São Paulo, sexta-feira, 28 de fevereiro de 2003 |
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Homens de preto
LÚCIO RIBEIRO DA REPORTAGEM LOCAL O mercado brasileiro de discos pop foi literalmente iluminado nesta semana, quando começou a aparecer nas prateleiras das lojas um disco preto, com uma figura vermelha esquisita e uma série de seis lâmpadas acesas. Está escrito na capa. Interpol. "Turn on the Bright Lights" (Acenda as luzes radiantes). Mais uma banda nova a sair da prolífica cena de Nova York, o Interpol exatamente não é apenas mais uma banda a sair da prolífica cena de Nova York. Em que pese seus curtos quatro anos de fundação e o fato de ter "aparecido" mesmo no ano passado, o tal grupo pode ser considerado como um velho conhecido de quem ouve rock pelo menos desde os anos 80. Dentre todas essas bandas do novo rock que parecem com alguma coisa boa já ouvida no passado, o Interpol é o exemplo mais forte. Bote para tocar qualquer música deste disco de estréia do quarteto nova-iorquino e logo saltará aos ouvidos os melhores momentos do pós-punk inglês. Longe de representar demérito, o som do Interpol tem o gás do U2 quando novo, é sombrio como o New Order do começo, resgata o clima "no future" do Magazine e, mais latente, é assombrado pela melancolia vocal de Ian Curtis, mártir do Joy Division. A Folha encontrou Daniel Kessler, fundador e guitarrista da banda, por telefone, em Portland, na semana passada. O Interpol não pára de tocar desde 2001, mas tudo "piorou" em agosto de 2002, quando o maravilhoso "Turn on the Bright Lights", álbum de estréia do grupo, foi lançado lá fora. E a banda só vai descer do palco e guardar seus ternos em abril, na França, daqui a 40 shows. O Interpol é famoso por se apresentar a rigor. O baterista da banda é também dono de badalado brechó em Williamsburg, Brooklyn, o atual bairro mais hypado do mundo. Sobre o Interpol, os ternos, o disco e Nova York, Kessler disse: A banda - "O Interpol nasceu na
NY University, entre 98/99. Sempre toquei guitarra e queria formar uma banda para ter algum
prazer enquanto não estivesse em
aula. Quando dei por mim, estava
pedindo demissão de meu emprego para sair em turnê." O disco - "É o nosso primeiro
CD, e é difícil saber realmente o
que você quer logo de cara. Acho
que ele captou uma atmosfera
bem intensa, algo perto do que
desejávamos. É bem melódico e
não superproduzido, porque nós
mesmos o fizemos. Acabou saindo também um disco temático sobre amor perdido, mas não sei por que claramente." Os ternos - "Não é uma determinação interna. Quando conheci
os outros caras, todos já se vestiam assim. Uns vestem camisetas, outros tocam com capas. Nós
gostamos de gravatas coloridas." Joy Division - "[A comparação]
Não me incomoda. É uma banda
que gostamos, mas confesso que
não sou tão conhecedor de Joy Division. Se é que nosso som parece
com o de alguma banda, diria que
tem elementos do Echo & the
Bunnymen." Cena de Nova York - "A cidade
aconteceu de ter, ao mesmo tempo, um número grande de bandas
boas e de diversos estilos. Mas diferente do que sugerem, aqui não
há um senso de comunidade musical. Adoro Strokes, Yeah Yeah
Yeahs, Walkmen. Conheço pessoas dessas bandas, mas não são
meus melhores amigos. O Interpol é mais uma banda de NY do
que da cena de NY." |
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