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Mandato de maestro será de dois anos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Yan Pascal Tortelier assume a direção da Osesp no
desfecho da maior crise interna desde sua criação, em
1954. Ele substitui o maestro
John Neschling, que passou
a dirigir a orquestra em 1997
e deu a ela um padrão de excelência inédito entre as sinfônicas brasileiras.
Neschling estava desde
2007 em rota de colisão com
o Conselho da Fundação
Osesp, com a Secretaria da
Cultura do Estado e com o
governador José Serra. Um
dos integrantes do conselho
comunicou a ele que seu contrato não seria renovado a
partir de outubro de 2010.
Em dezembro do ano passado, em entrevista ao jornal
"O Estado de S. Paulo", o
maestro qualificou de "irresponsável" a forma como era
conduzida sua sucessão. Ao
mesmo tempo, o conselho
passou a suspeitar que Neschling estimulava o movimento por sua permanência,
que cresceu entre frequentadores da Sala São Paulo.
Segundo Fernando Henrique Cardoso, presidente do
conselho, a sucessão estava
atrapalhada porque o diretor
artístico dizia publicamente
que ela não daria certo.
Tortelier foi contatado pelo conselho nos primeiros
dias de janeiro. No dia 12,
FHC encontrou-se em Londres com o maestro que se
tornaria regente principal
por dois anos, numa espécie
de mandato-tampão, até a
escolha de um novo diretor
artístico, a partir da temporada de 2011. Em 21 de janeiro, um dos integrantes do
conselho, o embaixador Rubens Barbosa, foi encarregado de comunicar a Neschling
que ele estava demitido. Horas depois, um e-mail de
FHC confirmava a demissão.
Antes de Neschling, a
Osesp tinha a reputação de
uma sinfônica de segunda linha, mesmo sob o comando,
por 23 anos, de Eleazar de
Carvalho, um dos grandes da
regência brasileira, que foi
no entanto desprestigiado
pelos sucessivos governos
estaduais que se recusavam a
pagar aos músicos salários
compatíveis.
Em 1997, Neschling demitiu todos os músicos, obrigou
os que quisessem ser recontratados a se submeter a um
novo concurso, no qual os
aprovados passaram a receber salário cinco vezes
maior.
(JBN)
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