São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

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Da Vinci blockbuster

Exposição na Oca, "para toda a família", reúne réplicas de obras e inventos do artista

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Há duas grandes exposições "blockbuster" circulando pelo mundo, coincidentemente as duas irão ocorrer no mesmo local no Brasil", afirma Bruce Peterson, responsável por "Leonardo da Vinci - A Exibição de um Gênio", que é aberta, hoje, para convidados, junto com "Corpo Humano: Real e Fascinante", ambas na Oca, no parque Ibirapuera. O encontro não deixa de fazer algum sentido: os trabalhos de Da Vinci com base em estudos de anatomia constituem um elo entre as duas mostras, também unidas por um sentido "científico" mais genérico.
A mostra sobre o artista do Renascimento ocorre depois de o livro "O Código Da Vinci", de Dan Brown, ter se tornado um fenômeno global, atraindo milhões de leitores e gerando inúmeros seguidores. O livro já ganhou também uma versão para o cinema.
A exposição de Da Vinci na Oca parece seguir à risca o texto clássico "A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica", do pensador alemão Walter Benjamin, já que ali nada é original. A mostra é composta por cópias e réplicas, algumas até em tamanho distinto do original, como "A Última Ceia", uma das obras-primas de Da Vinci (1452-1519), que será vista em escala reduzida.
"Nossa intenção é mostrar a genialidade dele de uma maneira mais ampla, não apenas a artística, para que todo visitante possa compreendê-lo, seja uma criança de dez anos ou um adulto. É uma exposição para toda a família, tanto o pai que gosta de máquinas como a criança que gosta de brinquedos", diz Peterson à Folha.
Peterson é o pai da mostra. Formado em fisiologia, sua carreira acabou indo para a área do marketing, produzindo torneios de tênis na Austrália, sua terra natal. Seu primeiro contato com Da Vinci foi recente, quando teve a idéia de montar uma mostra só com as máquinas projetadas pelo artista, o que ocorreu em Melbourne no ano passado.
"É muito difícil para uma pessoa comum ver tudo o que existe de Da Vinci, pois as obras dele estão espalhadas por muitos museus. O seguro para reunir essas obras seria enorme, tornando impossível o projeto. Por isso, é mais fácil construir réplicas", diz Peterson.

Desenhos e máquinas
Depois de Melbourne, o projeto cresceu. Mas, em meio a desenhos, estudos anatômicos e até uma animação tridimensional sobre a "Última Ceia", as 150 réplicas de máquinas ainda são o centro da mostra.
"Não se trata de algo com sentido acadêmico, até porque há muita discordância entre pesquisadores. Meu objetivo não é tanto fazer as crianças que visitam a exposição olhar para o passado, mas estimulá-las à criatividade, incentivá-las a sair com vontade de se tornarem gênios também."
Para tanto, a exposição foi estruturada seguindo quatro princípios, segundo seu organizador: ela deveria ser interativa, educativa, universal na compreensão e ter uma dimensão de entretenimento.
As duas mostras inauguradas hoje são produzidas pela CIE (Corporação Interamericana de Entretenimento), multinacional de diversão com sede no México que, no Brasil, é responsável por diversas casas de espetáculo e, recentemente, introduziu a produção de grandes musicais na cidade, como "O Fantasma da Ópera". Essas são a segunda incursão da CIE na área expositiva. A primeira foi o fiasco "Corpos Pintados", exibida em 2005.
O que Benjamim (1892-1940) não previa é que, mesmo sem obras originais, apenas o nome do artista poderia fazer surgir exposições como essa. Mas, se existem serviços bancários chamados Van Gogh e carros Picasso, ao menos a exposição paga tributo à produção do nome que deve levar milhares de pessoas a ver suas obras no parque Ibirapuera.


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