinée") na França, os artistas brasileiros não estão apenas vendendo o próprio peixe. Com 3.070 títulos publicados em 2004, o mercado de quadrinhos francês, conhecido por seus álbuns de capa dura, ricamente coloridos, mostrou um crescimento de 21,5% em 2003. E a tendência de crescimento não é de hoje: já acumula nove anos.
É dentro desse cenário que a pequena vila de Angoulême, situada no noroeste da França, sedia desde ontem a 32ª edição de seu Festival International de la Bande Dessinée, evento que já recebeu os maiores nomes do quadrinho internacional, incluindo Hergé, Will Eisner, Osamu Tezuka, entre muitos outros.
Neste ano, participam do evento, que vai até o dia 30, nomes como Art Spiegelman, Milo Manara, David Lloyd, Craig Thompson e o quadrinista francês do momento, Zep, de "Titeuf".
"Contrariamente a outros encontros americanos ou japoneses, em que os interesses econômicos prevalecem, nos esforçamos por uma abordagem essencialmente cultural e artística das HQs", afirmou à Folha Benoît Mouchart, diretor-artístico do festival.
Segundo ele, o bom desempenho do setor no país se deve ao tratamento dado às histórias. "Desde os anos 60, os quadrinhos foram se destacando das revistas e e sendo recolhidos em álbuns, o que favorece a coleção e a leitura. Criou-se uma tradição mais semelhante à dos livros de literatura", explica.
Ainda assim, a HQ francesa, bem como toda a européia, vive um momento de contradições. Apesar do aumento nas vendas, cada vez mais os quadrinhos japoneses vêm roubando o espaço dos álbuns europeus.
"Os leitores, sobretudo os mais jovens, se acostumam com os quadrinhos graças aos mangás, com suas histórias mais longas e publicadas em preto-e-branco", argumenta Mouchart, que destaca ainda, para além da influência cultural, o peso que o gênero tem no mercado francês. "Atualmente, o mangá e o manwha [a HQ coreana] já representam 30% do volume de negócios de algumas editoras francesas."
Sintoma disso é que, neste ano, Angoulême terá um pavilhão inteiro apenas dedicado aos quadrinhos orientais. (DA)


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