São Paulo, sábado, 28 de fevereiro de 2009

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Mandato de maestro será de dois anos

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Yan Pascal Tortelier assume a direção da Osesp no desfecho da maior crise interna desde sua criação, em 1954. Ele substitui o maestro John Neschling, que passou a dirigir a orquestra em 1997 e deu a ela um padrão de excelência inédito entre as sinfônicas brasileiras.
Neschling estava desde 2007 em rota de colisão com o Conselho da Fundação Osesp, com a Secretaria da Cultura do Estado e com o governador José Serra. Um dos integrantes do conselho comunicou a ele que seu contrato não seria renovado a partir de outubro de 2010.
Em dezembro do ano passado, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", o maestro qualificou de "irresponsável" a forma como era conduzida sua sucessão. Ao mesmo tempo, o conselho passou a suspeitar que Neschling estimulava o movimento por sua permanência, que cresceu entre frequentadores da Sala São Paulo.
Segundo Fernando Henrique Cardoso, presidente do conselho, a sucessão estava atrapalhada porque o diretor artístico dizia publicamente que ela não daria certo.
Tortelier foi contatado pelo conselho nos primeiros dias de janeiro. No dia 12, FHC encontrou-se em Londres com o maestro que se tornaria regente principal por dois anos, numa espécie de mandato-tampão, até a escolha de um novo diretor artístico, a partir da temporada de 2011. Em 21 de janeiro, um dos integrantes do conselho, o embaixador Rubens Barbosa, foi encarregado de comunicar a Neschling que ele estava demitido. Horas depois, um e-mail de FHC confirmava a demissão.
Antes de Neschling, a Osesp tinha a reputação de uma sinfônica de segunda linha, mesmo sob o comando, por 23 anos, de Eleazar de Carvalho, um dos grandes da regência brasileira, que foi no entanto desprestigiado pelos sucessivos governos estaduais que se recusavam a pagar aos músicos salários compatíveis.
Em 1997, Neschling demitiu todos os músicos, obrigou os que quisessem ser recontratados a se submeter a um novo concurso, no qual os aprovados passaram a receber salário cinco vezes maior. (JBN)


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