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TELEVISÃO
Crítica
Wenders confronta interferência de Coppola
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Que a passagem pelos Estados Unidos afetou Wim Wenders, afetou.
É como se todo um mundo
sonhado, a América, o cinema
americano, ruísse ao fazer
"Hammett", justamente tendo
Coppola, outro artista, como
produtor. Mas, talvez justamente por isso, Coppola foi um
produtor interferente.
No meio dos confrontos entre os dois é que o alemão faz
"O Estado das Coisas" (TC
Cult, 17h55; 18 anos), em que
uma equipe de filmagem fica
sem ação (e sem dinheiro),
quando o filme que está fazendo é confiscado.
Não fica mal em Wenders esse tipo de problema: é a chance
que tem de vagar, de olhar as
coisas sem um fim imediato
-só olhar, passar por elas. É o
que sempre fez de melhor,
aliás.
Daí as virtudes desse filme
feito em Lisboa, em que convoca Samuel Fuller e Roger Corman como atores. Fuller, o rebelde por excelência; Corman,
o rei da despretensão. Ambos
representam o inverso do que
podia significar Coppola para
Wenders naquele momento.
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